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Brasília em Dia

  • 26 de Setembro de 2008

    A crise das hipotecas

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    A crise das chamadas hipotecas de alto risco (sub prime) teve origem nos Estados Unidos (2007), em razão do aumento de empréstimos para aquisição de imóveis, com garantia hipotecária. A expansão dos negócios e a alta liqüidez dos bancos (dinheiro disponível) permitiram financiamentos com juros reduzidos e cômodas prestações.

    O resultado, o mundo acompanha. A “bolha” estourou e teve como conseqüência, até agora, a nacionalização das instituições de crédito hipotecário; a falência do Lehman Brothers; o Bank of América assumiu o controle do Merrill Lynch e o governo socorreu a AIG, a maior seguradora do país. Muitos devedores perderam os imóveis financiados. A previsão é que o déficit orçamentário atinja em 2009 meio trilhão de dólares e, dos 8.500 bancos americanos, mais da metade desapareça do mapa.

    A crise se propagou nas empresas de seguro. Nos Estados Unidos, as hipotecas eram securitizadas, ou seja, transformadas em papéis colocados à venda no mercado. Esse sistema dividia o risco e dava fôlego aos bancos para emprestarem sempre mais dinheiro.

    Para o Fundo Monetário Internacional (FMI), a globalização aumenta a freqüência das crises. A intervenção dos bancos centrais no início é mais efetiva para conter o alcance do colapso financeiro. Difícil prever se ele terá repercussão econômica mais ampla.

    O ícone das crises financeiras sofridas pelo capitalismo mundial foi a quebra da Wall Street em 1929 (a chamada “quinta feira negra”), que deu causa à depressão dos anos 30. O mercado chegou ao maior índice de prejuízo quase três anos depois (1932), com as ações perdendo 90% do seu valor. A classe média, que confiara no mercado de ações, perdeu o poder de compra.

    Fazendas e fábricas foram à bancarrota pelo reduzido mercado consumidor. Cresceu assustadoramente o número de desempregados. Cerca de 11 mil bancos estaduais e nacionais sucumbiram, no período de 1929 a 1933. A crise norte-americana de 1929 atingiu vários países que, para sobreviver, elevaram taxas alfandegárias e restringiram as importações.

    No Brasil, o setor mais atingido foi a cafeicultura. O café - produto básico das nossas exportações - deixou de ser comprado pelos Estados Unidos. Os industriais do café entraram em crise econômica. Perderam, inclusive, a hegemonia política que tinham. O fato provocou a Revolução de 1930, com as transformações políticas e sociais posteriores.

    Franklin Roosevelt assumiu a presidência dos Estados Unidos e lançou o programa “New Deal”, baseado em idéias do economista inglês Keynes. O objetivo era investir em obras públicas, recuperar a renda das pessoas e impulsionar a economia nacional, o que somente ocorreu no pós-guerra.

    A indagação que paira no ar é como os Estados Unidos sairão da atual crise. O governo Bush propõe a criação de uma instituição que use dinheiro orçamentário para comprar imóveis, com a garantia de títulos hipotecários. O plano envolve até US$ 700 bilhões em gastos governamentais adicionais. No Capitólio, os democratas reagem. Não desejam dar cheque em branco ao governo. Uma das alternativas é conceder aos juízes poderes para mudar os contratos de financiamentos imobiliários e evitar que as pessoas percam os imóveis adquiridos. O governo reage e diz que o remédio seria inútil com paliativos.

    Em 1995, o governo FHC fez o que os Estados Unidos fazem hoje. Se não fosse o Proer (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), o sistema bancário brasileiro teria falido e quem tivesse uma “continha” ou “poupança” em banco perderia o seu dinheiro. À época, o atual presidente Lula desandou em acusações contundentes, apontando vantagens ilícitas concedidas aos banqueiros. Hoje, o seu governo se beneficia do Proer.

    A verdade é que pouco adianta alegar que o país tem U$ 200 bilhões de reservas. No governo de FHC, só a crise da Rússia “engoliu”, do dia pra noite, U$ 70 bilhões de dólares. O risco existe numa economia global. Resta esperar que Deus continue brasileiro. E o governo entenda que parou a hora de gastar e fazer “fita” com o dinheiro do contribuinte.

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

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