Opinião
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28 de Fevereiro de 2009
A crise existe?
No meio da propalada crise econômica mundial, termina o carnaval e já se fala em semana santa. Além de eventuais feriados prolongados, o calendário nacional gira em torno das festas de fim de ano, carnaval, semana santa, férias em julho e semana da pátria.
Não se repita a invencionice de que feriado é coisa de brasileiro ocioso. Teremos nove feriados nacionais em 2009, além de quatro religiosos. Na China, país conhecido pela dedicação ao trabalho, o Ano Novo é festejado 12 dias antes e 12 dias depois. Além disso, os chineses têm mais quinze feriados nacionais e um religioso. Nos EUA, são dez feriados anuais e um religioso. Em Portugal, dezoito.
E a crise global? Será que ela existe como se divulga? Ou se repete a tradição das crises serem fontes de lucro para quem manipula o capital? E as “influências” com o falso rótulo da prioridade social? Ouvem-se exclamações de que crise “é hora de ganhar dinheiro”. Ao mesmo tempo, fala-se no fim do capitalismo. Esse final seria apenas para garantir a distribuição de lucros e o Estado assumir os prejuízos privados!
Regra geral, as crises na economia atingem os que já sofriam antes dela e quem perde o emprego transforma-se em “massa de manobra”, para justificar a liberação de recursos oficiais de ajudas ou isenções.
A pergunta no ar é se: os EUA “quebraram”, quando o papel mais vendido no mundo continua a ser os títulos do Tesouro Americano? Alguém investiria numa economia quebrada? Hillary Clinton acaba de convencer os chineses a comprarem mais títulos do Tesouro. Dólares de toda parte retornam à sua origem. Mesmo diante das falências e demissões, admite-se que a crise seja uma estratégia para evitar o fortalecimento da China, na balança do poder mundial.
Ao entrarem para a OMC (Organização Mundial do Comércio), os chineses propuseram a substituição do dólar pelo euro, na cotação do petróleo. Isto ocorrendo, os EUA sofreriam forte abalo econômico.
Os chineses – rindo e trocando presentes – deram um “basta” nos Tigres Asiáticos, “acuaram” o Japão e partem para alcançar a liderança econômica do mundo. Só alcançarão o objetivo com a queda do “império”. Até porque, mais de dois terços dos seus investimentos de origem externa vêm dos Estados Unidos.
Diante da realidade, é possível desconfiar que o cenário tenha sido montado para preservar os interesses norte-americanos. Obama no Congresso, terça-feira última, só falou em restabelecer a hegemonia do país. Admitiu o fim dos subsídios agrícolas, o que beneficia a América Latina.
Por falar em América Latina, de agora por diante, teremos que recuperar o tempo perdido e andar com os próprios pés. Os recentes ventos econômicos favoráveis teriam ajudado os latino-americanos, se a região tivesse implantado “pólos exportadores e turísticos”, através de áreas de livre comércio, com a geração de empregos e oportunidades, a exemplo da China. Nada disso ocorreu. Prevaleceu a falácia de distribuir, antes de produzir.
A propósito, pela posição geográfica e estratégica do Rio Grande do Norte, situado em frente à Europa e África, sempre defendi um pólo exportador desse tipo, ao lado do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Falei – e continuo a falar – sozinho! O amigo e jornalista Paulo Macedo, reconheceu essa minha luta, quinta-feira passada, em sua conceituada coluna no DN. Agradeço o registro.
E agora? Somente aguardar outra fase favorável da economia no mundo para as novas gerações construírem no futuro o que deixou de ser construído até hoje.
Antonio Guedes – Faleceu “Toinho Guedes”, como era carinhosamente conhecido. Dedicado à profissão, atraía clientes para o seu tradicional salão de cabeleireiro. Um pai de família exemplar. Trabalhou até o último minuto da vida útil. Deixa saudades para os que o consideravam e admiravam.
Política predomina – A política dominará o debate nacional, até 2010. Aécio Neves persiste em ser candidato à presidência e sugere prévia. A tradição mostra que as prévias partidárias dividem mais do que somam.
Crescimento – Na largada, nota-se o inegável crescimento da Ministra Dilma Roussef. Os indícios são de uma “parada dura”.
E o RN? – Na meteorologia local, a previsão é de mudança no clima e lembra Magalhães Pinto, ao dizer que “política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”.
Cresce o PG – As especulações na política estadual até bem pouco tempo apontavam o DEM fortalecido e de braços abertos para aliar-se ao PMDB. Do outro lado, o PSB fazia a mesma coisa, em relação ao PMDB. O que se desenha é o fortalecimento do PG – Partido do Governo. Certamente, mais uma vez, os peemedebistas e outros “aliados” locais cantarão, juntos, a trova da modinha “bem-me-quer, mal-me-quer”, que diz: “quando visse que a hora tinha chegado, liberava o coração para gostar de quem quiser”.
2008 e 2010 – O dado concreto é o crescimento do grupo de apoio à governadora Wilma de Faria e ao seu vice, Iberê Ferreira. A experiência antecipa que “cada eleição é uma eleição”. Por isso, ninguém pode assegurar que Lula tenha votos, mas não transfira, ou que a eleição de 2008 influenciará a de 2010, no RN.
Conclusão – Não sou infalível, como o papa. Mas, politicamente, 2009 começa com o prognóstico de que o governo está sabendo ser governo. E a oposição parece não saber ser oposição. Todavia, como é moda dizer no RN, há possibilidade do cenário mudar.
Coluna Publicada aos domingos
nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do NorteFaça seu comentário abaixo:
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