Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 27 de Janeiro de 2012

    O Brasil e as pressões da FIFA e CBF

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    A imprensa registra que a Presidente Dilma Rousseff está jogando pesado com a CBF e a FIFA. O presidente Joseph Blatter tentou marcar uma audiência com a chefe do governo e teve um “não” como resposta. Blatter desistiu de vir ao Brasil. O interlocutor do governo com a Fifa é Aldo Rebelo e “fim de papo”. Aliás, o ministro exerce esse papel com credibilidade e correção ética.

    Nem Blatter, Ricardo Teixeira ou Jerome Valcke têm o direito de impor regras ao Brasil, em troca da realização da Copa do Mundo 2014, que na verdade nada mais é do que um negócio milionário gerido pela Fifa, em “parceria” com a CBF. Uma coisa é o país viabilizar o evento, outra ceder a lobbies comandados pela CBF, entidade sob suspeitas permanentes de corrupção. A propósito, por que não instalar imediatamente a CPI da CBF no Congresso Nacional, com transparência total. Ajudaria muito a administração da Copa essa providência.

    Numa hora de escassez econômica no mundo, o secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, veio ao Brasil “ditar” regras. Ele não faz recomendações, nem fala em off.  O que poderia ser feito como recomendação interna é divulgado sob holofotes, em entrevista coletiva. Foi o caso do estádio “Arena das dunas” em Natal, que a Fifa acompanha a sua construção minuto a minuto, em tempo real, e mesmo assim gera inquietações e anuncia que não haveria problemas em retirar a cidade da Copa. Estilo ameaça pública.

    A vítima futura pode não ser apenas Natal. O país terá que abrir o olho para não perder a sua soberania. A lei geral da Copa é discutida no Congresso. A CBF e a Fifa querem isenção de impostos; determina a cobrança de ingresso integral; libera a venda de bebidas alcóolicas em locais com presença de menores; muda nomes de estádios, de parques, de ruas; cria um tribunal especial para julgar casos ligados à Copa 2014; exige uma zona de exclusão de dois quilômetros em torno dos estádios, onde só ela pode autorizar o que será comercializado; proteção de marcas e direitos de transmissão dos jogos e eventos. Pretendeu até que o Estatuto do Idoso - que entre outros direitos concede meia entrada em eventos esportivos e culturais para os maiores de 60 anos - não valesse para o período do Mundial. Tudo com a aplicação de recursos públicos estimados em mais de R$ 130 bilhões de reais, quase cinco vezes a mais do que o governo diz ao povo que irá gastar.

    O maior risco está no “após Copa 2014”, segundo Simon Kuper, do Financial Times. O bairro negro do Soweto, em Johanesburgo, festejou a escolha da África do Sul em 2004: "a grana está vindo!". O articulista concluiu: “esse argumento econômico é uma enganação. A quantidade de turistas esperados é bem menor que a prometida e a Fifa não deixou nem os sul-africanos pobres venderem suas salsichas do lado de fora dos estádios. Que fique claro: uma copa não deixa o país mais rico”.

    Na África do Sul, a previsão de gastos era de 3 bilhões de dólares. No final, ultrapassou 12 bilhões. A iniciativa privada nada colocou do seu próprio bolso. Reivindicou (e obteve) empréstimos a longo prazo, isenções de impostos e outros incentivos. Com pressões descabidas por mais vantagens, certas empresas - tidas como parceiras - aproveitaram o fato da FIFA se mostrar tensa com a demora da preparação do país e exigiram “reajustes” milionários nos contratos de construção civil. Será que esse filme irá se repetir no Brasil? O professor em gestão de esporte, Aldo Azevedo lembrou em entrevista à Brasília em Dia, que “os recursos utilizados para a realização dos Jogos Pan-Americanos no Rio de Janeiro tiveram a previsão inicial de investimento triplicada”. Destacou a realização em 2004 da Eurocopa em Portugal, a maior causa do atual déficit financeiro e endividamento do país.

    A Copa de 2014 é um fato consumado. Exigirá muita firmeza dos dirigentes para que a Fifa e a CBF não acumulem as funções de Presidente da República e legisladores. Se de um lado o nome do país está comprometido com o evento, de outro a entidade internacional não terá opções de retirá-lo do Brasil. No momento, assistimos a “babaquice” de meia dúzia de “papagaios de piratas”, se apresentando como os “pais da Copa”. De agora por diante, precisamos é de quem tenha competência e saiba o que diz, para mostrar à Fifa e à CBF que o Brasil não é uma “casa de noca”.

    Por justiça, a Presidente Dilma realmente cumpre esse papel de preservação da soberania nacional.

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