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Brasília em Dia

  • 25 de Novembro de 2011

    Espanha, a bola da vez

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    Chegou finalmente ao poder na Espanha, Mariano Rajov, que perdeu as eleições em 2004 e 2008 para José Luis Rodrígues Zapatero. É o Lula espanhol. Ele fez uma campanha diferente dos modelos tradicionais de fazer política. Não prometeu o paraíso para depois entregar o inferno, como ocorre na maioria dos palanques eleitorais. Só falou em austeridade, em cortes de despesas e até convidou os quase 2 milhões de jovens desempregados (entre 18 e 15 anos) para trabalharem de graça, a fim de garantirem o emprego no futuro.

    Mesmo assim, os socialistas – especialistas em promessas mirabolantes – fizeram duras críticas ao seu estilo e o apelidaram de “nunca dizer nada”. Chamaram-no até de “mudinho”. No Brasil, seria tido como “mineiro”.  No caldeirão espanhol parecia temerário um candidato jogar lenha na fogueira. Talvez, por isso fixou princípios e se manteve nas generalidades em matéria de como ofertar emprego, anular a dívida pública etc. Era a única forma de não assustar e angustiar ainda mais os eleitores. A estratégia foi o aprofundamento do desgaste dos socialistas, afastar-se de polêmicas e esperar a hora de ganhar a eleição. Assim aconteceu.

    A Espanha é o quinto país europeu na área do euro – depois da Grécia, Itália, Portugal e Irlanda -, que a crise econômica determinou desconfiança do eleitorado e mudanças de governo.

    Nascido em Santiago de Compostela, na Galícia, Rajov começou a sua vida aos 23 anos como corretor de imóveis. É um homem conhecido como pacato. A sua origem provinciana o torna verdadeiro cavalheiro, ligado a família, educado, estudioso, fiel às tradições e a hierarquia. O seu avô era um republicano conservador e o seu filho (pai de Rajov) fez carreira no judiciário. Por essa influência, Rajov realizou profundos estudos jurídicos, antes de ingressar na política.

    No discurso à nação, minutos após o anuncio de sua vitória, Rajov aprofundou temas que não comentara na campanha. Acenou à conciliação nacional, sem exacerbar diferenças ideológicas entre esquerda e direita. Prometeu ser o “presidente de todos” e colocar acima de tudo os interesses gerais da nação.

    Elegeu como os seus únicos inimigos, o desemprego, o déficit público, o endividamento excessivo, a estagnação econômica e tudo que afeta a qualidade de vida dos espanhóis. Deu a entender que não fará milagres, ao afirmar que as soluções virão ao longo de décadas.

    Rajov teve o cuidado de estimular o amor próprio dos espanhóis, conhecidos mundialmente pelo fervor nacionalista como se referem ao seu país. Prometeu que faria tudo para tirar o país da crise, a fim de que todos tenham o orgulho de ser espanhol.

    Um aspecto sintomático do pronunciamento foi o compromisso assumido com a União Européia e o “euro”. Disse claramente que o destino da Espanha é a integração da Europa e que o país em breve voltará a ser respeitado em Bruxelas e Frankfurt.

    Será duríssima a tarefa de Rajov no governo da Espanha, que tem hoje a maior taxa de desemprego entre as nações industrializadas (22% da população ativa), com o risco iminente de recessão a qualquer momento. A única certeza que existe é a de que os cintos terão que ser apertados. Não há alternativa.

    Um trunfo do PP – partido vitorioso – é a credibilidade na opinião pública mundial. O ex-chefe de governo Aznar criou essa imagem, que perdura até hoje. Os principais jornais estamparam confiança, após o pleito. Na Inglaterra, um periódico escreveu que na Espanha e Itália serão necessárias lágrimas e sangue.

    As relações do Brasil com a Espanha se mantêm em equilíbrio, em que pesem reações de alguns setores defenderem represálias pela maneira grosseira como os brasileiros foram tratados pelos espanhóis nos últimos anos, com deportações sumárias em aeroportos. O quadro se inverteu completamente. O número de espanhóis que optaram por sair da Espanha chega a quase 100 mil, ao contrário do que ocorreu quando o país ingressou na União Européia. O Itamarati evita os conflitos, no que age corretamente.

    Espera-se que a Espanha seja a “bola da vez”, na Europa. Não para aprofundar a crise econômica, mas para mostrar ao mundo como superá-la!

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