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Brasília em Dia

  • 02 de Maio de 2009

    A bola da vez

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    Na última semana, abordei o “passo firme” dado pelo Brasil, ao regulamentar recentemente as Zonas de Processamento de Exportação (ZPE). Há um estado geograficamente predestinado para a implantação do livre comércio no país, na América Latina e Caribe. É o Rio Grande do Norte.

    Em 1530, o Rei de Portugal também pensou assim. Identificou a cidade de Natal como o ponto mais estratégico da costa brasileira. Criou a Capitania Hereditária do Rio Grande do Norte, doada a João de Barros, com a missão de conter as invasões francesas. Em 1598, nasceu a Fortaleza dos Reis Magos, construída com cal e óleo de baleia e destinada à proteção do povoado, que em 1599 se transformou na cidade de Natal.

    Câmara Cascudo, em uma de suas “Acta diurna”, registrou o ano de 1927 como “de intensa glória aérea para Natal”, que teve o seu nome espalhado no noticiário da imprensa universal, com a aterrissagem pioneira em 18 de julho, na praia da Redinha, do avião Breguet-307, pilotado por Paul Vachet. Logo depois, em 14 de outubro, o campo de pouso de Parnamirim, “provisoriamente preparado”, foi inaugurado pela dupla de pilotos Costes e Briv, os primeiros a fazerem o salto atlântico de São Luís do Senegal, na África, a Natal.

    Na II Guerra Mundial, o Rio Grande do Norte, por estar próximo à África e à Europa, transformou-se em pólo militar. Natal corria o risco de ser a Pearl Harbor do Atlântico, como alvo de ataque inimigo. A base aérea de Parnamirim (“Trampolim da Vitória”) foi o ponto de apoio dos aliados na defesa de possíveis ataques vindos da Europa e África, em direção aos Estados Unidos e o Canal ao Panamá.

    A base aérea de Parnamirim – ponto avançado do hemisfério sul - evitou que o nazi-fascismo tivesse sucesso na África. Que transformações teriam ocorrido no mundo na década de 40, se não existissem o Rio Grande do Norte e a base aliada de Parnamirim (“Parnamirim field”)?

    Os aviões partiam da atual Grande Natal, em linha reta rumo a Dakar (África), no grande salto sobre o Atlântico Sul. Um jornal semanal, editado na época em inglês - “Foreign Ferry News” - noticiou que a base “Trampolim da Vitória” ficava completamente coberta de aviões na construção da democracia universal. Registra-se o encontro histórico dos presidentes Roosevelt e Getúlio Vargas. Lá também estiveram a senhora Roosevelt e inúmeros artistas de Hoolywood. O coronel Luiz Tavares Guerreiro escreveu a Cascudo em 1943 e declarou que Parnamirim era um dos maiores aeroportos das Américas, e Natal “constituía uma das oito capitais do mundo, vértice onde se entrecruzam os meridianos de todas as comunicações”.

    Nos dias atuais, há uma preocupação mundial na montagem de novos aeroportos, que permitam o pouso e decolagem dos superviões A380, que transportam 800 passageiros e, quando usados como cargueiros, oferecem a redução de 20% sobre o preço do frete aéreo atual, maior versatilidade que os atuais, além de capacidade para 150 toneladas numa distância de cerca de 11.000 km. Estes aviões consomem menos combustível e têm menor custo de manutenção. São até chamados de “mais compridos, mais largos, voando mais longe e mais depressa, com uma maior tranqüilidade”.

    Inicialmente, eram seis novos aeroportos desse tipo projetados no mundo. Atualmente, já são 11 em construção, dos quais 8 no sudeste asiático e um apenas na América Latina e Caribe, que é justamente o de São Gonçalo do Amarante, na “Grande Natal”. O Rio Grande do Norte segue a sua tradição de polo estratégico no Atlântico Sul.

    A área metropolitana de Natal, com a construção do mega aeroporto de São Gonçalo do Amarante e a ZPE ao lado, possui as condições naturais para um polo exportador e turístico na América Latina e Caribe, onde se cruzarão os interesses econômicos globais. Tal condição vem do século XVI, logo após o nosso descobrimento, até hoje.

    Prevalecem ainda outros fatores. A cidade de Parnamirim – “o trampolim da vitória” – é vocacionada para instalação de “centro ibero-americano” de segurança continental no Atlântico Sul. Ao lado, na cidade de Macaíba, já funciona o Instituto de Neurociências do consagrado pesquisador internacional Professor Nicolelis, justificando-se a implantação de um polofarmoquímico, produtor de medicamentos de ponta e pesquisas da rica biodiversidade nordestina (biotecnologia), com inovações fitoterápicas. No estado, se localiza parte da mata atlântica.

    Não se pode negar a evidência dos fatos notórios, nem tão pouco desconhecê-los. Pela sua posição geográfica estratégica nas Américas, o Rio Grande do Norte é a bola da vez.

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br

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