Opinião
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09 de Agosto de 2008
Conversa a dois
Numa esquina do Rio Grande do Norte conversam dois cidadãos.
- Como estamos em época de eleição penso comigo mesmo para onde caminha o nosso estado, com tantos desempregados.
- Também penso muito nisto. Confesso que estou descrente.
- Por quê?
- Porque para muitos – com pequenas exceções – o futuro significa apenas votos e “esquemas” financeiros. Pelo menos é o que parece...
- Sabe que é isso mesmo!
- Claro que é. Eu lhe pergunto se, por acaso, há quem defenda condições especiais para aumentar empregos e oportunidades no RN? Fala-se nisto?
- Olha, pra falar a verdade só vejo preocupação em negócios para ganhar dinheiro. É necessário pensar no coletivo.
- Claro que sim. Por exemplo: quem defende uma área de livre comércio (ALC), ao lado do futuro aeroporto de São Gonçalo? Quem?
- E essa área de livre comércio ofereceria milhares e milhares de empregos e oportunidades.
- Enquanto Roraima ganhou recentemente a única área de livre comércio do Brasil, sabe por quê não há quem defenda uma área dessa para o RN?
- Por quê?
- Porque ninguém poderá ser proprietário privado dessa área de livre comércio, usando jogo de influência no governo. Se ela for instalada existirão mais de 50 mil empregos, em médio prazo, para os desempregados. Serão abertas portas igualmente para dezenas de empresas produzirem e exportarem nos aviões gigantes, que pousarão no novo aeroporto. Aumentará a concorrência. Os competentes terão vez. O comércio local explodiria em crescimento. O turismo também. A posição geográfica privilegiada do RN em relação à Europa e África é melhor do que Roraima e mesmo assim “passamos batido”. Silêncio geral!
- Sabe que é verdade mesmo?
- O problema é justamente este: ninguém seria proprietário de uma área de livre comércio no RN. Os investidores viriam de várias partes, fariam associações com as empresas locais eficientes, montariam modernas fábricas, fariam treinamento profissional para a juventude e ofereceriam empregos em “banda de lata”. Construiriam até infra-estrutura.
- Agora entendo porque a idéia da área de livre comércio não tem defensor. Se fosse para ter vantagens de grupos, já estariam pensando nela. Mas, como é um avanço, que deu certo no mundo todo (por que só daria errado no RN?) e melhoraria a vida do nosso povo, estão deixando de lado.
- Verdade. No RN só prosperam idéias que permitam vantagens pessoais ou de grupos, em curto prazo. Ninguém se entusiasma em criar condições inovadoras e impessoais para o Estado ser um pólo exportador e turístico. Não. Só querem negócios específicos, participações e parcerias. Copia-se o óbvio de outros Estados. Nada criativo.
- E a refinaria e o aeroporto de São Gonçalo?
- Quanto à refinaria propaga-se que será construída uma em Guamaré. Trata-se de inverdade. Haverá apenas “ampliaçãozinha” numa unidade de refino, já existente há anos. Enquanto isto, Pernambuco, Maranhão e Ceará ganharão refinarias imensas. Em relação ao aeroporto, pensam muito mais na desapropriação e nas obras, do que em usá-lo como instrumento de crescimento econômico, através de um pólo exportador.
- Alegam que não temos porto...
- Desconhecimento ou má fé. Temos três portos: Natal, Guamaré e Areia Branca. O de Guamaré já trabalha com petróleo, o que não existe em outros Estados. Uma adaptação e ampliação ofereceria condições para a construção da refinaria ao lado. O povo precisa saber a verdade.
- De tudo isto, estou convencido de que uma área de livre comércio daria oportunidades até aos pequenos e médios empresários locais. Seria a emancipação do cidadão, inclusive politicamente. Quem tem emprego não vota “por cabresto”. Por falta de visão ampla do futuro e de espírito público prefere-se o feijão com arroz de uma ZPE superada, a busca de “incentivos isolados e dirigidos” ou a “distribuição da bolsa família”.
- O mais duro é que tudo isto acontece com o voto popular livre. Até quando o povo vai aceitar?
Os amigos decepcionados e descrentes concluem a conversa a dois. Despedem-se e cada um segue o seu caminho, conscientes de que o caminho do RN continua o mesmo...
HONRA AO MÉRITO
A FOLHA DE SÃO PAULO fez registro especial de reconhecimento à competência e persistência do norte-rio-grandense José Siderley Menezes, que há 16 anos instalou pioneiramente em Currais Novos, uma das primeiras operadoras de TV a cabo do Brasil (Sidy´s TV). Foi perseguido e por duas vezes fecharam a sua empresa.
Assinam a TV curraisnovense pessoas pobres, que pagam a mensalidade com a bolsa família. Dessa forma, têm acesso à informação, programas educativos, festas, artistas e assuntos da cidade.
Mesmo diante da concorrência das “grandes companhias”, Siderley se diz disposto a lutar e já pensa em oferecer à população acesso em banda larga e telefonia, tudo pela Internet.
Coluna Publicada aos domingos
nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte
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