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Brasília em Dia

  • 29 de Janeiro de 2011

    A lição dos chineses ao Brasil

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    A presidente Dilma Rousseff irá à China no dia 13 de abril, a fim de participar da Cúpula dos Brics – bloco de países em desenvolvimento que reúne o Brasil, a Rússia, a Índia e a China. Este será o primeiro desafio na definição das diretrizes da política externa da nova governante.

    De 2002 para cá, o Brasil tem colocado as relações comerciais com a China como uma espécie de sucessivas vitórias alcançadas pelo governo. Inegavelmente, ocorreram avanços positivos, porém uma indagação persiste em relação a riscos de sucateamento da indústria nacional. Levantamentos da Fiesp confirmam o oneroso déficit em manufaturados, na ordem de U$ 24 bilhões, o que significa aumento de 60% em relação a 2009. Em sete anos, esse saldo cresceu US$ 22 bilhões. As vitórias de que fala o governo se referem a um saldo positivo de U$ 5 bilhões decorrente da exportação de produtos básicos, impulsionado pela alta no mercado internacional.

    Relatório de pesquisa econômica (IOS/DGB) analisa as relações do Brasil com a China, após a ascensão chinesa. Entre 1998 e 2003, verificou-se expansão das exportações brasileiras (400%), contra elevação de 108% das importações provenientes da China. Pós-2003, inicia-se um período em que as exportações brasileiras crescem pouco mais de 100%, enquanto as exportações chinesas para o Brasil mais do que quintuplicam. Em abril de 2009, a China tornou-se a primeira parceira comercial do Brasil. Ultrapassou os Estados Unidos, maior e principal destino dos produtos brasileiros nos últimos oitenta anos.

    Os analistas são unânimes em apontar o aço e a soja como principais itens de importação da China, sem possibilidade de substituição no comércio internacional. Tal fato daria poder de barganha ao Brasil para negociar investimentos produtivos no país.

    O fato de a China ter priorizado a fabricação de aço do mundo – produz quase a metade da demanda global – faz que ela necessite do nosso minério de ferro, a sua principal matéria-prima. Daí porque o país se transformou em cliente privilegiado da Vale do Rio Doce, a maior produtora de minério de ferro do mundo. Em 2000, o ferro representava 5% das exportações nacionais. Em 2009, chegou a cerca de 9%. As reservas medidas de minério de ferro no Brasil alcançam 33 bilhões de toneladas, situando o país em quinto lugar em relação às reservas mundiais de 370 bilhões de toneladas.

    O nosso índice de exportação da soja vendida em grão, farelo e óleo para os chineses atingiu cerca de 9% em 2010. A pesquisadora Lia Valls Pereira, da Fundação Getulio Vargas (FGV), aponta a China como o principal destino das exportações do Brasil. Em 2010, ficou com 15,3% das vendas externas brasileiras, bem acima dos 9,6% dos EUA e dos 9,2% da Argentina. A desvantagem está no fato de que o Brasil exporta quase sem agregar valor. Do açúcar, por exemplo, apenas 29% foi de produto refinado. Do volume da soja, cerca de 65% foi em grãos. Um dos caminhos da renegociação pretendida pela presidente Dilma Rousseff será agregar valores à exportação nacional.

    A China é carente de energia e alimentos, o que coloca em posição de destaque os resultados alcançados pelo “agrobusiness” brasileiro, como fonte de ampliação das nossas exportações. Além do mais, há preocupações comuns aos dois países, tais como a redução da pobreza, a oferta de empregos, a qualificação de mão-de-obra no campo, além da melhoria da qualidade da água, do ar e da diminuição do chamado efeito estufa.

    Uma coisa parece incontestável. No mundo de hoje, as relações econômicas e políticas com a China merecem tanta atenção quanto as efetivadas com os Estados Unidos. Afinal, são as duas maiores economias do planeta. A China superou o Japão, que durante 40 anos ocupou o pódio como a segunda potência mundial. Embora seja necessário aguardar 14 de fevereiro para a divulgação oficial do crescimento japonês em 2010, o governo do Japão já admite que a China passou à sua frente. O PIB da China superou em 2010 os US$ 6 trilhões. O PIB japonês fechará abaixo de US$ 5,5 trilhões.

    Será complexa a tarefa da presidente Dilma Rousseff em Pequim, a partir do próximo dia 13 de abril. O perfil de executiva da chefe do governo brasileiro imprimirá, sem dúvida, maior realismo às negociações comerciais com a China. Os chineses ensinam ao mundo que o comércio é global, porém os interesses nacionais estão em primeiro lugar. Como bons alunos da sabedoria chinesa, os membros da delegação brasileira poderão repetir o mesmo argumento. Esta é a lição que os chineses dão ao Brasil.

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

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