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Brasília em Dia

  • 24 de Outubro de 2009

    Males que vem para o bem

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                Repercutem entre analistas e técnicos as previsões de que a crise econômica global passou. No Brasil, diz-se que o pânico foi mais psicológico, do que financeiro.

                Há realmente sinais de que a crise arrefeceu. Entretanto, temerário afirmar que já terminou. O furacão econômico teve origem na utilização abusiva do dinheiro. Esta não foi, todavia, a única fonte de perigo para o mundo. Não se deve esquecer que a grande maioria dos habitantes da terra não têm dinheiro a perder. Eles não perdem a casa, porque nunca tiveram casa. As maiores conseqüências do estremecimento bancário foram os efeitos causados pelo aumento dos alimentos, a instabilidade dos preços de combustíveis e as mudanças climáticas. A crise – com projeções em longo prazo – agravou a pobreza extrema, que desestabiliza a sociedade e o funcionamento das instituições. A extrema pobreza que põe em risco a paz coletiva.

                Muitos defendem que as dificuldades econômicas poderão abrir novas oportunidades de empregos, divisão mais equitativa das riquezas do planeta e superação da pobreza. As somas fabulosas de dinheiro gastas para salvar indústrias e bancos poderão abrir novos horizontes para o desenvolvimento, desde que haja além da injeção financeira, a vontade política dos governos para tal.

                A análise da crise mundial associa-se ao debate sobre o fenômeno da globalização, iniciada no final do século passado. Em razão de tal fato, coloca-se como urgência urgentíssima a necessidade de criação de novo sistema de reservas mundiais, menos dependente do “dólar americano”, na prática a moeda mundial. Tal objetivo será alcançável, com a maior utilização dos direitos especiais de giro financeiro do FMI. Outra sugestão é a definição de um mecanismo preventivo, que administre as crises ligadas às dívidas externas dos países, criando-se o Tribunal Internacional de Insolvências. Discute-se também a urgência do reforço à cooperação fiscal internacional para aumentar o fluxo de informações e o combate a evasão fiscal.

                Na recente abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas, destacou-se a necessidade de fortalecimento da instituição, tornando-a mais representativa. Um passo gigantesco no fortalecimento da ONU seria a criação de um Conselho Econômico Mundial, que disponha de poderes de coordenação real sobre o sistema global de governabilidade econômica e social.

                As reformas no sistema financeiro global vinculam-se as mudanças na Organização Mundial do Comércio e o reinicio da rodada de Doha. Denomina-se de Bretton Woods II, cujo objetivo será a mudança dos regimes nacionais e mundiais para facilitar a governabilidade, com regulamentações mais rígidas. A questão passou a ser de vida ou morte para os países ricos. Isto porque, se as reformas fundamentais reguladoras do sistema financeiro mundial não se concretizarem, a crise financeira retornará aos países em desenvolvimento, sob a forma de vingança.

                A Rodada de Doha certamente não será concluída no prazo de um ou dois anos. Isso permitirá aos países em desenvolvimento, o tempo necessário para examinarem as suas situações particulares, pensarem e revisarem as propostas colocadas no debate desde 2001, no lançamento da Rodada em Qatar.

                No mês passado, reacenderam-se esperanças, cada vez mais fortes, de que a economia mundial está no caminho da recuperação, com a saída da crise dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, de acordo com dados divulgados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Brasil não faz parte da OCDE.

                Entre as economias em desenvolvimento, China e Índia mostraram os sinais mais claros de recuperação. Os índices de indicadores subiram também para os Estados Unidos, a zona do euro e o Japão. O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Olivier Blanchard, mostrou-se confiante na recuperação global Ponderou, apenas, que não voltará o antigo caminho de crescimento e a sustentação do processo de retomada será tarefa difícil.

                Na verdade, caminha-se para 2010 em clima de maior confiança. O Brasil consegue manter relativo equilíbrio econômico e financeiro, graças ao bom senso do atual governo, ao preservar a política econômica do seu antecessor. Jamais teríamos o quadro econômico atual, sem o longo processo de desindexação econômica, o rígido controle da taxa de câmbio, a lei de responsabilidade fiscal e a política de superávit primário, que reduz gradativamente as dívidas interna e externa.

                Diz o refrão popular que “há males que vem para o bem”. Será que a crise global terminará beneficiando o Brasil? Queira Deus, que sim!

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    Revista Brasilia em Dia

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