Opinião
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10 de Janeiro de 2010
Eleitor: o juiz do futuro
Afinal, 2010. Terminam as festas e começam os desafios. Justifica-se certo otimismo: menos conformismo com o presente e tênue confiança de que o futuro “poderá” ser diferente.
Na vida diária, cada um busca a paz, saúde e prosperidade. Quando se pensa no coletivo, o ponto de equilíbrio para a harmonia da sociedade é a eficiência do papel desempenhado pelo Estado. A ele cabe dosar as ações, que conduzam a melhor, ou pior qualidade de vida do cidadão.
O início de ano eleitoral parece ser o momento propicio para algumas reflexões. Estou convencido, de que as ideologias incentivaram o dogmatismo, o radicalismo e a intolerância no mundo. Sobrevivem as doutrinas, assim entendidas como princípios rígidos, que se adaptam as circunstâncias do tempo e do espaço.
Nos anos sessenta – militante da política estudantil - comecei a ter preocupações, acerca do papel do Estado nas questões políticas, econômicas e sociais e a preservação do interesse coletivo. Naquela época, li e idolatrei o padre Lebret (“Dinâmica do Desenvolvimento”), Jacques Maritain (“Humanismo integral”), Alceu de Amoroso Lima (Introdução à Sociologia”), Leon Blois (“Moral e sociologia”), André Piettre (“Marxismo”) e outros. Diante do dilema capitalismo vs comunismo, todos esses autores defendiam princípios, com base na doutrina social cristã. Logo depois, veio a contribuição do Papa João XXIII, com as encíclicas Pacem in terris e Mater et Magistra.
Mais tarde – 26 de dezembro de 1991 - Mikhail Gorbachev, então presidente soviético, decretou a “perestroika”. Acabou a guerra fria, extirpou a intolerância ideológica do comunismo stalinista e mudou a história da humanidade. Gorbachev demonstrou, que a rigidez do marxismo conduzia a Rússia ao abismo.
A experiência histórica demonstra que, se colocadas numa bandeja, as concepções capitalista, socialista, marxista, liberal e outras têm acertos e desacertos. Nenhuma é infalível. As soluções eficazes nascem do equilíbrio e preservação de princípios (e não de dogmas), além da criatividade daqueles que exerçam funções públicas, ou privadas.
Num ano eleitoral é imprescindível chamar a atenção para a escolha do eleitor nas urnas. Tudo começa neste ponto. Votar em quem não sabe o que quer será simplesmente aprofundar o caos atual e se tornar co-autor dos escândalos, que a cada dia surgem na política brasileira.
Melhor um adversário competente, do que o sufrágio dado ao incompetente, ou oportunista!
O voto deve condicionar-se a idéias concretas e ao preparo pessoal do candidato. Não há lugar para blá, bla, ba, ou vedetismo. É semelhante a um avião em pane. Não adiantará boa vontade dos passageiros. Ou alguém conhece o manejo da aeronave, ou a tragédia se tornará inevitável. Na política, aos vitoriosos cabe preservar princípios e adotar rumos firmes. Do contrário, sobrarão os “mensalões” etc.....
Infelizmente, percebe-se no debate eleitoral já iniciado, apenas o anúncio freqüente de acordos e conluios eleitorais. Verdadeiro “toma lá, dá cá”. Poucos se comprometem com o futuro. As “uniões” e “coligações” artificiais, se assemelham a “paz dos pântanos”. A única certeza será a repetição dos erros e riscos do passado.
Em tudo cabe indagar, onde ficará o interesse público?
Com a palavra para responder, o juiz do futuro, que é o eleitor!
- Ney Lopes – Jornalista; advogado e ex-deputado federal
DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte
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