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Brasília em Dia

  • 22 de Julho de 2011

    China, Estados Unidos e o Tibete

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    O presidente Barack Obama recebeu na Casa Branca o líder tibetano no exílio Daí Lai Lama, sob veementes protestos da China, que alegou interferência grave nos assuntos internos do país, prejuízos ao sentimento do povo chinês, seus interesses chaves e lesão nas relações bilaterais. A China ratifica que o Tibete é território chinês e que os assuntos locais pertencem a sua política interna.

    O argumento da Casa Branca é que o diálogo girou em torno de direitos humanos. Na verdade, por trás está a disputa econômica entre os dois países. Nos últimos dias, o governo chinês, na condição de maior credor de títulos públicos norte-americanos, chegou a ditar regras sobre a condução da economia, o que irritou Obama e a opinião pública. 

    O conflito entre a China e o Tibete vem de longe e comporta argumentos prós e contra dos dois lados. Pequim entende que a ocupação de 1950 libertou o Tibete de sua condição feudal de servidão, com a população vivendo em extrema pobreza. Mao Tse Tung invadiu o país sob a alegação de que iria libertá-lo da dominação inglesa. Em verdade, a ocupação se deu por interesses estratégicos econômicos. Os seguidores de Mao à época tentaram sufocar a religiosidade tibetana, destruindo locais tidos como sagrados e assassinando centenas de monges.

    A China sustenta nos foros internacionais, que a operação militar no Tibete foi legalizada, através da assinatura de um acordo de 17 pontos sobre a libertação pacífica. Todavia, esse acordo é qualificado como coação pelo Congresso americano, analistas militares, várias OGNs e até a Comissão Internacional de Juristas.

    O ponto de vista tibetano é que o país nunca foi atingido por crises de fome e grandes privações. Sofria as dificuldades naturais de um país asiático de pequena proporção. O reverso da medalha, segundo o Tibete, é que após a chegada chinesa morreram mais de 1.2 milhões de pessoas, além da destruição de mais de seis mil monastérios budistas e centros culturais nativos.  Em 1980, o secretário do Partido Comunista, Hu Yaobang, chegou a admitir que os padrões de vida dos tibetanos haviam declinado e que a presença chinesa na região era um obstáculo ao desenvolvimento. Este ano, o governo chinês para refutar esse argumento promoveu amostra, onde aponta as obras de infra-estrutura a serem construídas em território tibetano, que vão desde estradas a linhas de trem para modernizar a qualidade de vida dos seus habitantes.

    O simbolismo do conflito está justamente na figura do Daí Lai Lama, que reencarna a luta libertária do Tibete. Segundo as tradições, os dali lamas são reencarnações sucessivas de Buda. Sua Santidade, o dalai lama, é o líder temporal e espiritual do povo do Tibete. O atual é o 14º dalai lama, nascido numa família de camponeses. Aos dois anos foi reconhecido como sendo a reencarnação do 13º dalai lama, que o precedeu. Com a invasão do Tibete pela China (1950) o dalai lama tornou-se chefe de Estado, passando a liderar as negociações pela soberania do país. Após fracassada rebelião nacionalista, em 17 de março 1959, o dalai lama fugiu para o exílio na Índia, seguido por 80 mil tibetanos. Tornou-se uma personalidade mundial, representando o esforço de paz entre os homens, ao receber em 1989 o Prêmio Nobel da Paz.

    Neste contexto, é antiga a animosidade entre Estados Unidos e a China. A CIA norte-americana formou militares, campos de apoio no Nepal e pontes aéreas para ajudar grupos armados tibetanos. Nos Estados Unidos, a American Society for a Free Asia mobiliou a apoios à resistência tibetana.

    Em momento econômico delicado como o atual, certamente não atingirá grandes proporções o desencontro entre China e Estados Unidos, após presença de Dai Lai Lama em Washington DC. Além de preservar o Tibete, a China tenta frequentemenre retomar Taiwan, sob o mesmo argumento de que é território chinês. São dois conflitos a serem administrados. Isto facilita a acomodação natural com os americanos. Ambos os lados têm muito a perder. O raciocinio chinês hoje é mais capitalista do que o dos Estados Unidos. Por tal motivo, não interessa aos chineses conflitos armados, tanto por serem mau negócio, quando por exigirem gastos excessivos.

    Melhor será protelar e manter acesa a chama do protesto restrita ao nível diplomático.

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