Opinião

• 15 de Setembro de 2001

  O MUNDO MUDOU

  

   

   

   

  O MUNDO MUDOU

  O brasileiro que chega a Nova York logo procura o “Century 21”, centro de compras conhecido pelos  preços abaixo da média. Na manhã da última terça, a nuvem de fumaça densa e negra envolveu este “shopping”, localizado na vizinhança das “torres gêmeas”, destruídas pelo maior atentado terrorista da história da humanidade. Os Estados Unidos eram atingidos em dois pólos do poder americano: o dinheiro (o bairro dos grandes negócios, próximo a Wall Street) e o centro da força militar (o Pentágono, em Washington DC). Um “boeing”, também seqüestrado, cai na rota da capital americana,  antes de cumprir a missão suicida de atingir a Casa Branca.  O mundo parou perplexo.

  Ao tomar conhecimento da catástrofe, tentei durante horas, sem sucesso, falar com o meu filho, Ney Jr e a minha nora Michelle, que em Washington DC fazem curso de mestrado em direito. Já quase ao meio dia em Brasília, recebo a informação de que Ney Jr iniciara diálogo com a irmã, Ana Lílian, através do computador (ICQ), logo interrompido. A imprensa anunciava que mais de um milhão de ligações eram tentadas para os EEUU com o sistema congestionado. Chega, por fim, uma ligação a cobrar feita de um telefone público, após várias tentativas frustadas. Ney Jr e Michelle, a caminho de casa, informaram que estavam bem e que a conversa pelo computador não prosseguira, porque a Universidade fora imediatamente evacuada. Eles tomaram conhecimento do atentado pelo computador, usado durante as aulas. Os professores e alunos entraram em pânico, ante o boato de que, além do prédio do Pentágono, Washington seria dentro de minutos violentamente atingida, talvez por ataque de gás. Relatou Ney Jr que um colega, judeu-americano, cuja família mora em NY, chorava copiosamente. Naquela manhã de outono, o cheiro da fumaça vindo do Pentágono era sentido em todas as partes. O Presidente e Vice em lugares desconhecidos; o Capitólio esvaziado; líderes no Congresso protegidos num “bunker”; o Estado Maior do Exército bombordeado; a CIA e o FBI atordoados. Desde a Guerra Civil não houvera destruição semelhante na América. O medo dominava a capital mais poderosa do mundo.

  Depois de duas horas (percurso normalmente feito em 15 minutos), enfrentando barreiras policiais e trânsito caótico, os dois chegam ao apartamento onde moram e por celular completam algumas ligações. No dia seguinte, disse-me Ney Jr que duas coisas o impressionaram: a decepção da população, que se deslocava nas ruas em absoluto silêncio, ante a certeza de que a insegurança chegara lá, igual ao resto do mundo. Aviões de caça e helicópteros fizeram vôos razantes, durante mais de 24 horas. Washington DC era atacada pela primeira vez, desde que os britânicos incendiaram a Casa Branca, na Guerra de 1812. Outra observação feita por ele, já no final da semana, após o retorno às aulas, é a tendência norte-americana para o isolacionismo. Os EEUU cuidariam dos seus problemas e interesses e “os outros” que se “virem”. Afinal, na hora em que o Governo planejava sofisticado sistema de defesa, um grupo de bárbaros, de forma prosaica, usa aviões comerciais e sem armamentos de guerra atinge a maior nação do planeta. O isolacionismo pode igualmente levar os EEUU a somente considerar “aliado” aquele país que adote a diretriz da “tolerância zero”, criando clima policialesco no mundo com elevados gastos militares.

  A verdade é que depois de terça passada, o mundo mudou. Não há nações inatingíveis. Tudo porque, o poderio econômico de nada vale, quando  o sacrifício da vida humana (os terroristas)  é oferecido para destruir povos e pessoas, em nome de crenças ou até de paranóias coletivas.
  
  

  ACONTECE

  José Fernandes
  Faleceu o Dr. José Fernandes de Melo, velho militante da política potiguar. O traço maior da sua personalidade era servir como médico. O seu estilo sincero tornava o diálogo fácil. Com vários mandatos de deputado estadual e prefeito de Pau dos Ferros, deixa uma história de vida fecunda e ligada aos episódios políticos posteriores a redemocratização de 1945.

  Internet na Justiça
  Já tramita a primeira proposta de projeto de lei apresentada à Comissão de Participação Legislativa da Câmara Federal pela Associação dos Juizes Federais do Brasil. Trata da informatização do processo judicial. Pela sugestão, somente usariam a Internet nestes casos quem fosse credenciado junto ao Judiciário. Uma citação inicial, por exemplo, que demora 4 a 6 semanas, poderá ser feita em segundos. Fui indicado o Relator desta proposta.

  Contratos
  Consta da proposta orçamentária para o próximo ano dotação de R$ 500 milhões para contratação de pessoal por órgãos federais, mediante concurso público.

  Sem documentos
  Está em fase final de aprovação no Senado Federal projeto de lei que isenta o cidadão de apresentar documentos que comprovem vínculos trabalhistas e a relação de salários desde 1994 na hora de pedir aposentadoria e outros benefícios ao INSS. O PL já foi aprovado na Câmara.            

  Antecipação dos 28.86%
  O Governo autorizou a antecipação do pagamento dos 28.86% a serem liquidados a partir de novembro. Terão direito à antecipação : os aposentados por invalidez  que percebem remuneração mensal igual ou inferior a R$ 1.800.00; os servidores, ativos ou inativos, que percebem remuneração mensal igual ou inferior a R$ 1.800.00, desde que portadores de doença grave especificada em lei.

  FGTS
  O saldo do FGTS pode ser levantado a qualquer tempo, inclusive para os aposentados que não requereram. Lembro que o saldo é corrigido mensalmente todo dia 10 e o pagamento feito cinco dias após a solicitação.

  Banco Central
  Amanhã termina o prazo de inscrição no concurso do Banco Central do Brasil para os cargos de procurador e analista. Qualquer informação de última hora poderá ser pedida no telefone (61) 412 5860 e 412 5856.

  Coluna Publicada aos domingos
  nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
  Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte

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