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Brasília em Dia

  • 26 de Janeiro de 2013

    “Nós, o povo”!

    2013-01-25-emdia

     

    Obama iniciou o desafio do segundo mandato. Trocou a retórica do “Nós podemos” pela expressão inserida na Declaração de Independência dos Estrados (1776) “Nós, o povo”. Repetiu a frase cinco vezes, no discurso de posse.

    A única facilidade da segunda missão de Obama será não ter que se preocupar com a reeleição. O sonho do segundo mandato prejudica a administração e a própria democracia. O Brasil vive atualmente esse drama, com a presidente Dilma cedendo sempre mais, em momento difícil da economia, quando as decisões teriam que ser mais “duras” para atenderem ao interesse público.

    Não convenceu aos observadores internacionais, simplesmente jogar a crise econômica em marcha para “debaixo do tapete”, como fez Obama no Capitólio. Por mais que os números favoreçam uma recuperação dos Estados Unidos há muita estrada pedregosa pela frente. Seria suficiente lembrar a inadiável reforma fiscal, que causará aumento de impostos para os ricos. Nos quatro anos de Obama, o déficit americano superou U$ 1 trilhão de dólares, o que não ocorria há sessenta anos. Hoje ainda equivale a mais de 7% do PIB. Tudo isto sem falar nas mudanças da legislação de imigração, o endurecimento da regulamentação do comércio de armas, a adoção da luta contra o aquecimento global e a implantação das chamadas "leis igualitárias", a favor de mulheres e minorias, com graves resistências religiosas e políticas.

    Neste contexto, Obama terá que enfrentar a contradição entre o seu discurso de paz e a tendência de se transformar no presidente que mais apelou para as guerras. O jornal "The New York Times" publicou, que ele até agora ordenou mais de 300 ataques (com 2.500 mortes), ante cerca de 40 da era Bush. O estopim continua aceso contra os Estados Unidos em países como o Irã, Paquistão, Iêmen e Somália.

    Se a democracia desafia os governantes latinos, europeus e asiáticos, exigindo ajustes e adaptações emergenciais, nos Estados Unidos isso é impossível. O país não renuncia ao exercício pleno das liberdades e do bem estar, mesmo diante do terrorismo internacional e da debacle econômica mundial. O “Mayflower” trouxe da Inglaterra os primeiros imigrantes, que plantaram as sementes de uma sociedade, na qual estará mais próximo de Deus, quem tiver mais dinheiro e que o Estado deve afastar-se da atividade econômica, regulando-a a distância.

    O princípio da autonomia federativa fez com que a organização dos municípios nos Estados Unidos (colônias) precedesse aos estados membros e esses nascessem antes da União federal. Outra marca típica dos norte-americanos foi a colonização sem vínculos com a burocracia estatal, ao contrário dos hispânicos e portugueses. Vinculada a tal característica, está a influência dos grupos protestantes, sempre associados a interesses econômicos, como os Quakers, Anabatistas, puritanos, presbiterianos e anglicanos.

    A Independência americana teve inicio, meio e fim. Não foi um mero acaso, como vários exemplos no mundo. A luta contra a metrópole nasceu de valores cultivados ao longo do tempo, com inspiração nas ideias de John Locke e dos filósofos iluministas, que defendiam o “direito de rebelião”. O fato influenciou após décadas, algumas colônias francesas, espanholas e portugueses, que seguiram o mesmo exemplo, contribuindo para a condenação dos governos absolutistas. A maior falha foi não ter sido abolida a escravidão, o que facilitou a guerra civil anos depois.

    Obama continuará governando um país com tais características históricas. Ao falar na posse, ele insistiu em usar “Nós, o povo”, inserida na Declaração de Independência dos Estados Unidos, relatada por Thomas Jefferson. A expressão do preâmbulo da Constituição dá um “recado” à história. Ela expressa a liberdade individual e o respeito aos direitos fundamentais do ser humano, como defendia Montesquieu.

    O Presidente certamente está consciente de que “Nós, o povo” significa “formar uma união mais perfeita, estabelecer a justiça, garantir a tranquilidade interna, promover a defesa comum, o bem-estar geral e assegurar os benefícios da liberdade para nós e para os nossos descendentes”.

    Leia também o "blog do Ney Lopes".

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