Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 13 de Maio de 2011

    A incerteza de Obama

    20110513_emdia

     

    A grande interrogação na sucessão presidencial nos Estados Unidos é se o momento de glória do presidente Obama, pela morte de Osama Bin Laden, poderá significar um futuro incerto para ele na eleição de 2012. Em curto prazo, Barack Obama supera 50% de popularidade, porém mantém ainda elevado índice de desaprovação pelo desemprego que não cai. Será que manterá a popularidade até 2012? Vale recordar que a popularidade de George W. Bush no 11 de setembro saltou para 86%. Depois da prisão de Saddam Hussein, em dezembro de 2003, atingiu 63%. Ao deixar a presidência em 2009, cerca de dois terços dos americanos tinham opinião negativa a seu respeito, e não elegeu o sucessor.

    Em dezembro de 1992 assisti no Texas a uma Convenção republicana, na companhia dos então deputados federais Roberto Campos, Israel Pinheiro Filho, Nelson Jobim, José Lourenço e Flávio Rocha. Foi homologado, após uma semana de festas, o nome do presidente George Bush – 43º presidente americano –, que tentava a reeleição. O trunfo do candidato era ter atingido a marca de popularidade de 90% pela vitória alcançada na guerra do Golfo (1990-1991). O calcanhar de Aquiles de Bush foi o agravamento da crise econômica. Apurados os votos, perdeu para Bill Clinton. Os americanos puniram o fracasso econômico do governo Bush tirando-lhe o segundo mandato. Tornou-se célebre a frase de Clinton ao seu marqueteiro James Carville, definindo uma estratégia de campanha: “é a economia estúpido!”. A atual taxa de aprovação de Obama será posta a prova nos próximos 18 meses, quando enfrentará o obstáculo da economia ter crescido apenas 1,8%, no primeiro trimestre de 2011. O bolso sempre fala mais alto. A morte de Bin Laden credencia Obama, em nível de política externa. Persiste, entretanto, a dúvida em relação à agenda interna. A economia, a guerra do Afeganistão, a política de migrações, impostos, reforma da saúde e conflitos entre democratas e republicanos causam “dor de cabeça crônica”. Não se sabe em que proporção tais fatores influirão negativamente na tentativa de reeleição.

    Outro aspecto diz respeito à “guerra econômica” que os Estados Unidos enfrentam. Avançaram ultimamente na “guerra contra o terror”. Todavia, caberá a Obama manter a hegemonia econômica de superpotência mundial diante do risco da China superar os norte-americanos em 2016, como se prevê. O combate ao terror custa bilhões de dólares e atualmente quem mais compra títulos do Tesouro Americano são os chineses. Somam-se a essas dificuldades episódios recentes que abalaram o poder global dos americanos.

    Em novembro de 2010, o Wikileaks disseminou no planeta telegramas e mensagens diplomáticas com dúvidas e comentários dos Estados Unidos sobre governantes que vão da Argentina ao Zimbábue. Ao ler o material divulgado, o jornalista israelense Aluf Benn, do jornal Haaretz, comentou que significaria “a queda do império americano, o declínio de uma superpotência que comandou o mundo com seu exército e supremacia econômica”. Logo em seguida, explodiram as “revoluções do jasmim” no Oriente Médico, semelhantes às “revoluções de veludo”, que devastaram o leste europeu em 1989 e determinaram a queda do império soviético. Por outro lado, a morte de Bin Laden agravou as relações políticas com o Paquistão. A Casa Branca sabe o quanto é difícil construir parcerias em áreas de conflito. No Afeganistão, os americanos colocaram no poder o presidente Hamid Karzai e mantêm a ajuda externa de bilhões de dólares. Mesmo em tal circunstância, o chefe do governo afegãnistanes, incomodado por ter de receber com frequência enviados americanos, desabafou: “se querem um fantoche para chamar de parceiro, nada feito. Se querem um parceiro, sim, aí podemos conversar.”

    Historicamente, o dilema é que os Estados Unidos dependeram sempre de alianças com líderes locais, inclusive ditadores e governos autoritários. Herdaram essa estratégia dos colonizadores ingleses, cujo império informal na América Latina, Oriente Médio e China chegou a superar, em população, as colônias formalmente vinculadas como a Índia e países africanos. No início do século passado, os britânicos eram uma nação de apenas 40 milhões de habitantes, exército de 100 mil soldados e comandavam um império global de 400 milhões de seres humanos, praticamente um quarto da humanidade à época.

    Difícil medir, neste início de campanha presidencial, o tamanho das dificuldades que Obama enfrentará rumo a mais quatro anos na Casa Branca.

    A morte de Bin Laden foi uma vitória, que lhe garante popularidade.

    A reeleição continuará uma incerteza!

    i-twitter i-facebook i-rss-feed

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br


Notice: Undefined variable: categoria in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Trying to get property of non-object in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Undefined index: pagina in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Undefined variable: totalPaginas in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Undefined offset: 1 in /home/neylopescom/public_html/restrito/incs/funcoes.php on line 618