Opinião
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14 de Fevereiro de 2010
Política em ritmo de samba
Nada melhor do que o carnaval para retratar a política brasileira, especialmente a do Rio Grande do Norte. Os fatos desencontrados e inesperados se assemelham aos batuques contagiantes e envolventes do samba, ritmo nascido no Rio de Janeiro no final do século XIX, dançado pelos negros imigrantes baianos, do tipo o “samba do crioulo doido”, a composição de Stanislaw Ponte Preta
Como declarou, certa vez, o senador Garibaldi Filho “ninguém é de ninguém”. E todos são de todos! A ordem é sobreviver a qualquer custo, independente do preço pago. A opinião pública assiste atônita. Impossível prever a reação das urnas.
Idéias, inovações, programas e propostas são jogados no baú do esquecimento. Ninguém sabe, ninguém viu. Substitui-se a coerência pela emoção e o improviso do samba político.
Tudo tem origem em cenas e fatos do passado.
Em 2002, o PT para “sobreviver” e ganhar a eleição, deixou de lado compromissos mínimos com a verdade e a coerência. Limitou-se a condenar veementemente as políticas econômico-sociais dos dois governos de FHC. Pregou a radical mudança do modelo econômico vigente. Lula chegou ao governo, assinando antes a “carta ao povo brasileiro”, quando consentiu em recorrer ao FMI. Neste particular, o presidente foi coerente. Já em 2003 firmava o seu próprio acordo com o FMI e estabelecia diretrizes idênticas aos anteriores, assinados no Governo FHC !!!
Na política externa, o objetivo é transformar o Presidente Lula numa liderança mundial. O jogo diplomático brasileiro tem sido de empates permanentes, ao contrário de Jackson do Pandeiro, que cantava “o jogo não poder ser um a um”. A extrema cordialidade dispensada ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, é um dos exemplos mais concretos. O governo para sair bem na foto colocou o tapete vermelho e agradou os “companheiros” Morales, Rafael Correa e Chávez. Ao mesmo tempo, justificou-se perante o presidente Obama, alegando que tivera o cuidado de antes receber os presidentes de Israel, Shimon Peres e da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
Na sucessão presidencial, os passos de samba continuam. O governo antecipa a propaganda eleitoral, com o lançamento público da candidata Dilma Rousseff, divulgada em inaugurações e comícios permanentes. O ritmo tonteia a oposição, que se mostra leve e sem preparo físico para acompanhar as evoluções do Planalto. Se requerer a aplicação da lei eleitoral, o governo diz que está intimidada. Se nada fizer corre o risco de perder fôlego eleitoral. É o caso de lembrar: “se correr o bicho pega; se ficar o bicho come”.
No Rio Grande do Norte o “vai e vem” continua. Três candidatos ao governo estão a frente da ribalta. Uma de oposição (senadora Rosalba Ciarlini) e dois do governo (Iberê Ferreira e Carlos Eduardo). Por “habilidade” e “competência” – desculpe o leitor o uso impróprio desses termos – alardeia-se que política se faz somando. Nessa linha somam-se quantidades heterogeneas e ficticias, que só existem na aparência. Na política, como no comércio, há aqueles que vendem e não entregam....
Neste domingo de carnaval melhor será melhor esperar na TV o desfile da Sapucaí. Os passos de lá têm lógica e ritmo próprio. Os de Brasília e do RN são do tipo Chacrinha: “não vim para explicar. Vim para confundir!
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Ney Lopes – Jornalista; advogado e ex-deputado federal
Publicado aos domingos nos jornais
DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte -
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