Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 13 de Fevereiro de 2010

    No passo do samba

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    Estamos em pleno carnaval. Uma das marcas desta festa popular é o samba, nascido no Rio de Janeiro, no final do século XIX, dançado pelos negros imigrantes baianos. O ritmo alastrou-se por todo o país, com batuques contagiantes e envolventes.

    A política brasileira, em algumas situações, assemelha-se a passos de samba no carnaval, tipo “samba do crioulo doido”, a composição de Stanislaw Ponte Preta. Difícil (ou impossível) compreender certas coisas que se viu e outras que se vê. Só há a explicação de que o “passo do samba” substitui a coerência pela emoção e o improviso do ritmo. Prevalecem as evoluções desencontradas, divulgadas na mídia.

    O desempenho do governo petista, a sucessão presidencial em marcha e a leveza da oposição refletem verdadeira cadência de sucessivos passos de samba, na passarela da opinião pública.

    Notem-se certas observações e fatos.

    A vitória do PT em 2002 expressou equivocada rejeição popular, em relação às políticas econômico-sociais dos dois governos de FHC. Na campanha eleitoral, o PT pregou a radical mudança do modelo econômico vigente. Atribuiu que as dificuldades sociais eram resultado de omissões do então governo. O lema de campanha – “Brasil para todos” – assumiu três compromissos: crescimento econômico; geração de empregos; diminuição das desigualdades. Lula chegou ao governo, assinando antes a “carta ao povo brasileiro”, quando consentiu em recorrer ao FMI. Neste particular, o presidente foi coerente. Já em 2003 firmava o seu próprio acordo com o FMI e estabeleceu diretrizes semelhantes aos anteriores, assinados no Governo FHC. O argumento era a necessidade de obter uma espécie de “cheque especial” (US$ 15 bilhões) para utilizar em hora de crise.  Passado o tempo, o PT contabiliza o seu maior acerto, que foi o de contrariar o próprio palanque e manter, integralmente, as linhas da política econômica que herdou. Tudo começou com a entrega do comando do Banco Central a um competente técnico – Dr. Henrique Meireles-, que ganhara mandato de deputado federal na legenda do PSDB (adversários ferrenhos do PT) e fora presidente do Banco de Boston, símbolo do capitalismo mundial.

    Sem dúvida, “passo de samba” bem sucedido do presidente Lula.

    Na política externa, o objetivo é transformar o Presidente numa liderança mundial. O jogo diplomático brasileiro tem sido de empates permanentes, contrariando Jackson do Pandeiro, que cantava “o jogo não pode ser um a um”.  A extrema cordialidade dispensada ao presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, é um dos exemplos mais concretos. O governo para sair bem na foto colocou o tapete vermelho e agradou os “companheiros” Morales, Rafael Correa e Chávez.  Ao mesmo tempo, justificou-se perante o presidente Obama, alegando que tivera o cuidado de antes receber os presidentes de Israel, Shimon Peres e da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, além de manifestar-se a favor do uso pacífico da energia nuclear.

    Para “ternurar” a ala radical latino-americana indagou publicamente por que os Estados Unidos admitem que outros países usem a energia nuclear e queiram proibir somente o Irã?  Obama explicou que a sua intenção é evitar que a humanidade se coloque à beira da destruição total. Pelo tratado de não proliferação de armas nucleares são proibidos testes reais com os novos artefatos. Os testes virtuais realizados por supercomputadores têm um custo extremamente elevado. Virá a guerra inevitável, se o Irã for liberado e tiver a moderna tecnologia de enriquecimento do uranio.

    Sensibilizado pelos argumenos de Obama, o próximo “passo” do governo é a promessa de abrir espaço nas conflitantes relações dos Estados Unidos com Irã, na pogramada visita presidencial brasileira aquele país. “Uma no ferro, outra na ferradura”, para empatar o jogo!

    Na sucessão presidencial, os passos de samba continuam. Estimulado pelas pesquisas, o governo avança na propaganda eleitoral, com o lançamento público da candidata Dilma Rousseff, divulgada em inaugurações e comícios permanentes. O ritmo tonteia a oposição, que se mostra leve e sem preparo físico para acompanhar as evoluções do Planalto. Se requerer a aplicação da lei eleitoral, o governo diz que está intimidada. Se nada fizer corre o risco de perder fôlego eleitoral. É o caso de lembrar: “se correr o bicho pega; se ficar o bicho come”.

    Neste domingo de carnaval melhor será melhor acompanhar na TV o desfile da Sapucaí. Os passos de lá têm lógica e ritmo próprio. Os de Brasília são do tipo Chacrinha: “não vim para explicar. Vim para confundir!

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br


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