Brasília em Dia
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20 de Agosto de 2011
Euro ou dólar?
O Japão cresceu menos do que o previsto, mas considerando a recente catástrofe serve de estímulo à recuperação da economia mundial. Enquanto isto, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, advertiu que a economia global está se dirigindo para uma “nova zona de perigo”, que requer forte ação política se a meta é restaurar a confiança. Aconselha que os líderes aprovem reformas estruturais e medidas para aumentar a produtividade e o livre comércio, visando aquecer o retorno do crescimento global. Influirão para esse aquecimento, o desfecho da crise americana e a sobrevivência ou não do euro.
A economia americana atravessa uma grave crise, porém está longe do risco de insolvência. Tudo é conversa pra inglês ver! Tem razão o ex-ministro Delfim Neto, quando afirmou que essas agências de classificação de risco são todas 171. (Referiu-se ao artigo 171 do Código Penal, que dispõe sobre estelionato). Inclusive, no próprio Estados Unidos já existem ações legislativas no Congresso para reduzir o poder discricionário dessas agências, que terminam se sobrepondo aos governos.
Politicamente, as dificuldades americanas ganharam certa estabilidade, após o Congresso ter ampliado o teto de endividamento do governo, que era de US$ 14,43 bilhões. O objetivo é honrar os compromissos com despesas correntes e investidores em títulos americanos. O curioso é que, ao invés de cair diante da nota rebaixada da Standard&Poor’s, aumentou a procura pelos conhecidos Treasuries– títulos do tesouro americano - no mercado financeiro. A venda desses papéis funciona como um empréstimo para o Governo e os “credores” ou investidores são remunerados com o pagamento de juros. Se houvesse perigo de moratória, quem iria comprar tais títulos? No momento, o que permanece instável são os índices de apoio popular do presidente Obama, embora seja muito cedo para uma previsão do desfecho da eleição de 2012.
Na zona do euro, as idas e vindas fizeram com que até o megainvestidor Soros, que colaborou no passado para a desvalorização da libra esterlina, sugerisse a saída da Grécia e Portugal da União Européia. Sugestão absurda, comparável a matar o médico para salvar o doente. O euro é emblemático para a Europa. Tornou-se realidade no dia 1 de Janeiro de 2002, em clima de euforia e grandes expectativas de sucesso. Os experts que acompanham a crise atual são unânimes em afirmar que a moeda única não irá desaparecer. Argumentam que são poucos os países em situação semelhante a Portugal e Grécia.
O jornal “Le monde” divulgou editorial recente, no qual deixa claro que “todos os contratos, e em especial as obrigações da dívida pública, estão firmados em euros. Um governo que anunciasse o desejo de abandonar a moeda única provocaria uma crise financeira, porque todos se questionariam sobre as conseqüências de tal decisão sobre a solvência de suas contrapartes”. Ou seja: as obrigações de dívidas em euros teriam um peso tão violento nas contas públicas e abalariam de tal forma a credibilidade do país, que o abandono da moeda única não evitaria uma moratória, mas, ao contrário, a provocaria de imediato. Logo, jamais será uma solução racional.
Na China, o céu não é de brigadeiro. Os resultados recentes da inflação poderão influenciar para que o yuan seja valorizado e, dessa forma, combatidas as pressões sobre os preços. A taxa de inflação na China de até 9% cria grandes problemas para o governo, que não poderá manter a artificialidade da sua moeda, apenas para incentivar as exportações.
No Brasil, a situação interna é mais sólida do que em 2008. O futuro do euro e do dólar nos afeta, em razão do risco de EUA e a Europa deixarem de importar produtos de outros países, como a China, e esses fornecedores reduzirem as suas próprias compras externas, deixando de importar produtos brasileiros. Outro risco que ronda a nossa economia seria a queda da demanda de produtos como soja, minério de ferro e petróleo, que ocupam grande espaço nas exportações, o que causaria forte impacto sobre a balança comercial.
Na verdade, as perspectivas acerca do futuro do planeta não devem se restringir a Estados Unidos e Europa. Após a queda União Soviética desmoronou-se o mundo bipolar, ou mesmo tripolar. Cada vez mais a China, Índia, Brasil e Japão assumem o primeiro plano da economia. Estas nações passam por transformações sem precedentes e significam cerca de dois e meio bilhões de pessoas. Em algumas partes do sudeste da Ásia, a economia cresce dez vezes mais do que na Europa.
A questão, portanto, não se restringe a indagação euro ou dólar. Trata-se do surgimento de numa nova ordem mundial, que esperamos o Brasil esteja inserido em posição de destaque.
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