Brasília em Dia
-
09 de Janeiro de 2009
O mundo em 2009
Camões profetizou que “jamais haverá ano-novo, se continuar a copiar os erros dos anos velhos”.
No ano novo de 2009, o único caminho para os palestinos e judeus será a construção da paz. O novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tentará evitar que o seu país repita o quadro desolador da depressão de 1930, descrito com realismo no romance documental de John Steinbeck Vinhas da ira.
Os europeus, norte-americanos e asiáticos previnem-se dos efeitos catastróficos da crise econômica mundial e fogem da recessão.
E os latino-americanos, especialmente os brasileiros?
O cenário é de dúvidas. Os fatores externos influirão decisivamente. Os primeiros sinais revelam queda média de 35% dos preços de commodities em 2009 e o encolhimento do PIB regional para 0,7%.
A maior ameaça está na alta desenfreada dos preços de alimentos e na globalização da especulação financeira. Vejamos.
De 2006 a 2008, o preço do arroz aumentou 127%; o trigo, 136%; o milho, 125%; a soja, 107% e o leite, mais de 80%. A carne e o frango elevaram o preço em cerca de 60%. No mesmo nível, os ovos e óleo de cozinha.
Apontam-se várias causas. A especulação internacional desponta como a principal, cuja influência se estima em cerca de 40% na elevação nos preços dos alimentos.
O nó gordio está nos chamados “mercados futuros”. Os compradores temem alta de preço e procuram fixar esse preço, quando realizam a “compra de futuro”, para não ter prejuízo no recebimento do produto. Da mesma forma, os vendedores previnem-se de prejuízos causados pelas variações da taxa de câmbio ou juros. Na prática, o vendedor coloca o seu produto à venda no “mercado futuro”; e o comprador adquire esse produto para recebê-lo em prazo prefixado.
Os mercados futuros compram e vendem papéis. Antes, as transações eram à base de produtos tangíveis, físicos. Em outras palavras, o mercado hoje é virtual. Compram-se e vendem-se ativos financeiros vacinados previamente para não gerarem prejuízos. Esse processo especulativo termina por influir diretamente na alta dos alimentos, dos combustíveis e de qualquer outra commodity.
A firma Lehman Brothers estimou que o preço médio do petróleo cru seria, em meados de 2008, de US$ 37 dólares por barril. Na mesma época, o produto ultrapassou US$ 150 dólares, em consequência unicamente da especulação dos “mercados futuros”.
Contundente e esclarecedor o depoimento, em junho de 2008, de Fadel Gheit, diretor da empresa americana de petróleo Oppenheimer, na Câmara de Deputados dos Estados Unidos. Disse ele: “Creio firmemente que o atual preço de petróleo, acima de 135 dólares o barril, está inflado. Considero que, baseado nos fundamentos da oferta e da procura, os preços deveriam não passar de 60 dólares por barril”.
Em 21 de maio de 2008, John Hofmeister, presidente da Shell, declarou, no Senado norte-americano, que o preço do petróleo foi artificialmente aumentado e “na realidade deveria estar entre 35 e 65 dólares o barril”.
Os mercados futuros globais consideram as “mercadorias” simples ativos financeiros. O preço acaba fixado muito mais em razão do “valor especulativo” do que do valor real.
Os “mercados futuros” surgiram na história do sistema financeiro internacional (Commodity Exchange Act, de 1936) para proteger os vendedores e os compradores dos riscos de flutuações de preços. Atualmente, eles se transformaram em mecanismos geradores da alta de preço e responsáveis pelas incertezas, volatilidade e turbulências econômicas mundiais.
A especulação financeira não é responsabilidade direta de tal ou qual país. Ela resulta da ordem financeira internacional, iniciada em 1944 com o sistema Bretton Woods.
Diante dessa realidade, o futuro da América Latina em 2009 se associa ao sonho de uma nova ordem econômica, mais justa, solidária e equitativa, que envolva todas as nações, ricas e pobres. Tal futuro, na expressão de Victor Hugo, “poderá ser inatingível para os fracos; desconhecido para os medrosos e a chance para os corajosos”.Coluna semanal
Revista Brasilia em Dia
www.brasiliaemdia.com.br
Notice: Undefined variable: categoria in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Trying to get property of non-object in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined index: pagina in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined variable: totalPaginas in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42
Notice: Undefined offset: 1 in /home/neylopescom/public_html/restrito/incs/funcoes.php on line 618