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Brasília em Dia

  • 24 de Fevereiro de 2012

    USA e China na visão de Kissinger

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    Henry Kissinger, com a experiência de um dos maiores diplomatas do século XX, detalha a evolução da China, no recente livro “Sobre a China”. Muitos consideram esse país asiático fenômeno econômico contemporâneo. Kissinger desmente o mito, ao provar que a China sempre foi a maior potência econômica mundial. Produzia uma parcela maior do PIB mundial, do que qualquer país ocidental, em 18 dos últimos vinte séculos. Os Estados Unidos nem existiam e os chineses já lideravam o mundo global.

    O livro faz retrospecto histórico, narra histórias pitorescas de bastidores e associa as ações diplomáticas chinesas, até os dias atuais.

    No início da década de 70, Kissinger viajou secretamente ao Paquistão. Fez “pinga pinga” entre Bangkok e Pequim. Despistou a imprensa para evitar as restrições da guerra fria na época.

    O ex-secretário de Estado americano reconhece que os dois países têm forte patriotismo arraigado e o desejo de dominação do mundo. A diferença seria que os americanos buscam propagar os seus valores de liberdade e os chineses se mostram como nação superior, desde os primórdios.

    A história da China é repleta de guerra civil e caos. A cada revés sofrido o povo chinês se recuperou, como que por uma lei imutável da natureza. A escrita Shang (segundo milênio a.C.) surgiu no auge da glória do antigo Egito. As grandes-cidades da Grécia não existiam e Roma estava a um milênio de distância.

    A partir de sua base territorial original no vale do rio Amarelo, a China até a revolução industrial (século XIX) era muito mais rica do que os Estados europeus, com a economia mais produtiva do mundo e a região de comércio mais populosa. Em 1820 produziu mais de 30% do PIB mundial, ultrapassando o PIB total da Europa e dos Estados Unidos.

    Para entender a China é fundamental saber que os ensinamentos de Confúcio se transformaram em filosofia oficial do estado chinês e evoluíram para algo semelhante a uma Bíblia e Constituição, combinados numa coisa só. Confúcio (551-479 a.C.) viveu no fim do chamado período da Primavera e Outono (770-476 a.C.). Ele pregava que os impérios foram criados pela força, porém nenhum deles consegue sustentar-se por meio dela, aconselhando sempre transformar a força em dever individual. Os chineses jamais aceitaram qualquer tipo de criação cósmica (um Deus), ao contrário do budismo na Índia, do monoteísmo judeu, cristãos e islâmicos.

    Todos os valores derivam do confucionismo, que ao invés de oferecer caminho para a vida após a morte, afirma um código de conduta social, com prioridade para o aprendizado (educação). Confúcio, ao contrário de Maquiavel, viajou o país inteiro. Esperou ser acolhido como conselheiro por um dos príncipes. Morreu sem atingir esse objetivo. A preocupação de Maquiavel foi a manipulação do poder e a de Confúcio a harmonia social.

    Na diplomacia, os chineses desenvolveram doutrina oposta ao Ocidente, a partir do princípio de que nem todo problema tem solução e que insistir poderá quebrar a harmonia do universo. Dificilmente, eles arriscam o “tudo ou nada”. Preferem as manobras de anos e anos.

    Historicamente, a China teve problemas com o Japão, que ocupou porções significativas do seu território e competiu com Pequim na liderança de uma nova ordem internacional leste-asiática.

    A China é um país singular, como demonstra em detalhes Kissinger. Precisa "criar" a cada ano 24 milhões de empregos, sendo sete milhões deles para recém-formados, a fim de evitar uma turbulência social de multidões. Por tal motivo, se torna difícil a valorização do Yuan, que afetaria as exportações chinesas Há quem admita a possibilidade de uma “primavera árabe” na China. Na verdade, o país implanta o capitalismo estatal, por mais paradoxal que apareça. Valoriza a riqueza, mas não reconhece as liberdades individuais amplas.

    Para Kissinger é difícil antever o futuro das relações Estados Unidos e China. Ele dá a entender, que os chineses não sobreviverão economicamente, sem os americanos. Estaríamos diante do tradicional jogo chinês wei qi, cujos ganhadores são os mais estratégicos, ou do xadrez ocidental, cujo objetivo é a vitória total (xeque-mate)?

