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Brasília em Dia

  • 18 de Fevereiro de 2012

    Exemplo humano e inovador na Índia

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    Na agitação do carnaval de 2012, cabe reflexão sobre uma iniciativa inovadora e humana.

    O ativista social e educador indiano, Bunker Roy, fundou em 1972 o “Barefoot College”, no estado do Rajastão, na Índia. Trata-se de uma “ONG” com a finalidade de atender serviços básicos e soluções para as comunidades rurais, tornando-as auto-suficientes e auto-sustentáveis. Essa instituição atualmente tem voz na ONU e atende mais de 100 mil pessoas no mundo, na oferta de energia solar, água, educação, cuidados com a saúde, comunicação, artesanatos rurais, direitos da mulher, desenvolvimento de terras não cultivadas.

    O pensamento de Bunker Roy apóia-se na tese de que o desenvolvimento das comunidades pobres não necessita de diplomas formais nas Universidades e qualificações especiais. Ele defende que o crescimento tem origem na mão de obra dos próprios habitantes, dirigida pelas pessoas beneficiadas por seus serviços. A sede do “Barefoot College” foi projetada e construída por pessoas “iletradas”, que desenvolveram atividades de engenharia civil, solar e hidráulica. Tudo a base do conhecimento nativo.

    Foi assim que surgiu a Faculdade dos Pés-Descalços. É o único local na Índia onde, se alguém tem um doutorado ou mestrado, não é visto como qualificado. Você tem de ser um inconformado, um desgraçado ou um marginalizado para freqüentar essa faculdade. Você precisa ser alguém que trabalha com as mãos. Tem que ter a dignidade de um trabalhador. Tem que mostrar uma habilidade que possa oferecer à comunidade, para prestar um serviço à comunidade. O profissional é alguém em quem se combinam competência, confiança e crença.

    Os habitantes das chamadas “comunidades de Barefoot”, independente da idade, alfabetizados ou não, são treinados para se tornarem professores, doutores, dentistas, trabalhadores de saúde, engenheiros solares, arquitetos, mecânicos artesãos, designers, comunicadores, carpinteiros contadores etc. Todos eles conseguem fazer coisas extraordinárias. É a única “escola” que trabalha totalmente com energia solar construída por pessoas “não letradas” e gerenciada por elas. Um dos poucos lugares da Índia onde o trabalho e estilo de vida do grande líder Mahatma Ghandi estão vivos e pulsando no coração de todos, afirma seu fundador.


    A experiência de “Barefoot” atinge hoje mais de 200 vilas situadas em lugares remotos e já treinou mais de 80 mil pessoas em países como Sierra Leone, Gambia, Mali, Bolívia, Cameroon, Tanzania, Senegal, Mauritânia, Malaui, Kenya, Nepal e Etiopia.

    A instituição ensina a um numero cada vez maior de mulheres a se transformaram em engenheiras solares, para toda a Índia bem como prestação de serviços em diversos países. Barefoot College se transformou em exemplo para o mundo. A experiência confirma que a falta de estudo não é obstáculo para que as pequenas vilas e comunidades se desenvolvam e que as mais diversificadas tecnologias possam ser disseminadas por pessoas que mal sabem ler e escrever.

    O fundador Bunker Roy diz que “é a única escola, onde diplomas e doutorados não são considerados importantes, porque a verdadeira qualificação é aquela com as quais podemos julgar as pessoas: sua honestidade, integridade, compaixão, caráter, criatividade e habilidade para tratar e trabalhar sem nenhum tipo de discriminação”. O trabalho é desenvolvido com pessoas pobres, que vivem com menos de um dólar por dia.


    O “Barefoot College” merece ser analisado e muitas comunidades no Brasil poderiam buscar a sua parceria, inclusive governos. A idéia comprova que o desenvolvimento das comunidades pobres nasce delas mesmo, sem buscas no exterior, ou no Banco Mundial. É suficiente tentar e acreditar no que disse Mahatma Gandhi:“primeiro as pessoas ignoram você. Depois lutam contra você. Depois... você vence”.

    Leia também o "blog do Ney Lopes".

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