Marca Maxmeio

De Olho Aberto

  • 22 de Setembro de 2008

    O discurso do presidente

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      O Presidente Lula esteve no Estado, na última sexta feira. Em Mossoró, travestiu a sua passagem como de natureza administrativa.

      Em Natal, subiu em palanque na zona norte a favor da deputada Fátima Bezerra e se comportou como nunca - jamais - um Presidente da República se comportara em nosso Estado.

      O presidente Lula ao discursar deixou evidente estar embriagado pelo poder. Perdeu completamente a lucidez necessária a um chefe de governo.

      Virou "chefete político". Baixou o nível e fez ameaças a um Senador da República - José Agripino, líder da oposição no Congresso Nacional.

      Faltou a necessária lucidez exigida de um Presidente da República. Pelo tom agressivo do seu discurso pareceu estar fora de si.

      Depois de fazer em Brasília todo tipo de aliança política, o chefe do governo - em tom inquisitorial - vem a Natal e usa as suas elevadas funções para prometer "acerto de contas" em 2010, com o senador José Agripino.

      Certamente, pelo fato do senador ter liderado a rejeição da CPMF, evitando que o Governo continuasse metendo a mão no bolso do povo, na voracidade de cobrar imposto.

      Está provado que o dinheiro da CPMF não faz falta ao orçamento público, pela razão de que o crescimento da economia mundial nos últimos anos assegura constantes superávits de arrecadação.

      O ódio e o ressentimento do Presidente Lula fizeram com que ele perdesse a cabeça e saísse atirando gratuitamente em outras pessoas. Baixou o nível do debate político. Insinuou falta de caráter da candidata Micarla de Souza, apenas porque ela não estava no seu palanque.

      Quer dizer: só tem caráter na política quem está com ele? Prova evidente de uma vocação autoritária e antidemocrática.

      Então, só tem caráter quem adere e se submete ao seu Governo?

      Esqueceu que a deputada Micarla é de partido da sua base aliada federal - o PV-, o que nunca foi questionado pelos integrantes da atual coligação que lhe apóia.

      Faltou serenidade e controle emocional, quando agrediu até a memória do falecido Senador Carlos Alberto do Rio Grande do Norte - pai de candidata Micarla -, ao afirmar que era necessário ver a história desse "povo populista" (clara referencia à Micarla), que doava cadeiras de rodas, feiras e tantas outras coisas. 

      O senador Carlos Alberto realmente ajudava os pobres, através de campanhas filantrópicas, nunca com dinheiro público para aliciar votos à custa do contribuinte.

      Cabe perguntar: o Presidente Lula condenar o populismo e o fisiologismo político, estando naquele palanque de ontem?

      Logo ele? É querer fazer o povo de "besta" ou "desmemoriado".

      Em 2006, quando o mesmo Presidente Lula veio a Natal derrotar o senador Garibaldi Alves - hoje seu fiel aliado -, então candidato ao o Governo do Estado, agiu da mesma forma. Na ocasião, ele condenou as "oligarquias".

      Agora, como as "oligarquias" aderiram ao seu governo e ao seu lado se desmancharam em aplausos frenéticos, afirmou que faltava caráter à Micarla de Souza, só porque ela não estava no palanque do "acórdão".

      O discurso presidencial foi marcado por visível descontrole emocional. Dizia uma coisa e logo desdizia. Afirmou que não discriminava governante.

      Ora, se isto é verdade, por que criticar Micarla de Souza, cujo partido é da base aliada, somente por ela não estar em seu palanque?

      O ódio presidencial e a ameaça de vir ao Estado em 2010 para um "ajuste de contas" com o Senador José Agripino, não correspondeu ao que se espera de um Presidente da República.

      Será que esse "acerto de contas" valerá tanto quanto valeu o empenho dele em 2006 para derrotar a Senadora Rosalba Ciarlini e eleger o seu ex-ministro Fernando Bezerra?

      O discurso de ontem foi desastroso para a campanha de Fátima Bezerra, candidata petista a prefeito de Natal.  

