Brasília em Dia
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22 de Setembro de 2012
A ficha limpa e suja
Por mais que existam estudos, análises e interpretações não é possível identificar com facilidade, o que realmente influencia o eleitor na hora do voto. No “mensalão”, aparentemente danoso para partidos e candidatos acusados, uma recente pesquisa em São Paulo apurou que as tendências estão divididas: 45% dos eleitores ouvidos dizem que o processo influi; e outros 45% afirmam não se importar com o fato na hora da escolha do candidato. Tudo isto em São Paulo. Se fosse no nordeste, os preconceituosos e separatistas diriam que era coisa de “pau de arara”.
Os cientistas políticos Adriano Codato (UFPR), Carlos Strapazzon (Grupo Dom Bosco), Doacir Quadros (Uninter), Leonardo Barreto (UnB) e Marco Rossi (UEL), em matéria jornalística recente alinharam fatores possíveis de influírem no voto e outros que atrapalham, ou influenciam pouco na escolha.
Os fatos apontados pelos estudiosos e a realidade eleitoral apontam algumas situações de influência, nesta eleição de 2012.
Na decisão individual participam diretamente os grupos sociais nos quais o eleitor está inserido, seja no trabalho, na igreja, na escola ou em espaços de lazer. Destaca-se, igualmente, a coerência entre o que pensa o candidato, a visão de mundo de quem vota e a possibilidade de execução pragmática das propostas apresentadas para problemas como saúde, segurança, lazer e educação.
Tem peso a legitimação do candidato, através de depoimentos favoráveis de pessoas com credibilidade política e ética. A aprovação ou rejeição das administrações municipais determinam o voto pró ou contra, inclusive o dado aos vereadores. Outro ponto é a reputação na imagem de honestidade e responsabilidade, transmitida ao eleitor. A mídia tem presença na corrida eleitoral, ao transmitir informações sobre o candidato que atinjam a sua conduta pública. As informações positivas influem menos na decisão de votar, do que às negativas, que provocam rejeição imediata. O voto de protesto, pernicioso à democracia, é caracterizado pela aceitação de tipos exóticos, levando o eleitor a expor sua insatisfação com os políticos. A influencia do horário gratuito de rádio e TV se manifesta, sobretudo na “reta final” da campanha, ajudando os indecisos e apolíticos.
As pesquisas eleitorais inegavelmente levam muitos a vitória ou a derrota. É lastimável que isso ocorra. Em muitos países do mundo, inclusive em recomendação aprovada pelo Parlamento Europeu, a pesquisa se restringe ao uso interno dos partidos e staffs de candidatos. Há a proibição de veicular na mídia, o que se justifica pela deformação de serem usadas como instrumento de marketing eleitoral e não colheita cientifica e honesta das tendências sociais sobre o processo eleitoral.
Muitos eleitores alegam que não querem perder o seu voto e se afastam daqueles que não têm boa posição no “ranking”. É um verdadeiro vírus, que corrói a escolha popular, tornando-a refém de quem possua poder econômico e possa “encomendar” pesquisas para influírem na subida de uns e na queda de outros.
Por fim, cabe analisar os “apoios” de líderes e autoridades consagrados. As agendas de Lula, FHC, Dilma, ministros estão cheias de pedidos de vídeos, que ajudem a alavancagem eleitoral de correligionários. Será válido esse instrumento de marketing? A experiência mostra que pode ser e pode não ser. Regra geral, as eleições municipais levam em conta os temas locais, tais como, o conceito de um administrador, choques e conflitos entre grupos e lideranças políticas, levantamento das questões que afetam o dia das pessoas nas cidades.
Uma incógnita é o comportamento virulento e agressivo do candidato. Em algumas situações, transmite confiança. Em outras ocasiões, a insegurança de que lhe falta serenidade para administrar e exercer o mandato.
Sendo 2012 a primeira experiência eleitoral com a “ficha limpa”, a esperança é o que o eleitor, de todos os níveis e classes sociais, pondere na sua escolha a vida pregressa do candidato. Se isso não ocorrer, estará provado que a lei nada terá influído como se desejava. Torna-se indispensável a consciência ética do eleitor. Sem essa postura, dá para perceber a continuidade do “político ficha suja” e infelizmente também do “eleitor ficha suja”.
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