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    Henry Kissinger, com a experiência de um dos maiores diplomatas do século XX, detalha a evolução da China, no recente livro “Sobre a China”. Muitos consideram esse país asiático fenômeno econômico contemporâneo. Kissinger desmente o mito, ao provar que a China sempre foi a maior potência econômica mundial. Produzia uma parcela maior do PIB mundial, do que qualquer país ocidental, em 18 dos últimos vinte séculos. Os Estados Unidos nem existiam e os chineses já lideravam o mundo global.

    O livro faz retrospecto histórico, narra histórias pitorescas de bastidores e associa as ações diplomáticas chinesas, até os dias atuais.

     

    No início da década de 70, Kissinger viajou secretamente ao Paquistão. Fez “pinga pinga” entre Bangkok e Pequim. Despistou a imprensa para evitar as restrições da guerra fria na época.

     

    O ex-secretário de Estado americano reconhece que os dois países têm forte patriotismo arraigado e o desejo de dominação do mundo. A diferença seria que os americanos buscam propagar os seus valores de liberdade e os chineses se mostram como nação superior, desde os primórdios.

     

    A história da China é repleta de guerra civil e caos. A cada revés sofrido o povo chinês se recuperou, como que por uma lei imutável da natureza. A escrita Shang (segundo milênio a.C.) surgiu no auge da glória do antigo Egito. As grandes-cidades da Grécia não existiam e Roma estava a um milênio de distância.

     

    A partir de sua base territorial original no vale do rio Amarelo, a China até a revolução industrial (século XIX) era muito mais rica do que os Estados europeus, com a economia mais produtiva do mundo e a região de comércio mais populosa. Em 1820 produziu mais de 30% do PIB mundial, ultrapassando o PIB total da Europa e dos Estados Unidos.

     

    Para entender a China é fundamental saber que os ensinamentos de Confúcio se transformaram em filosofia oficial do estado chinês e evoluíram para algo semelhante a uma Bíblia e Constituição, combinados numa coisa só. Confúcio (551-479 a.C.) viveu no fim do chamado período da Primavera e Outono (770-476 a.C.). Ele pregava que os impérios foram criados pela força, porém nenhum deles consegue sustentar-se por meio dela, aconselhando sempre transformar a força em dever individual. Os chineses jamais aceitaram qualquer tipo de criação cósmica (um Deus), ao contrário do budismo na Índia, do monoteísmo judeu, cristãos e islâmicos.

     

    Todos os valores derivam do confucionismo, que ao invés de oferecer caminho para a vida após a morte, afirma um código de conduta social, com prioridade para o aprendizado (educação). Confúcio, ao contrário de Maquiavel, viajou o país inteiro. Esperou ser acolhido como conselheiro por um dos príncipes. Morreu sem atingir esse objetivo. A preocupação de Maquiavel foi a manipulação do poder e a de Confúcio a harmonia social.

     

    Na diplomacia, os chineses desenvolveram doutrina oposta ao Ocidente, a partir do princípio de que nem todo problema tem solução e que insistir poderá quebrar a harmonia do universo. Dificilmente, eles arriscam o “tudo ou nada”. Preferem as manobras de anos e anos.

     

    Historicamente, a China teve problemas com o Japão, que ocupou porções significativas do seu território e competiu com Pequim na liderança de uma nova ordem internacional leste-asiática.

     

    A China é um país singular, como demonstra em detalhes Kissinger. Precisa "criar" a cada ano 24 milhões de empregos, sendo sete milhões deles para recém-formados, a fim de evitar uma turbulência social de multidões. Por tal motivo, se torna difícil a valorização do Yuan, que afetaria as exportações chinesas Há quem admita a possibilidade de uma “primavera árabe” na China. Na verdade, o país implanta o capitalismo estatal, por mais paradoxal que apareça. Valoriza a riqueza, mas não reconhece as liberdades individuais amplas.

     

    Para Kissinger é difícil antever o futuro das relações Estados Unidos e China. Ele dá a entender, que os chineses não sobreviverão economicamente, sem os americanos. Estaríamos diante do tradicional jogo chinês wei qi, cujos ganhadores são os mais estratégicos, ou do xadrez ocidental, cujo objetivo é a vitória total (xeque-mate)?


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