Opinião
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05 de Julho de 2009
Ajudei o Plano Real
Na última quinta, o Plano Real – o mais bem sucedido plano econômico brasileiro – completou 15 anos.
Tive participação histórica na sua aprovação. Fui o presidente da Comissão Mista (deputados e senadores), que aprovou a proposta no Congresso Nacional. Relatou a matéria, o senador José Fogaça, atual prefeito de Porto Alegre.
No ano de 1994 era lançada a nova moeda, o Real. Morria o cruzeiro e se iniciava amplo programa de estabilização econômica. Um dos pontos mais polêmicos foi a criação da Unidade Real de Valor (URV), que definiu as regras de conversão do cruzeiro, eliminou a indexação da economia à correção monetária mensal e equiparou a moeda nacional ao dólar americano. O objetivo era conter a hiperinflação, que chegou a quase 50%.
A Comissão Mista que presidi sofreu violentas pressões de certas áreas da sociedade civil e do PT, que se opunham radicalmente a mudança.
O Plano nasceu quando o senador Fernando Henrique esteve à frente do Ministério da Fazenda. Ele mobilizou competente equipe técnica e montou a audaciosa estratégia. O presidente Itamar Franco encampou e transformou FHC no homem mais poderoso do governo. O embaixador Rubens Ricúpero assumiu o Ministério da Fazenda. O sucesso do Plano elegeu Fernando Henrique Presidente da República, em outubro de 1994. Dizia-se à época que ele teria dificuldades de se eleger deputado federal por São Paulo, já que terminava o mandato de Senador, que herdara de Franco Montoro, na condição de primeiro suplente. O deputado Luís Eduardo Magalhães e seu pai governador Antonio Carlos Magalhães foram os principais encorajadores de FHC para aceitar a candidatura à Presidência. Ele temia nova derrota, por ter perdido a disputa pela Prefeitura de São Paulo para Jânio Quadros. Lula liderava todas as pesquisas, que erraram, mais uma vez.
Durante a campanha de FHC, em setembro de 1994, ocorreu polêmico episódio jornalístico, envolvendo o Plano Real, o Ministro da Fazenda, Rubens Ricúpero e o jornalista Carlos Monforte da Rede Globo. Enquanto aguardava entrar no ar, o Ministro Ricúpero fez “confidencias” captadas por antenas parabólicas, que estavam na mesma freqüência do sinal da Embratel. Entre outras coisas afirmou que usava os indicadores favoráveis do Plano Real em favor de FHC. Disse ainda: “o que é bom a gente mostra, o ruim esconde”. A pressão da imprensa levou o Presidente Itamar a substituí-lo por Ciro Gomes.
O exercício da presidência da Comissão Mista no Congresso Nacional, que debateu e aprovou o Plano real, é uma das honrarias que guardo dos mandatos populares exercidos. A imprensa e a opinião pública aprovaram o “fórum aberto” que criei internamente na Comissão para ouvir o governo e a sociedade civil. Muitas idéias foram acolhidas e alteraram o texto da proposta originária. Recordo as exposições do Dr. Pedro Malan, então presidente do Banco Central; Dr. Pérsio Arida, da equipe do governo e do empresário potiguar Dr. Álvaro Alberto Paiva, que compareceu ao plenário, a meu convite. Como profundo conhecedor do mercado financeiro contribuiu nas discussões sobre a URV e recebeu aplausos gerais.
Com todas as dificuldades e ajustes, o Plano Real deu certo. Tanto isto é verdadeiro, que Luís Inácio Lula da Silva o manteve integralmente e ainda hoje contribui para a estabilidade econômica do país, tão alardeada pelo seu governo.
- Ney Lopes – Jornalista; advogado e ex-deputado federal
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