Opinião

• 29 de Novembro de 2009

  Telefonema de Lula à Obama

  

   

  Nem bem o avião do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, prosseguiu viagem, o presidente Lula teria ligado para o presidente Barack Obama. 

  Lula: Olá “companheiro” Obama. Tudo bem?

  Obama: Bem como “cara”? Você me deu cotoveladas ao receber Mahmoud Ahmadinejad, com honras de amigo pessoal em Brasília.

  Lula: Calma “companheiro”. Não julgue pelas aparências. Você sabe que lhe quero muito bem.

  Obama: Que amizade é essa “cara”! Você enfraquece os esforços mundiais para pressionar o Irã no seu programa nuclear.

  Lula: Muito pior seria o isolamento! Deixe esse “jogo” comigo “companheiro”. Sei fazê-lo muito bem, desde que era metalúrgico. Sempre conversava com os patrões e depois acertava tudo com a peãozada. Até o general Golbery, chefe revolucionário de 64, me achava “jeitoso”.

  Obama: Respeito a soberania brasileira. Já que me ligou, não posso deixar de reconhecer o direito do Brasil manter relações diplomáticas com o Irã. Entretanto “cara” é “demais” levar Ahmadinejad para dentro de casa, como hóspede especial.

  Lula: Veja “companheiro” que tive o cuidado de antes receber os presidentes de Israel, Shimon Peres e da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. Além do mais, sou a favor do uso da energia nuclear apenas para fins pacíficos.

  Obama: Permita-me perguntar “cara”: que fins pacíficos pode ter Ahmadinejad? Ele deseja abertamente “acabar com Israel”. Ele nomeou para seu ministro da Defesa, um terrorista procurado pela Interpol, em razão de ter comandado atentado ao centro judaico de Buenos Aires em 1994, causando a morte de quase 100 pessoas.

  Lula: “Companheiro” posso lhe fazer uma pergunta?

  Obama: Claro que pode “cara”.

  Lula: Jura? Olhe que não quero perder a sua amizade, pois Morales, Rafael Correa e Chávez não me suportam. Faço tudo isto para neutralizá-los e ajudar a nossa parceria. Veja que até hoje o meu comandante do Banco Central é um ex-presidente de um dos maiores Bancos norte-americanos. Prova da nossa amizade.

  Obama: Entendo tudo isto, porém nesse episódio você está tentando fazer um “omelete”, sem quebrar os ovos.....

  Lula: Por que os Estados Unidos admitem que outros países usem a energia nuclear e quer proibir somente o Irã?

  Obama: Compreenda “cara”! Queremos apenas evitar que a humanidade seja colocada à beira da destruição total. Pelo tratado de não proliferação de armas nucleares são proibidos testes reais com os novos artefatos. Os testes virtuais realizados por supercomputadores têm um custo extremamente elevado. Será a guerra inevitável, se o Irã for liberado e tiver a moderna tecnologia de enriquecimento do uranio. Isto é óbvio!

  Lula: Sabia que eu não tinha conhecimento desse argumento? Os meus três ministros das relações exteriores – Celso Amorim, Marco Aurélio e Samuel Guimarães – nada me informaram sobre esse risco.

  Obama: Tem mais “cara”. Por que o Irã dá tanta prioridade à energia nuclear, se possui as maiores reservas de petróleo do mundo?

  Lula: Você tem razão “companheiro”! Eu já disse várias vezes que não gosto de livros. A leitura me “dá sono’. Mas, agora irei ler sobre energia nuclear e voltaremos a conversar.

  Os dois presidentes despediram-se. O interprete brasileiro prometeu de “pé junto” nada falar sobre o diálogo secreto. Lula tranqüilizou-se. Temia que os radicais do seu partido e a “imprensa escandalosa” deturpassem o telefonema...

  Post scriptum: Chavez (Venezuela) e Ahmadinejad (Irã) planejam exercer grande influência política e econômica, na América Latina e Caribe. Até agora, os dois já firmaram acordos de mais de 6 bilhões de dólares, inclusive banco binacional, fábricas de carros e tratores, aerolíneas, tecnologia e até serviços espaciais.

   

  • Ney Lopes – Jornalista; advogado e ex-deputado federal

  Publicado aos domingos
  nos jornais DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
  Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte

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