Brasília em Dia
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22 de Abril de 2011
A China venceu
Na largada do seu governo, a presidente Dilma Rousseff abriu diálogo objetivo com as maiores potências do planeta: Estados Unidos e China. Nota-se segurança na atual política externa brasileira, comandada pelo chanceler Antônio Patriota.
Ao contrário da visita do presidente Obama ao Brasil, a ida da presidente à China resultou em consideráveis avanços econômicos. Cabem, porém, algumas observações pessoais. O governo terá que fazer o dever de casa, priorizando a melhoria da infraestrutura e a aprovação das reformas política, tributária e trabalhista. Do ponto de vista empresarial, pareceu pouco pragmático o posicionamento de representantes empresariais na comitiva. Levantaram questões impróprias numa visita oficial. Será que a China irá desvalorizar o seu yuan para beneficiar as exportações brasileiras? Isto é assunto dos governos e do Bric. Compete às empresas agregar valor às suas commodities, como resultado de ganhos de produtividade e de inovação. Esta tarefa é nossa e não dos chineses. Inócuo abordá-la. No mínimo, houve ingenuidade nisso.
A competitividade chinesa não constitui problema apenas para os empresários brasileiros. É um problema do mundo e resulta de 30 anos de crescimento contínuo. A iniciativa privada nacional terá de considerar o fato de a China ser o maior destino das nossas exportações e com quem temos superávit. Há espaços para expansão de mercado no agronegócio – inclusive, venda de terra agrícola –, processamento de minério, alimentos, sobretudo na oferta do etanol, a grande opção energética que o Brasil oferece ao mundo. Feito isto, os resultados virão com a prática do “guanxi”, que na China significa abrir a porta para iniciar negócios, agilizar trâmites administrativos e desenvolver bons relacionamentos. Eles preferem lidar com as pessoas que conhecem e confiam e não com quem sempre reclama.
Tive oportunidade de relacionamento com a China. Como deputado e presidente do Parlatino, mantive negociação política com o sr. Wu Bangguo, presidente da Assembleia Popular Nacional da China e segundo homem na linha do poder chinês. Em 2005, a Assembleia Popular foi aceita como observadora permanente do Parlatino, que representa 22 parlamentos latino-americanos e do Caribe. Na ocasião, o sr. Bangguo ressaltou a importância da integração política com os parlamentos da América Latina, o que logo resultou no restabelecimento das relações diplomáticas da China com a Costa Rica. El Salvador caminha no mesmo sentido. O sr. Wu Bangguo fez questão de visitar a então sede do Parlatino em São Paulo (em setembro de 2006) para agradecer pessoalmente.
Em parceria com a China, o Parlatino promoveu conferência sobre medicina tradicional. Seguiu-se a aprovação de várias leis na América Latina, recomendando ao sistema público de saúde o atendimento com remédios tradicionais à base de plantas de menores custos. Em consequência, o SUS assegurou o acesso da medicina tradicional para os seus usuários. Atualmente, a Assembleia Popular da China colabora na construção da sede permanente do Parlatino, na cidade do Panamá. Infelizmente, a diplomacia parlamentar é pouco valorizada no Brasil, ao contrário do que ocorre nos EUA. O Congresso Nacional poderia ajudar muito.
A China venceu no balanço final das visitas de Brasília e Pequim, se forem comparados os resultados concretos. Observe-se, apenas, que os nossos empresários precisarão praticar o “guanxi” com os chineses, em vez do discurso do choramingo, dos pedidos de benefícios e da repetição do óbvio ululante, que resulta em nada lá fora.
Chineses e o Parlatino
O colunista à época presidente do Parlatino recebeu em 2006, na sede do Parlatino em São Paulo, Sr. Wu Bangguo. Ele permanece na presidência da Assembléia Popular Nacional da China e recepcionou a presidente Dilma Rousseff em Pequim. O líder chinês foi condecorado no Parlatino, com o Grã-Colar da Ordem do Mérito Latino-Americano. Clique na imagem para ampliá-la.Coluna semanal
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