Marca Maxmeio

Brasília em Dia

  • 27 de Junho de 2008

    Brasil e Japão

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    A Embaixada do Japão no Brasil tem razões para festejar o sucesso das comemorações que marcam o centenário da imigração japonesa. A visita do príncipe herdeiro do trono japonês, Naruhito, revelou o perfil de generosidade e simplicidade do povo nipônico. Sua Alteza deixou de lado o protocolo e identificou-se com os brasileiros, durante os nove dias que aqui passou.

    Pessoalmente, sempre colaborei para a consolidação das relações de amizade do Brasil com o Japão. Por duas vezes (1994 e 1999/2003), fui o presidente no Congresso Nacional do grupo parlamentar Brasil/Japão, criado por meio da Resolução nº 71, de 1994, da Câmara dos Deputados, publicada no DCN1, Suplemento de 01.12.94, pág. 0002, col. 01. Recordo a colaboração que tive na presidência do Grupo do então colega deputado Antonio Ueno (PR) e do deputado Paulo Kobayashi (SP). A Embaixada japonesa em Brasília nunca deixou de prestigiar o grupo parlamentar.

    Em dezembro de 2000, participei, no Rio de Janeiro, de um profícuo “Seminário Brasil-Japão”, promovido pelo Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, com a presença de investidores, diplomatas e políticos. O evento contribuiu à época com sugestões objetivas para o incremento das relações comerciais bilaterais.

    A integração entre japoneses e brasileiros começou no início do século XX, quando o navio Kasato Maru chegou ao Brasil em 1908, com 165 famílias a bordo. Todas elas resolveram acreditar nas perspectivas de trabalho e lucro na lavoura brasileira do café. Naquela época, o Japão enfrentava séria explosão demográfica e crise econômica decorrente de guerras com a China e a Rússia. O governo estimulava a emigração. O Brasil surgiu como o paraíso sonhado por muitos desempregados. Documentos históricos mostram cartazes fixados em cidades japonesas, onde se lia: “No Brasil, existe uma árvore que dá ouro: o cafeeiro. É só colher com as mãos”.

    Movimento migratório inverso começou a ocorrer, ainda na década de 80, quando grandes fluxos de descendentes foram tentar a vida no Japão, estimulados pela lei, que permitia o trabalho naquele país dos filhos e netos de cidadãos japoneses. De 1989 para 1990, o número de brasileiros no Japão aumentou 288%.

    O Brasil atravessava dificuldades econômicas, com o aumento da inflação e do desemprego. Esses imigrantes passaram a ser conhecidos como “dekasseguis”, o que significa “trabalhadores temporários”. Hoje em dia, a tendência é a fixação deles definitivamente no Japão e não são mais chamados de “dekasseguis”.

    Do ponto de vista econômico, o Japão até 1853 era isolado do mundo, ao contrário do perfil de país exportador, assumido no século XX. A abertura para o mercado externo ocorreu naquele ano, diante de ameaças de ataque da frota militar dos Estados Unidos, comandada pelo Comodoro Perry. Até então, o comércio japonês se limitava a trocas com a Holanda. Nada mais.

    Em relação ao Brasil, verifica-se drástica redução da parceria bilateral, no início da década de 80, quando a duplicação dos preços do petróleo provocou acentuada deterioração do nosso comércio exterior. No início da década de 90, o quadro mudou pelo incentivo dado por meio das privatizações de empresas estatais e concessões de serviço público.

    As comemorações este ano do centenário da imigração japonesa e, sobretudo, a bem sucedida visita do príncipe herdeiro Naruhito, contribuirão certamente para a revitalização das relações econômicas entre o Brasil e o Japão. Somam-se a tais fatos, o interesse natural do mercado brasileiro para os produtos japoneses; a competividade brasileira no mercado externo e a estabilidade política e econômica do nosso país.

    Apesar do Japão enfrentar dificuldades econômicas, o país está entre as maiores economias do mundo e o Brasil se inclui no rol dos países emergentes (“big emerging markets”). Por outro lado, o potencial de expansão nas relações comerciais do Mercosul despertam interesses nipo-brasileiros. Nos últimos cinco anos, o fluxo de comércio intra-regional no cone sul, praticamente quadruplicou, passando de cerca de US$ 10 bilhões para US$ 40 bilhões de dólares.

    Será sempre salutar a parceria do Brasil com o povo japonês. O relacionamento tem tudo para crescer. Basta recordar a adoção recente do sistema japonês de TV digital e a concretização da venda de jatos da Embraer ao Japão. São demonstrações de boa convivência e harmonização dos interesses comuns.

    A verdade é que a recente visita do príncipe herdeiro Naruhito trouxe excelentes resultados e perspectivas promissoras.

    Coluna semanal
    Revista Brasilia em Dia

    www.brasiliaemdia.com.br


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