Brasília em Dia
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09 de Setembro de 2011
Hoje, 10 anos depois
Hoje, o mundo relembra 10 anos dos ataques terroristas, coordenados pela Al-Qaeda nos Estados Unidos, em que seqüestradores liderados por Bin Laden jogaram dois aviões contra as “Torres Gêmeas” em Nova York e um contra o Pentágono, em Washington DC.
Recordo alguns fatos do dia 11 de setembro de 2001. Residia à época em Brasília e exercia o mandato de deputado federal. Como de hábito trabalhava no computador nas primeiras horas da manhã. Em certo momento, o motorista Mauro aproximou-se e perguntou com justificável espanto: “O Senhor conhece umas Tôrres Gêmeas, altíssimas, em Nova York”. Respondi-lhe que sim. Ele logo me chamou para a sala de TV ao lado e mostrou-me a destruição que ocorria. Assisti o choque do segundo avião. Cena inacreditável, parecia filme de Steven Spielberg.
O pior momento foi o diálogo, por telefone, com o meu filho Ney Júnior, que fazia curso de pós graduação em Washington DC. Ele chegara a universidade, que estava a dois quilômetros do Pentágono, por volta de sete da manhã e se instalara na sala de aula para a disciplina de economia latino-americana. Na sala de aula, em cada banca havia uma TV. O professor solicitou que os alunos sintonizassem na CNN para discutir um fato econômico concreto noticiado. Quando era feita a sintonia, todos se depararam – contou-me Ney Jr - com a notícia extraordinária, de que um avião da American Airlines acabara de atingir as torres gêmeas em Nova York.
Em seguida, Ney Jr avisou-me no celular, que circulava a notícia de que os próximos alvos seriam o Pentágono e Casa Branca, ambos próximos de onde ele se encontrava. Eu e a minha esposa entramos em pânico. O pior foi o corte das comunicações por telefone. Depois, meu filho contou que ouviu grande explosão e densa fumaça negra cobrindo o céu. Um caminhão em disparada, cheio de explosivos, ultrapassara as barreiras de segurança do Pentágono. De onde ele estava deu para sentir o calor das chamas. Disseminaram-se o medo e a insegurança. Ouviam-se gritos de pessoas chorando e rezando. Dizia-se que começara a III Guerra Mundial. Outros afirmavam que o rio Potomac – que abastece de água a capital americana- estaria contaminado e que começara uma guerra biológica.
Descreveu ainda o meu filho que a Universidade fora evacuada pela polícia. Ele demorou mais de seis horas para chegar em casa no bairro de Arlington, tal o congestionamento de pessoas e veículos, além do forte esquema policial. Nas ruas, o povo a pé, apelos dramáticos, orações de joelhos, inclusive de muçulmanos. Os carros buzinavam, os táxis não atendiam aos chamados, as linhas de ônibus e o metrô parados, as ligações telefônicas suspensas. A sensação era de alguém abandonado, diante de uma guerra atômica iminente. As ruas ficaram desertas por mais de uma semana, depois dos atentados. As rodovias, o metrô o porto de Baltimore, que abastece Washington DC, tudo foi interditado, abriam as portas apenas farmácias, super mercados, o essencial para a sobrevivência da população, as aulas da universidade foram suspensas por mais de 15 dias. O povo estampava o medo e o pânico na face, disse-me Ney Jr.
As conseqüências do 11 de setembro de 2001 se fizeram sentir um mês após os ataques. Os Estados Unidos foram obrigados a baixar os chamados “Atos Patrióticos”, a maior iniciativa de restrição às liberdades individuais desde a época do McCarthismo. Criaram-se tribunais militares, autorizações quase que automáticas para escutas telefônicas; o governo federal foi autorizado a prender cidadãos suspeitos por até sete dias sem acusações formais; os controles de fronteira foram intensificados e intensificou-se a xenofobia que antes se limitava a questões de imigração ilegal e disputa por postos de trabalho braçal. Todos os olhos e ouvidos da nação americana ficaram à procura de indícios de uma possível nova ação terrorista.
O mundo começou a mudar, após o fim da URSS. O atentado de 11 de setembro de 2001 revelou verdadeiro choque de civilizações, prolongado até hoje com a guerra do Afeganistão e os recentes episódios dos países árabes. A esperança é que as relações internacionais no século XXI voltem a percorrer caminhos de paz e solidariedade humana.
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