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Opinião

  • 21 de Março de 2009

    Gestos de Ulisses

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    Faleceu, Ulisses Bezerra Potiguar. Ainda menino, conheci a sua fama como um dos maiores líderes do Seridó. Foi na campanha de 1960, quando presidi o comitê estudantil pró-candidatura de Djalma Marinho a Governador. Aluízio ganhou em quase todos os municípios. Perdeu em Parelhas – a fortaleza imbatível de Ulisses.

    Relembro gestos de Ulisses.

    Fomos colegas na Câmara Federal (1974/1976). Franqueza e lealdade eram as suas marcas. Atravessei verdadeiro calvário político, que terminou com a cassação do mandato de Deputado Federal, sem jamais ter sido acusado ou processado de nada, nem respondido, até hoje, processo, inquérito ou ação judicial. Absolutamente nada. O Tribunal de Contas aprovou toda a minha passagem pela administração pública. Posteriormente, sentença judicial transitada em julgado – condenatória em crime de injúria – isentou-me de qualquer tipo de responsabilidade. Fui vítima de insidiosa campanha difamatória em certa imprensa, violenta e desumana perseguição política. O mesmo ocorreu com tantos outros conterrâneos no período autoritário, em que era negado o direito de defesa.

    Ulisses foi um dos pouquíssimos políticos, que me prestou solidariedade na hora da dor. Nunca esqueci o seu gesto digno.

    Outro fato. Em 1982, após a Anistia, duas sublegendas do mesmo partido disputaram uma vaga no Senado, sendo candidatos Ulisses e Carlos Alberto. Convidado por José Agripino, para coordenar a sua campanha ao governo do RN, renunciei candidatura a Deputado Federal e aceitei ser indicado como único suplente de Senador dos dois disputantes. Terminada a eleição era incontestável que ganhara a primeira suplência de Carlos Alberto, o eleito. O Código Eleitoral, no artigo 178, estabelece ainda hoje, que o “voto dado ao candidato a senador entender-se-á dado também ao respectivo suplente”. Como havia na ata da convenção apenas um suplente, claro que o mandato de primeiro senador-suplente seria meu.

    A cúpula partidária, à época, negou veementemente esse direito. Recorri ao TRE, mesmo pagando altíssimo preço político. Ganhei, por unanimidade. Aí conheci a grandeza de Ulisses. Ele me procurou espontaneamente e disse: “Sou médico. Diziam que você não tinha razão. Agora, estou convencido de que o primeiro suplente de Carlos Alberto é você. Serei o segundo suplente e não irei recorrer ao TSE, como o partido deseja e está me obrigando a fazê-lo”.

    Se, porventura, tivesse assumido o mandato de Senador, dividiria a interinidade com Ulisses. Nos oito anos nunca assumi.

    Ulisses – o personagem da Ilíada e da Odisséia, poemas épicos de Homero – amava a sua terra natal – a ilha de Ítaca.

    Ulisses, o potiguar, dedicou-se a Parelhas, que foi o altar da sua vida. Para lá voltou no descanso da eternidade. Homens como ele farão muita falta na política estadual e do país.

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    Justiça na justiça – A administração do Poder Judiciário Brasileiro conta atualmente com a participação de dois competentes potiguares. O Desembargador, Luiz Alberto Gurgel de Faria assumirá, no dia 30, a presidência do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. O Juiz Federal Walter Nunes da Silva Júnior foi eleito pelo Superior Tribunal de Justiça para compor o Conselho Nacional de Justiça. Faz-se justiça na justiça.

    Água – Hoje é o Dia Mundial da Água, criado pela ONU. A data conscientiza a opinião pública sobre a importância da conservação e proteção de fontes de água potável.

    BlogO jornalista e vereador Ney Jr. colocou no ar o seu novo blog, com o endereço www.neyjr.blogspot.com. de segunda a sexta-feira, ele apresenta na TV Tropical, o programa “Procure os seus Direitos”, no horário de 13h55.

    De Moacyr GomesSobre a parceria privada no Machadão e Campus Administrativo, que prevê a demolição do estádio e prédios do Centro Administrativo, depois de construídos os novos prédios, o Estado pagará aluguel, por trinta anos. Comenta Moacyr que o Estado é o atual proprietário, aliena a empresário para um megaprojeto com fins lucrativos e será devedor do aluguel da área que lhe pertence.

    Dubai nordestina – Este projeto para Natal sediar “dois jogos” na Copa de 2014 surgiu com o anúncio de que a cidade iria se transformar na “Dubai do Nordeste”. É bom saber que a Dubai verdadeira, no momento parece uma cidade fantasma. Justamente pelo aventureirismo de parcerias privadas internacionais, que começaram pela construção de uma faraônica ilha artificial – Palmeira Jumeirah –, o cartão-postal da cidade. A tal ilha se tornou inviável e hoje saem baratas das torneiras dos hotéis vazios.

    UM ABSURDO

    Nem no período da Ditadura ocorreu fato semelhante ao que se verifica atualmente, em prejuízo de dedicados funcionários da Previdência Social no RN.

    Uma ordem isolada, em despacho administrativo vago e impreciso, determinou a suspensão do pagamento de até 95% do valor dos salários de servidores. Há quem esteja com o contracheque quase negativo.

    Lamentável que num governo democrático existam situações como esta, de flagrante lesão a direitos e garantias individuais. Um absurdo!

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte
     

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