Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 29 de Novembro de 2008

    Esperar para ver!

    081129_emdia.jpg

     

     

     

    Em matéria de política externa, há alguns exemplos recentes de posturas assumidas pelo Brasil e as suas conseqüências.

    Ultimamente, depois de ser desafiado pela Bolívia e Venezuela várias vezes, o governo resolveu “endurecer” com o Equador, que se nega a pagar uma dívida de mais de US$ 240 milhões ao BNDES. O banco financiou a construção da usina hidrelétrica de São Francisco, no Equador, pela Construtora Odebrecht.

    Logo após a inauguração, a usina apresentou defeitos, todos eles consertados. Mesmo assim, o governo do Equador expulsou a empresa brasileira e anuncia que recorrerá à Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional. Todas essas medidas foram anunciadas sob a forma de “espetáculo” nas ruas de Quito, numa visível manobra para o governante equatoriano somar dividendos políticos.

    A cada dia se torna mais delicada a posição brasileira, em matéria de política externa. Justamente pelas posições ora de benevolência extrema, ora de reação imediata e dura. Recorde-se que no início da atual crise econômica mundial, o agredido foi o governo dos Estados Unidos. Em comício político realizado em São José dos Campos, o presidente da República bateu forte ao afirmar, em alto e bom som, que o Brasil não dependeria das importações norte-americanas de produtos nacionais, embora eles representem quase 20% de tudo que vendemos ao exterior. No entusiasmo eleitoral, o nosso governante assegurou que a crise americana não chegaria ao Brasil e sequer atravessaria o Atlântico. O resultado, todos sabem!

    Outro exemplo foi a invasão da Bolívia, com militares nas ruas, apossando-se de refinarias brasileiras e de vários equipamentos petrolíferos. O Brasil se limitou a convocar as partes para hipotético diálogo, que terminou com os interesses nacionais em total desvantagem, face a dureza do presidente Evo Morales.

    O presidente Chávez ameaça aqui e acolá retaliar o nosso país. Em relação à Venezuela, não foi apenas o Palácio do Planalto que jogou a toalha. O Senado Federal, também. Em passado recente, a instituição calou – salvo protestos em plenário – quando o governante venezuelano, em um de seus inflamados discursos, afirmou que os senadores brasileiros “são papagaios que repetem qualquer coisa vinda de Washington”, e avisou que “é mais fácil o império português retomar o Brasil do que a Venezuela devolver a licença de televisão que extinguiu a oligarquia venezuelana”.

    A resposta brasileira à época foi hipotecar integral solidariedade ao presidente Chávez durante a Conferência Ibero Americana, no Chile. O presidente Lula considerou Chávez um democrata, que convocara várias eleições, e não exagerou na sua polêmica com a Espanha, depois da altercação com o rei Juan Carlos de Borbón.

    Em 2003, na cidade do Recife, no pré-lançamento do projeto binacional de construção da Refinaria Abreu e Lima, orçada em alguns bilhões de dólares, o presidente Chávez colocou-se como “um soldado à disposição do Brasil e de um projeto comum”. Até hoje a Venezuela não colocou um centavo nas obrigações assumidas com o nosso governo para levar adiante a implantação da refinaria pernambucana, cujo ônus está sendo integralmente bancado pela Petrobras.

    Espera-se a qualquer momento a eclosão de outro conflito em nossas relações externas. Agora será com o Paraguai, em pretendida renegociação do Tratado de Itaipu, no que diz respeito aos valores pagos pelo Brasil sobre o excedente da energia produzida na usina. Nos palanques paraguaios da última eleição presidencial, estremeceram as raízes de solidariedade nas relações com o Brasil. O vitorioso na eleição acha que o preço do quilowatt pago pelo Brasil é irrisório.

    Não procede tal alegação.

    Na verdade, a empresa Itaipu tem dívidas comuns com o Brasil e o Paraguai. O orçamento da binacional é feito com base na demonstração de receita e despesa da hidrelétrica. A tarifa tem origem em tais cálculos. O Paraguai não usa em seu parque industrial a energia excedente, pelo fato das suas linhas de transmissão estarem saturadas. Há necessidade de linha de maior potência para a transferência segura. O clima de intranqüilidade pós eleição presidencial afugenta a Eletrobrás de novas parcerias, ou financiamento em Itaipu.

    O cenário das relações externas brasileiras na região latino-americana é de visível intranqüilidade. Sobretudo porque endurecer demais, depois de ter sido excessivamente benevolente, não é o caminho seguro para alcançar a estabilidade.

    Vamos esperar para ver!

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br


Notice: Undefined variable: categoria in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Trying to get property of non-object in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Undefined index: pagina in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Undefined variable: totalPaginas in /home/neylopescom/public_html/noticia.php on line 42

Notice: Undefined offset: 1 in /home/neylopescom/public_html/restrito/incs/funcoes.php on line 618