De Olho Aberto
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26 de Julho de 2008
O que fazer?
A campanha municipal nas ruas revela duas características: (1) o “cock tail” indigesto das absurdas uniões de grupos políticos mais diversos e (2) o “olho aberto” das lideranças, olhando fixa e exclusivamente para 2010 (eleições de presidente, governador, senador e deputados).
Como num passe de mágica, os palanques variam – de acordo com as conveniências – de um município para outro.
O povo apático limita-se a assistir a “farra do oportunismo” no Rio Grande do Norte. As exceções são algumas disputas municipais localizadas, nas quais se mantiveram a chama da coerência partidária e o respeito ao eleitor.
Na grande maioria das cidades ninguém sabe “quem é quem”.
Só se sabe que ninguém quer largar as tetas dos governos e buscam, a todo custo, agradar os “príncipes” ou “princesas”, com acenos farisaicos de que, “mesmo em palanques contrários”, um está cuidando do outro.
Só se percebe quem deseja “se salvar” a qualquer custo, em nome da expressão corroída de que “política é isto mesmo”.
E por considerar “isto mesmo”, são jogadas no lixo as idéias e criatividade para substituí-las pela esperteza, a busca da popularidade e os “compromissos forçados e antecipados”, de que em 2010 “estaremos juntos”.
Toda “farra” prepara um “fim de festa”.
A sensação que se tem é de que o povo está mais preocupado com o final da atual campanha eleitoral, do que em aquecê-la com entusiasmo e confiança.
O cenário do Estado seria o ideal para o surgimento de uma força política renovadora. Ou seja, pessoas – poderiam até ser de partidos diferentes – que se unissem para discordar claramente dos processos usados e colocassem, afinal, no centro dos debates o futuro de todos, sobretudo a necessidade urgente e inadiável da geração de empregos e oportunidades.
Se isto tivesse ocorrido, com a ajuda até do atual clima vivido no país, seria facilitado o surgimento de grandes mudanças em 2010.
Imagine o internauta, se na atual campanha municipal existisse um grupo político pregando corajosamente as mudanças que o RN exige.
Dizendo que o Estado não agüenta assistir passivamente os jovens desempregados, sem futuro assegurado, enquanto se permite a instalação de uma área de livre comércio em Roraima – a pretexto de lá ser uma fronteira terrestre – e se negue o mesmo benefício ao nosso Estado, quando somos a maior fronteira aérea e marítima da América Latina e Caribe pela nossa proximidade à África e Europa.
A construção do aeroporto de São Gonçalo do Amarante só tem sentido com uma justificativa econômica que assegure a sua manutenção e operacionalidade. E a justificativa não é a tal Zona de Processamento de Exportação (ZPE), definida em Macaíba, desde 1988. Ela é instrumento econômico superado no mundo todo.
A justificativa econômica será a instalação, ao lado do futuro aeroporto, de uma área de livre comércio, único meio de criação de empregos e oportunidades, totalmente diferente de ZPE.
O mais grave é recentemente o Governo federal e o Congresso Nacional para agradarem os “industriais paulistas”, que temem o nordeste se transformar num “pólo exportador das Américas”, terem aprovado, de forma passiva e sem resistências, reformas na legislação das ZPE´s e esquecerem completamente a área de livre comércio do Rio Grande do Norte.
Poderá se dizer – para iludir e enganar o povo – que já temos uma ZPE.
A nossa ZPE – como dito - é de 1988. Nunca funcionou e nem funcionará. Mesmo considerando as mudanças feitas em lei recente, o Brasil inteiro (capitais e cidades grandes) deseja ter ZPE´s. em seu território. Digo sempre que o RN terá que disputar com as torcidas do Flamengo e do Corinthians, reunidas.
Fortaleza e Petrolina já adaptaram os seus aeroportos para transformá-los em ZPE, tipo “gate way” exportador.
Argumenta-se, falsamente, que ZPE é a mesma coisa de área de livre comércio.
Inverdade. Total e absoluta inverdade. Não resiste a debate público.
A concepção de ZPE é mais restrita do que área de livre comércio, cujo conceito é muito amplo.
Para desmascarar tal afirmativa será suficiente fazer a pergunta: se ZPE é a mesma coisa de área de livre comércio, por que o Governo federal e o Congresso Nacional aprovaram lei recente, em que se cria objetivamente uma área de livre comércio em Boa Vista, Roraima?
Se for a mesma coisa, porque Boa Vista, Roraima, não ficou também com uma ZPE?
Por quê? Respondam!
Analisando-se outra perda recente ocorrida no Rio Grande do Norte percebe-se o crime de não ter havido luta em defesa da refinaria de petróleo do Estado daqueles que hoje se une para salvar interesses políticos em 2010.
Como já se consumou a derrota propaga-se a versão mentirosa e inconsistente de que será instalada uma Refinaria em Guamaré, RN.
Anuncia-se até a presença do Presidente para fazer o falso anuncio.
Não acredito que o Presidente da República faça esse papel. Seria demais!
Acredito que o Presidente venha proximamente ao Estado e diga a verdade.
Diga que irá ampliará um “pouquinho” a refinarizinha que já existe em Guamaré, RN, desde 2005, com produção de óleo diesel, gás natural e GLP e querosene de aviação.
Caso ele diga isto estará certo. O Governo pretende ampliar essa pequena unidade de refino, acrescentando em sua planta industrial a “gasolina automotiva”.
Mas isto tudo é “pra inglês ver”.
Quem ganhou a “parada” da refinaria foram Ceará, Maranhão e Pernambuco.
Três Estados que não chegam nem perto do RN em produção de petróleo.
Porém, mesmo assim, terão refinarias com produção superior a 600 mil barris/ diários e a geração de milhares de empregos.
A refinariazinha de Guamaré, instalada em 2005, produzirá apenas cerca 15 mil barris de gasolina automotiva. Essa quantidade acrescentada aos demais produtos, que já são produzidos, atingirá o nível de 80 mil barris diários.
Infelizmente, mesmo diante de tantos desafios, não surgiu em 2008 um grupo renovador na política estadual. O cenário continua o mesmo, salvo exceções pontuais.
Os desempregados no RN continuarão desempregados.
O que está realmente acontecendo é acomodação e cumplicidade. Há quem discorde. São exceções, que não aparecem, sufocadas pelos acordos das cúpulas.
Não se há de negar que em política sejam normais os entendimentos, as adesões e as uniões. Claro que tudo isso é normalíssimo.
Entretanto, quando ocorrem tais processos terão que existir justificativas lógicas, que o povo entenda.
A paz é sempre uma conquista e não um presente “por debaixo do pano”.
Por exemplo: em 2006 os Alves e Maias no RN se uniram. Mas tudo começou dois anos antes, quando no segundo turno o candidato das oposições em Natal – deputado Luiz Almir – recebeu o apoio do PMDB, PFL e PSDB, todos no mesmo palanque de “mãos dadas”.
Outro ponto importante é que em 2006 a unidade dos contrários ocorreu para ficar na oposição, para enfrentar o poder desenfreado dos Governos – estadual e federal e foi em todos os municípios do Estado.
Hoje no RN, os grupos, partidos e lideranças mudam de palanque em cada cidade, sem o respeito mínimo à coerência e a dignidade de uma posição política. Incrível!
A união de agora, para cotejar Palácios e os governantes, ou salvar “colégios eleitorais para 2010” é completamente diferente do ocorrido em 2006. Se parece mais com oportunismo, do que firme propósito de preservar o interesse coletivo.
O que ocorre no Rio Grande do Norte atualmente coloca o cidadão comum diante da pergunta: o que fazer?
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