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Brasília em Dia

  • 30 de Setembro de 2011

    O eldorado do século XXI

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    Viajo como quem lê um livro, ou saboreia um vinho. Aliás, como quem faz as duas coisas. É uma forma de aprendizado, de conhecimento e atualização. Aprende-se do taxi, ao museu famoso visitado. O repórter que sempre fui indaga e quer saber o que acontece. Em viagem recente, constatei que a economia do mundo está realmente em crise e que a Groenlândia será o Eldorado do século XXI. Publiquei análises e observações no blog www.blogdoneylopes.com.br.

    Por onde passei, desde a saída do cruzeiro marítimo em Londres, até cidades no atlântico norte, mar ártico e Nova York, só se falou na crise da economia. Unanimidade considera que o Brasil vai muito bem. Excelente a imagem de otimismo sobre o nosso país.

    A Islândia, país belíssimo, está situada no extremo norte do atlântico, área vulcânica, águas termais, depósitos minerais e a cerca de cem quilômetros do círculo polar ártico. Era até bem pouco tempo, uma ilha de tranqüilidade e bem-estar no mundo. Da noite para o dia, se transformou no retrato fiel da crise. Hoje, o desemprego, que até três anos atrás atingia 0.3%, saltou para 13%. A população migra para Noruega. Os bancos dependiam dos Estados Unidos e “explodiram” em 2008. Muita gente perdeu depósitos e poupança. Infelizmente, o país não tinha o “Proer” salvador, da época de FHC.

    Reykjavik - a capital - é uma cidade com poucos edifícios. As casas possuem proteção contra terremotos. A renda per capita caiu 40%. Um quilo de filé custa mais de U$ 30 dólares e aumentou violentamente a carga tributária. Quase 100% de desvalorização da moeda nacional (“kroner”). Vi na Islândia que o pior salário é o salário zero. E que o desemprego é o maior problema que um país pode enfrentar. A esperança dos islandeses está no aumento do turismo, o que vem ocorrendo.

    Na manhã de 7 de setembro de 2011 cheguei a Nuuk, capital da Groenlândia. Era um sonho conhecer o “país gelado”, que durante três séculos estave sob o dominio da Dinamarca. Libertou-se em 2009. Com população de 56 mil habitantes é a maior ilha não continental do planeta (maior que o México). O fuso horário uma hora a menos de Brasília.

    Sei como é possível sobreviver no semiárido nordestino. Tinha a curiosidade de conhecer como vivem os groenlandeses, com casas construídas em cima de rochas vulcânicas, névoa, neve constante e temperaturas médias de 30º abaixo de zero no inverno e 8º no verão. Pensei que iria visitar uma aldeia, no meio de geleiras. Nada disso. Nuuk - a capital - tem perfil de cidade de primeiro mundo. Com 10º acima, foi possível andar sem virar “picolé”. Tudo é perto. População de 16 mil pessoas, utiliza-se taxi apenas para ir ao aeroporto. Aliás, a cidade dispõe de menos de dez taxis; quatro hotéis quatro estrelas; dois bancos; alguns semáforos nas ruas. No país inteiro, cerca de 30 mil cães puxam trenós - a tradição dos esquimós - , exigida carteira de habilitação para conduzi-los.

    Nuuk é chamada a “metrópole do ártico”. Funciona uma universidade (cursos de direito e biologia, os principais), além de estradas asfaltadas, instituições culturais e de pesquisa, piscinas públicas aquecidas para lazer, prática de esportes (iatismo, caiaques típicos do país), times de futebol, restaurantes (“menus” asiáticos, europeus e comidas com tempero local, como carne de rena e baleia frita), cafés, supermercados de excelente nível e rede de assistência social à população. A moeda local, o “danish kroner”, vale um décimo do dólar. O custo de vida é elevado. Tudo chega por aviões, ou navios.

    Somente as reservas de petróleo da Groenlândia (sem falar no ouro, ferro e outros minérios) estimadas em 48 bilhões de barris são quase quatro vezes maiores do que as confirmadas no pré-sal brasileiro. . Em pouco tempo, será a “Arábia Saudita gelada” e o novo Eldorado do século XXI.

    Por ironia do destino, em relação a Groenlândia se aplica o ditado popular, de que “não há mal, que não venha para o bem”. A elevação da temperatura local faz subir o nível do mar e coloca o mundo em perigo. O país esquenta. Os termômetros subiram 2ºC, comparado com o século passado. Tal fenômeno climático abre as portas do progresso para os groenlandeses, com o aumento de facilidades na extração do petróleo e minérios. Aumenta dia a dia o fluxo de estrangeiros, atraídos pelas enormes riquezas da ilha. A mudança climática está forçando a Groenlândia diversificar sua economia. O governo quer sair da dependência exclusiva da pesca.

    Foi nesta mesma rota marítima, que o Titanic naufragou. Graças a Deus escapei. Valeu à pena a aventura. Algo realmente fantástico descobrir que nos mares do ártico existe um povo em crescimento.

    Na vida, há coisas que é preciso ver para crer. A Groenlândia é uma delas.

    Leia também o "blog do Ney Lopes".

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