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Brasília em Dia

  • 23 de Novembro de 2012

    “Guanxi” chinês e míssil ocidental

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    A China muda de comando político-administrativo, a partir de março de 2013, com a eleição de Xi Jinping, 59, o futuro "número um” do Comitê Permanente. Ele será o sexto líder chinês, após Mao Tse-tung (1949-1976), Hua Guofeng (1976-78), Deng Xiaoping (1978-92), Jiang Zemin (1992-2002) e Hu Jintao (2002-2012).

    Pela frente, o desafio de encaminhar as inadiáveis reformas que o país necessita para manter o ritmo econômico atual. Os obstáculos estão nas dívidas impagáveis no sistema bancário, indícios de bolha imobiliária e a falta de rumos sustentáveis de crescimento.

    A China é um país singular. Henry Kissinger, com a experiência de um dos maiores diplomatas do século XX, analisou em livro recente o “gigante asiático”. Durante o período de Mao Tsé-Tung, tudo o que existia na China era “bem público”. A partir de Deng Xiao-Ping, em 1978, começaram mudanças, que culminaram com a decisão da Assembléia Nacional de inviolabilidade “da propriedade particular obtida legalmente”. Hoje, a indústria privada é responsável por quase 50% da produção e de mais de 20% do PIB nacional.

    A China não se compara a outra sociedade no mundo. Consegue desenvolver-se com o salário mínimo de 100 dólares, sem ter Diário Oficial e hora extra na relação trabalhista. O operário agradece o emprego e se dedica ao trabalho. Ao invés de valorizar as marcas e patentes, os chineses incentivam a produção em escala e assim desmoronam pouco a pouco as estruturas industriais do Ocidente.

    No seu livro, Kissinger desmente o mito de que a China seja um fenômeno econômico contemporâneo, ao provar que o país sempre foi a maior potência econômica mundial, nos últimos 150 anos. Os Estados Unidos nem existiam e os chineses já lideravam o mundo global. A partir da base territorial no vale do rio Amarelo até a revolução industrial (século XIX) era uma nação muito mais rica do que os Estados europeus. Em 1820 produziu mais de 30% da riqueza mundial, ultrapassando o PIB total da Europa e dos Estados Unidos.

    A história da China é repleta de guerra civil e caos. A cada revés sofrido, o povo chinês recuperou-se de forma surpreendente. A escrita Shang (segundo milênio a.C.) surgiu no auge da glória do antigo Egito, quando as grandes-cidades da Grécia não existiam e Roma estava a um milênio de distância.

    No mundo global, o maior conflito é com o Tibete. Pequim entende que a ocupação de 1950 libertou o Tibete de sua condição feudal de servidão, com a população vivendo em extrema pobreza. Mao Tse Tung invadiu o país sob a alegação de que iria libertá-lo da dominação inglesa. Em verdade, a ocupação se deu por interesses estratégicos econômicos. Os seguidores de Mao tentaram sufocar a religiosidade tibetana, destruindo locais tidos como sagrados e assassinando centenas de monges.

    A China sustenta nos foros internacionais, que a operação militar no Tibete foi legalizada, através da assinatura de um acordo de 17 pontos sobre a libertação pacífica.

    Para entender a China é fundamental saber que os ensinamentos de Confúcio se transformaram em filosofia oficial do estado chinês e evoluíram para algo semelhante a uma Bíblia e Constituição, combinados numa só coisa. Confúcio pregava que os impérios foram criados pela força, porém nenhum deles consegue sustentar-se por meio dela, aconselhando sempre transformar a força em dever individual. Os chineses jamais aceitaram qualquer tipo de criação cósmica (um Deus), ao contrário do budismo na Índia, do monoteísmo judeu, cristãos e islâmicos.

    O novo líder Xi Jinping comandará um país que é candidato a liderar a economia mundial, no final desta década. Essa meta poderá ser alcançada através da pratica do “guanxi”, que na China significa um meio de abrir a porta para iniciar negócios, agilizar trâmites administrativos e desenvolver bons relacionamentos. Eles preferem dialogar com as pessoas que conhecem e confiam.

    Difícil antecipar se o “guanxi” terá em longo prazo mais eficácia nas relações internacionais, do que os “mísseis” usados no ocidente para superar conflitos. Só o tempo dirá...

    Que Deus o ajude!

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