Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 09 de Fevereiro de 2013

    A escolha de Sofia

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    Em matéria de produção de petróleo, a cada dia se aprofunda o fosso entre a prometida autossuficiência de petróleo e derivados, assegurada pelo então presidente Lula e o atual déficit comercial da Petrobrás, o maior desde 1995, com previsões à beira dos U$ 12 bilhões de dólares.

    Em 2009, durante os festejos da 187ª a Independência do Brasil, ouviu-se na Esplanada dos Ministérios, o brado presidencial, de que ”... o pré-sal é o novo dia da Independência para o Brasil”. Em seguida, o então Presidente tomou em suas mãos vidrinhos com óleo do pré-sal, nafta, gasolina, diesel, entregou-os aos presidentes Sarney e Temer (Senado e Câmara, à época) e recomendou que nos debates acalorados do Congresso dessem aos parlamentares para uma “cheiradinha”.

     O Presidente em seu discurso salgou ainda mais o paladar dos brasileiros. Assegurou a criação de um fundo com o “dinheirão” do pré-sal (á época já havia noticia de pesquisas em poços secos), que cuidaria da educação, ciência, tecnologia e da pobreza. Ao falar em pobres, virou-se para a Ministra Dilma Roussef (ao seu lado) e disparou o conselho: “não temos o direito de pegar o dinheiro que vamos ganhar com esse petróleo e torrar no Orçamento da União”. Nas entrelinhas, deu a “boa nova” de que o Brasil acabaria de entrar na OPEP...

    A euforia presidencial não levou em conta certas incógnitas, que poderiam afetar o pré-sal, tendo em vista a extensa profundidade das rochas que acumulam petróleo, as quais se estendem por baixo de camadas de sal, com espessuras de até 2.000 metros.

    Estudos técnicos desenvolvidos após o caso do Golfo do México procuram resposta para questões fundamentais. Por exemplo: quando seria descoberto e quanto custaria equipamento, que possa sanar um vazamento localizado a 6 mil metros ou mais da superfície do mar? O último acidente mexicano colocou em prioridade a preocupação universal na preservação ambiental, o que põe em risco a viabilidade de continuidade da extração “offshore” do petróleo e gás natural e também do uso extrativo das camadas do nosso pré-sal.

    As dificuldades não tornam impossível a retomada brasileira de exploração do pré-sal, que é uma realidade. Isso porque, por dever de justiça, não se pode deixar de considerar o fato de ter a Petrobras investido maciçamente em tecnologia própria de plataformas. O pioneirismo da Petrobras valeu em 1991 o prêmio “OTC Distinguished Achievement Award”, outorgado pela “Offshore Technology Conference”, nos Estados Unidos. No ano seguinte, a empresa foi reconhecida como a que mais contribuiu para o desenvolvimento mundial da indústria “offshore”.

    A questão do petróleo no Brasil passa por dois aspectos fundamentais. Primeiro, para o país se tornar mais rico, igualitário e solidário a partir da exploração das riquezas submersas do “ouro negro”, será necessário que toda a população participe e opine sobre o aproveitamento dos novos recursos, de forma a que o maior número usufrua dos benefícios que virão.

    Segundo, o indispensável aporte de capital para investimentos no setor petrolífero, sem o que nada prosperará. No Brasil, o nível de investimento ronda os 18% do PIB, contra quase 50% da China e pouco mais de 30% da Índia. No Peru, Chile e Colômbia a taxa ronda os 25%. A diferença é considerável.

    O reajuste dos preços permite que a Petrobrás continue a importar derivados a preços subsidiados (combustíveis), justamente por não dispor de capacidade plena de refino e por tal razão econômica ter que arcar com elevados custos adicionais.
    Por outro lado, a ameaça da crise econômica mundial manterá o dilema em relação à depreciação do real. De um lado, as empresas buscam o “equilíbrio” e colocam o dólar no patamar mínimo de R$ 2.70 parta tornar competitivo os manufaturados nacionais. Já o agro business (exportadores de commodities agrícolas) para sobreviverem defendem a sobrevalorização do real, sob pena de impactos negativo na balança comercial.

    Nota-se que a política cambial influi diretamente nos preços do petróleo e faz que a busca de alternativas conduza os governos a uma verdadeira escolha de Sofia.

    Leia também o "blog do Ney Lopes".

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