Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 17 de Agosto de 2012

    A indústria e o agronegócio

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    Em plena crise econômica mundial, observa-se que o Brasil tem conseguido salvar-se, basicamente por conta do agronegócio, que representa quase 40% do PIB e da oferta de empregos, aproximando-se da metade das exportações totais. Na linha de sempre reclamar com discursos vazios e superados, quando a presidente Dilma Rousseff esteve na China, em abril de 2011, lideranças empresariais, desinformadas e viciadas nas tetas do governo, levantaram durante a viagem questões impróprias e inoportunas para uma visita oficial. Ao invés de anunciarem medidas para agregar valor industrial às nossas commodities, em decorrência de ganhos de produtividade e inovação, protestaram contra o “yuan” desvalorizado e os prejuízos causados às exportações de manufaturados. A incompetência para o diálogo internacional de comércio foi mais além, ao condenarem o peso das matérias primas agrícolas na balança de exportação.

    Tais posições tresloucadas, a pretexto da legítima reivindicação de investimentos produtivos, inverteram a pauta de negociação em debate com os chineses, gerando mal estar. O protesto inoportuno seria um tema para ser tratado em nível dos governos, nas reuniões do Bric e nunca por iniciativa de confederações nacionais. Será que a China iria desvalorizar o seu “yuan” somente para beneficiar a indústria brasileira? No caso específico, não se podia esconder o fato dos chineses serem o maior destino das nossas exportações e com quem já tínhamos superávit naquela época.

    Nos dias atuais, a salvação econômica do país está justamente na exportação de matéria prima do agronegócio, que representará este ano mais de U$$ 100 bilhões de dólares. O mais importante é o setor modernizado, com elevação da produtividade, através da agro-indústria e a adaptação da soja ao nosso clima tropical, com grande expansão no cerrado. O país coloca-se como o maior exportador mundial de soja, com 38 milhões de toneladas, à frente dos Estados Unidos. O saldo comercial positivo recebe grande contribuição dos mercados asiáticos, que absorvem carnes, grãos, plantas medicinais, minérios, ferro, aço e alumínio.

    Claro que o sucesso do agronegócio, não exclui a necessidade de incentivo à indústria nacional. Isto não poderá significar o tiro no pé do protecionismo ineficiente. As estatísticas mostram a China como o principal fornecedor do Brasil em 2012, com 15,5% de tudo o que se importa, ultrapassando os EUA (14,6%). As exportações brasileiras caíram 8% em abril, comparadas com 2011. A crise contribui para que as maiores regiões importadoras comprem menos. Até as vendas para a Argentina caíram em 27,1%. Conclui-se que a exportação de matéria-prima mineral e agrícola representa a base de sustentação da economia brasileira.

    Outro aspecto relevante é a exigência de reciprocidade na concessão de qualquer tipo de incentivo. A presidente Dilma tem priorizado medidas destinadas aos setores capazes de incrementar a economia. Simultaneamente, ela impõe “rua de mão dupla” para que não ocorram demissões de empregados, ao manter o governo vigilante, em relação à indústria automobilística e o setor de linha branca, de móveis, que receberam dádivas governamentais de isenção do IPI. A visão da “reciprocidade” é a mesma adotada no país do capitalismo, através do presidente Obama, ao longo das recentes ajudas governamentais concedidas ao setor privado, neste momento de crise.

    A economia global assemelha-se a um cobertor curto: quando cobre os pés, descobre a cabeça. Ao reduzir internamente os juros, o governo enfrenta a saída de investimentos estrangeiros da bolsa e a redução da oferta de crédito para as empresas no exterior. Jamais se pensou, que um dia a Europa e Estados Unidos dependessem de países mais atrasados, como se vê atualmente Em decorrência, o agronegócio brasileiro tende a crescer na sua relação, por exemplo, com o gigante chinês, cujo aumento do poder de compra eleva o consumo de alimentos. Evidentemente, há o risco da desindustrialização, que exige extrema vigilância do governo. Todavia, para evitar esse fenômeno há que ser feito primeiro o “dever de casa” de uns e de outros, além de evitar a repetição de arrebatamentos inconsequentes e tonitruantes, como os já ocorridos, que não levam a nada. Salvo, tornar público o despreparo de pseudos líderes.

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