Brasília em Dia
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15 de Maio de 2010
Para onde irá o “euro”?
Uma verdadeira chuva de euros (750 bilhões) foi anunciada para tentar salvar o modelo comunitário implantado na Europa em 1958, com a criação da chamada “Comunidade Econômica Européia”. Em 1 de novembro de 1999, o Tratado da União Europeia (TUE) - conhecido como “Tratado de Maastricht” - criou a moeda única do euro, cuja circulação teve início em janeiro de 2002, com o objetivo de unificação monetária, facilitação do comércio e a integração européia.
Completados 52 anos de vida da comunidade européia e 8 anos de circulação do euro, parte da economia acha-se mergulhada em dívidas, com sinais caóticos e preocupantes. A Grécia, o país com menores dívidas na “comunidade” (238 bilhões de euros e 3% da “zona do euro”), representa a “ponta do iceberg”. Muito mais grave é a situação da Itália, que lidera a lista de devedores, com 1.4 trilhões de euros. Seguem-se a Espanha com 1.1 trilhões; Irlanda com 867 bilhões e Portugal com 286 bilhões. Observe-se que um terço da dívida portuguesa é à Espanha.
Dos 46 países independentes no continente europeu, 27 integram atualmente a União Européia: Alemanha, Áustria, Bélgica, Bulgária, Chipre, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Romênia e Suécia) Apenas, 16 destes países aceitam o euro como moeda.
O sistema financeiro europeu capitalizou-se, através da emissão de dívidas. Admitiu-se que quanto mais dívida emitida, mais moeda haveria e mais demanda por bens e serviços. A economia em crescimento possibilitou o reembolso das dívidas com os juros. A economia em crise dificultou o reembolso da dívida com juros, tornando-se um pesadelo. É isto que ocorre na Europa de hoje.
Os gregos cresceram com o dinheiro de terceiros. O Tratado de Maastricht estabeleceu que o limite de endividamento dos países fosse no máximo de 3% do PIB de déficit público e 60% de dívida. O déficit grego atingiu 13% e a dívida 120%. Em 2011, a dívida grega corresponderá a 125% de sua atividade econômica.
A situação da Grécia traz ao debate a necessidade de nova configuração da “zona do euro”, como única alternativa de salvação da moeda e dos bancos. Boa parte do “pacote” de 750 bilhões de euros (equivalente a mais da metade da produção de bens e serviços do Brasil em 2009) comprará títulos dos países endividados, não absorvidos pelo mercado. Na prática, o pacote substituirá o mercado. Caso a epidemia monetária se espalhe, os bancos suspenderão os empréstimos, a exemplo do que ocorreu com o Lehman Brothers no final de 2008, afetando a oferta de empregos.
Todos os países que adotaram o “euro” passaram a ser conduzidos pelo Banco Central Europeu (BCE), o Fundo Monetário Internacional e as agencias de riscos. O BCE controla integralmente a política monetária. O FMI impõe limites artificiais para o ajuste da política econômica. As agências de riscos classificam a dívida dos países, em função de critérios unilaterais e os parâmetros inflexíveis do Tratado de Maastricht.
A crise européia não se restringe ao tamanho da dívida pública, mas sim a salvação do “euro”, cujo colapso afetará todo o planeta. O experiente mega investidor Soros advertiu sobre falha fundamental na “zona euro”, que é a ausência de política econômica e orçamentária comum, além de mecanismo que responda às crises, com a possibilidade de emissão de “obrigações em euro”, empréstimos lançados em conjunto pelos Estados membros.
Já se fala em perigo de guerra civil na Grécia, onde a população sofre menos influência da elite econômica e se mostra indignada com a disciplina ditada pelo FMI. A solução certamente dependerá de flexibilização na ortodoxia econômica do FMI, França e Alemanha, os dois últimos maiores credores e dependentes de importações dos países europeus. O maior risco é que as duras medidas econômicas reduzam a demanda da população e somadas às crises do Japão e Estados Unidos levem a Europa ao caos em 2010.
O Brasil não está “blindado”. Poderá sofrer impactos no saldo comercial com a área do euro, além de desvalorização do dólar e valorização do real. O fluxo de capitais vindo em nossa direção impõe cautelas e medidas preventivas, tal como o aumento do IOF (alíquota atual é 2%), na aplicação em títulos e na Bolsa.
A grande indagação que paira é para onde irá o “euro”, se der errado o “pacote” de salvação, aprovado pela União Européia? Só Deus sabe!
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