Brasília em Dia
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20 de Março de 2010
Dificil, mas não impossível!
Será que a secretária de estado americana, Hillary Clinton, após a sua visita ao Brasil terá se convencido de que Lampedusa tinha razão ao escrever “tudo deve mudar para que tudo fique como está"? Ou, ela reforçou uma “aliança” com o governo brasileiro, preparando a visita do presidente Lula ao Irã em maio?
Rio Branco, que esteve à frente da política externa brasileira de 1902 a 1912, lançou os alicerces das nossas relações com os Estados Unidos, no que denominou “aliança não escrita”. A justificativa econômica era o fato de serem os americanos, à época, os principais compradores do café, borracha e cacau brasileiro. Idêntico quadro se repete em 2010. O comércio bilateral com os americanos (exportações e importações) atinge cerca de U$ 36 bilhões, apenas um pouco menos do que a China.
Em 2010 - a exemplo do início do século XX - o Brasil continua na posição de amortecedor na América Latina e Caribe, considerados os vários conflitos provocados pela política norte-americana na região. Certamente de olho em tais circunstâncias, a política externa brasileira pratica a máxima de “uma no ferro, outra na ferradura”.
Será que o Brasil age com pragmatismo, ou, por trás estaria o “sotaque” herdado dos companheiros Chávez, Correa e Morales?
Uma coisa é verdadeira: historicamente, os americanos prestigiam mais os que lhe fazem medo, do que aliados incondicionais. O presidente Obama se elegeu no combate acirrado à política externa de Bush. Hoje, segue a mesma trilha, com pouquíssimas diferenças. Sustenta, na prática, a filosofia de Adam Smith, de que o egoísmo individual soma muito para a felicidade de todos. As guerras no Afeganistão e no Iraque consomem cerca de US$ 4 bilhões de dólares, por semana.
Obama dobrou o número de soldados americanos no Afeganistão. Para justificar-se usou o medo, a mesma técnica anterior. Propagou que os terroristas talibans poderiam roubar artefatos nucleares, pondo em risco a segurança do mundo.
Em relação ao Brasil, a secretária Hillary Clinton deixou clara a posição de combate ao Irã. A irritação americana teria começado com a decisão do presidente Lula receber Mahmoud Ahmadinejad, no Palácio do Planalto e a relutância em apoiar sanções contra o país na ONU. O Brasil defende que o Irã não deve ser isolado pela comunidade internacional.
Em verdade, não se pode negar que os Estados Unidos serão por muito tempo o ator político mais importante do planeta, em função da sua influência nas áreas diplomáticas, econômicas, políticas, militar e cultural. A julgar pelos exemplos na política externa norte-americana de concessões políticas com notórios adversários no oriente médio, não será demasia supor que, por trás da ribalta, o presidente brasileiro desempenhe o papel de interlocutor informal da Casa Branca, em razão da sua condição de aparente isenção, por ser um governante tido como de esquerda. Seria uma maneira de manter o canal aberto dos americanos com Chávez, Correa, Morales e o próprio Mahmoud Ahmadinejad. Outra hipótese seria o governo brasileiro usar politicamente tais circunstâncias para robustecer o palanque eleitoral interno em 2010 e evitar divergências no PT?
As suposições nascem, em função da vivência sindical do Presidente na intermediação de negociações e o fato da América Latina continuar isolada do governo dos Estados Unidos. Os americanos priorizam o Afeganistão, Iraque, Irã e até países de conhecido autoritarismo como Arábia Saudita, onde mantêm uma base militar, mesmo sabendo que lá se financia e promove o extremismo dos grupos fundamentalistas do islamismo político sunita.
Na verdade algumas interrogações persistem nas relações do Brasil com os Estados Unidos, a julgar pelas declarações recentes dos dois governos. De um lado, o Chanceler Celso Amorim apela para o nacionalismo tupiniquim ao declarar: “cada país tem que pensar com a sua própria cabeça. Nós pensamos com a própria cabeça”. De outro lado, a secretária Hillary Clinton ameniza o tom de voz para concordar com Amorim, ao dizer: “achamos que a negociação e o diálogo são o melhor caminho do que a pressão”.
Tudo isto significaria que os Estados Unidos estariam apostando no interlocutor, Luiz Inácio Lula da Silva, conseguir abrir o diálogo com Mahmoud Ahmadinejad, na sua visita ao Irã em maio? Ou, conter os arroubos antiimperialistas dos “companheiros” latino americanos?
Difícil? Sim. Mas não impossível para “o cara”, que é candidato a secretário geral da ONU.
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