      O RN se sentiu agredido pelo presidente.

      Ao invés de assumir postura de estadista, ele partiu para agressões rasteiras e ofensivas. Nunca o Brasil assistiu o senador José Agripino ofender a pessoa e a dignidade do Presidente. Ele sempre se coloca em defesa de teses apoiadas pelo povo, cujo exemplo maior foi a rejeição da CPMF, aplaudida pela nação.

      A aliança política que apóia Micarla de Souza resulta de afinidades construídas no passado e nunca de vantagens "oficiais, ou sofreguidão pelo poder".

      O pai de Micarla - senador Carlos Alberto - historicamente sempre esteve ao lado do grupo político do senador José Agripino. A campanha é municipal. Não há razões para federalizá-la.

      A candidata é Fátima e não Lula, ou Vilma.

      Micarla, cujo partido pertence à base aliada, irá procurar a governadora e o Presidente, depois de eleita. Afinal, vivemos numa democracia e o presidente não pode perder a serenidade que o seu cargo exige.

      O Presidente criticou também os jornalistas que trabalham em TV e se candidatam. Esqueceu que o seu Ministro das Comunicações, Hélio Costa, tornou-se político na tela da TV.

      O saldo político da visita presidencial à Natal parece não ter sido positivo.

      Serviu mais para "espalhar brasa" do que "somar votos". O tom de sua fala se assemelhou ao conhecido estilo da candidata Fátima Bezerra, que no passado não poupava agressões a quem discordava da sua cartilha política.

      Na campanha municipal de 1992 ficou famoso o confronto pessoal de Fátima com a atual correligionária Vilma de Faria.

      Em 2004, a então deputada Fátima Bezerra também acusou acirradamente o governador Garibaldi Alves em episódio político-policial. Entrou - sem pedir licença - na sua intimidade familiar.

      O marketing de Fátima Bezerra na campanha de 2008 em Natal procura, a todo custo, colocá-la como sensata e demonstrar que ela revisou a sua conduta do passado.

      Ela mesma afirma a toda hora na TV "ter amadurecido".

      Enquanto Fátima tem essa preocupação, o seu chefe e líder, Luís Inácio Lula da Silva, veio ao seu palanque sexta última, com o estilo típico do Lula que não é mais "paz e amor".

      O Lula da última sexta em Natal foi o Lula ressentido com quem não baixa a cabeça aos seus desejos e interesses.

      Com certeza, o Presidente estava incentivado pelo palanque montado para recebê-lo, cujos integrantes se dobraram total e integralmente ao seu governo.

      Um palanque de puro adesismo, diante de tantas louvações gratuitas, daqueles que antes lhe combatiam.

      O Presidente perdeu as estribeiras e desancou em cima da oposição, sobretudo os Democratas.

      Aliás, no dia seguinte - sábado - o Chefe da Nação fez à mesma coisa em São Paulo, o que provocou nota oficial do deputado Rodrigo Maia, presidente dos Democratas, na qual está escrito:

      "O Presidente da República confunde divergência política com campeonato de canelada e agride os Democratas.

      "Em nome da boa convivência democrática, melhor seria deixar o presidente Lula, com toda a sua superioridade inexistente, falando sozinho.

      "Cumpre, no entanto, lembrar ao país que o presidente não perdoa o Democratas porque o Partido ajudou a derrotá-lo no Senado votando, de forma unânime, pelo fim da CPMF, imposto injusto que pesava no bolso do trabalhador brasileiro.

      "Melhor faria o presidente Lula da Silva se respeitasse a Oposição que não participa do porão de negócios do seu governo.

      "Melhor faria ainda se refletisse sobre o oportunismo de eleger-se presidente do Brasil prometendo agir com ética para tornar-se chefe do governo do mensalão e do cuecão."

      A campanha municipal de 2008 se aproxima do fim.

      Infelizmente, com exemplos melancólicos como foi o discurso do presidente em Natal, na última sexta.

       
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