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Opinião

  • 03 de Janeiro de 1998

    O DINHEIRO DA COSERN

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    O DINHEIRO DA COSERN

    Sempre me opus à venda da COSERN, por considerar empresa viável, lucrativa que com administração apolítica e técnica (inclusive representante dos empregados na Diretoria) geraria dinheiro para o Estado aplicar na área social, sem a perda do patrimônio público, construído com tantos sacrifícios.

    O liberalismo social não é radicalmente contra a empresa estatal, nem favorável ao desmonte do Estado, com a desvalorização do serviço público. Privatizar apenas aquelas empresas que não exerçam funções típicas do Estado, ou usem o imposto do cidadão para cobrir o déficit crônico. O serviço público deve ser valorizado, sem privilégios, premiando a competência e atendendo o cidadão com eficiência e rapidez.

    O fato consumou-se: a COSERN está vendida. O caminho agora é aquele adotado pelo Fórum Empresarial e o Pacto pelo Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, ou seja, participar e fiscalizar o uso dos 500 milhões de reais nas mãos do governo, às vésperas de uma eleição. Afinal, trata-se de dinheiro do povo. Pessoalmente, não torço pela desgraça, nem antecipo desconfiança. Desejo que o Governo do Estado aplique bem estes recursos.

    O social para ser bem atendido necessita de receita estável. Em resumo: a questão não é dar o peixe, mas ensinar a pescar. A erradicação definitiva da pobreza pressupõe (1) sensibilidade e prioridade política e (2) dinheiro garantindo os custos. Daí entender válida a sugestão do Fórum e do Pacto para a formação de um Fundo permanente com dinheiro da COSERN, visando aplicar recursos na atividade produtiva (incluindo projeto de reforma agrária) e geração de empregos. Este Fundo deve ter suas diretrizes gerais fixadas pelo Governo, sob a fiscalização de um Conselho, formado pelas oposições, Igreja, Sindicatos e entidades representativas. O dinheiro gasto a fundoperido, sem garantia de retorno é esbanjamento e, ao invés de reduzir, aumenta o nível de miséria e exclusão social.

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte



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