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Brasília em Dia

  • 15 de Janeiro de 2011

    Oposição: a que e a quem?

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    A partir de primeiro de fevereiro, a presidente Dilma Rousseff terá o apoio de 402 deputados (do total de 513) e 59 senadores (do total de 81). Isto significa cerca de 13% a mais do que no período Lula. O PT alcançou a sua meta. É o maior partido da Câmara dos Deputados, com 88 parlamentares.

    E a oposição brasileira, como ficará? Esta indagação paira no ar.

    Já se notam tentativas de rumos aqui, ali e acolá. O senador Aécio Neves saiu das urnas como um líder nacional. Colocou no Palácio Tiradentes, em seu lugar, o vice Antonio Anastasia. Elegeu-se com folga para o Senado, em companhia do ex-presidente Itamar Franco. Sob a sua liderança estão grupos de deputados na Assembleia de Minas e na Câmara Federal. Ele defende a refundação do PSDB, o que não é acolhido pelo ex-presidente FHC. Outro tucano vitorioso é o governador Geraldo Alckmin, cuja trajetória política de persistência e coerência o credencia também como líder nacional sem contestações. Os dois poderão aspirar à Presidência da República em 2014. Terão árduo caminho pela frente.

    O DEM lutará para sobreviver, conduzindo o pesado ônus de ter permitido o rótulo de partido conservador, quando na verdade o liberalismo social é uma bandeira de mudanças sociais, com maior aproximação às teses progressistas (e até de esquerda moderada) do que os democratas sociais. O partido esqueceu de ter viabilizado a redemocratização, o que permitiu as eleições diretas no país. Infelizmente, o discurso liberal confundiu-se com a proteção às elites e a cultura patrimonialista, sendo muitas vezes no período FHC “mais realista do que o rei”. A história, ao contrário, mostra que a partir do século XIX a verdadeira doutrina liberal-social assumiu o perfil de força revolucionária e mobilizou as massas pobres, oprimidas pelos nobres e pelos reis absolutistas. Os liberais ingleses, em pleno laissez faire, implantaram a proteção ao trabalhador (horas extras e outros direitos). O imposto de renda nasceu sob inspiração liberal-social. Um dos pioneiros das ideias autenticamente liberais no Brasil foi o jornalista Hipólito da Costa, fundador do respeitável periódico Correio Braziliense. Na inadiável refundação – para usar a palavra da “moda” – caberá ao DEM adequar-se à doutrina liberal-social. Aliás, na sua refundação, o DEM poderá também assumir em definitivo a posição de “partido conservador”, a exemplo da Colômbia e de tantos outros países. Certamente, será mais bem sucedido do que com a hibridez atual.

    Enquanto isso prospera o imbróglio dos partidos de oposição. Segundo o jornalista Josias de Souza, o maior obstáculo é que “o partido, como se sabe, é uma agremiação de amigos 100% feita de inimigos. O axioma revela-se incontornável a cada eleição”.

    Refundar, reorganizar, reformular, qualquer que seja a denominação dada, começará pelo que declarou o diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz: “Discurso mais voltado para o confronto de ideias e o aperfeiçoamento das políticas públicas”. Não há lugar para “nhém-nhém-nhém”, na expressão do jornalista Jorge Bastos Moreno.

    O líder do DEM no Senado, senador José Agripino Maia, já se manifestou favorável à formulação de um elenco de proposições partidárias para ser apresentado à presidente Dilma Rousseff. Este caminho possibilitará que a oposição perca o medo manifestado na campanha – segundo o senador Demóstenes Torres – de confrontar-se com a popularidade do governo. A senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), com lucidez, opinou ser necessário “garantir a governabilidade”. Este aspecto foi abordado em artigo recente que escrevi para Brasília Em Dia (“A mão da presidente”, em 08.01.11).

    O resumo da ópera é que no Brasil não existem partidos programáticos, mas sim ajuntamentos eventuais. De um lado, o governo, que deu certo, apoiado por ampla maioria parlamentar. De outro, a oposição, que obteve boa fatia de apoio popular, mas está sem rumo, sem saber “a que e a quem fazer oposição”.

    Difíceis previsões. Uma coisa é incontroversa: quem sabe o que quer deve mostrar os caminhos. O governo quer continuar Lula. Caberá à oposição mostrar, concreta e objetivamente, propostas e caminhos futuros para o Brasil, sem medo de criticar ou fazer justiça a Lula, Dilma, Itamar, Sarney ou a FHC. O eleitor separará o joio do trigo na hora de votar. Assim seja!

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

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