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Opinião

  • 26 de Outubro de 2002

    O QUE SERÁ O AMANHÃ?

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    O QUE SERÁ O AMANHÃ?

    Hoje, finalmente é o dia D. Serão eleitos os futuros Presidente e Governadores estaduais. A estreita opção de escolha entre dois candidatos gera naturais dúvidas, insegurança e contradições. Todos lembram a musiquinha: ... "o que será o amanhã?".

    Neste domingo escrevo uma auto-entrevista, na qual sou ao mesmo tempo repórter e entrevistado. Muitas pessoas me indagaram sobre temas políticos e ideológicos. Como por exemplo:

    Em quem vota para Presidente ?
    Voto em José Serra.

    É o seu candidato ideal ?
    Tanto não é que votei em Ciro no primeiro turno.

    Você disse em recente entrevista que Serra era “demolidor” e vota nele ?
    Realmente usei a palavra demolidor. Serra foi demolidor, na medida em que lhe foi atribuído o afastamento de Roseana, Tasso, Ciro e Paulo Renato como candidatos à Presidência. Isto o afastou de líderes como Sarney, ACM, Ciro e até o Tasso no primeiro turno. Em política, demolidor é quem não agrega . Isto não impede que no  gargalo do segundo turno eu deixe de votar nele, até porque o considero competente.

    Você prega mudança, diz que Lula é reformador e não vota nele ?
    Claro que Lula é reformador. A sua vida foi pregar mudança e até rupturas. Em 2001, o PT divulgou o seu plano de governo com o título “Ruptura necessária”, que significa reforma de 360º no país. Eu nunca vi um candidato apresentar-se como “anti-reformador”. Votar  ou não num candidato reformador exige concordância com a qualidade da sua proposta de reforma e a convicção de que ele e a sua base política concretizarão estas idéias . Negar  isto é deixar  a janela aberta  para crises institucionais.

    Para eu  votar em Lula, sem parecer oportunismo porque ele ganhará, teria sido necessário conhecer em profundidade as suas novas idéias e a chamada “ala radical” do seu Partido ter dado sinais de concordância com elas. Caso ele tenha realmente mudado de pensar, enfrentará inevitáveis obstáculos daqueles que se sentirem enganados.

    As alas radicais ainda estão no PT, ou já saíram ?   
    A VEJA da última semana responde  isto, quando publicou detalhes e  entrevistas contundentes com os líderes das alas do PT consideradas  radicais. Faço votos que a governabilidade seja preservada , até porque se afirmasse o contrário o conhecido “patrulhamento” diria que estou pregando o terror. A esta altura não tem mais jeito . Duda Mendonça vencerá com “Lulinha paz e amor”. Torço para dá certo, porque o Brasil é um avião em vôo e eu estou dentro dele. Afinal, a alternância de poder é democrática.

    Admite apoiar Lula no Congresso ? 
    Admito, desde que a partir de amanhã haja convivência democrática com os contrários  e desapareça a mania de considerar os opositores  incapazes, entreguistas  e anti-Brasil. Será  que as dificuldades atuais do Brasil são fruto da incompetência e o país é o único no mundo, cujas dificuldades atuais não sofrem a influência da economia mundial ? Será que conter as despesas públicas é maldade ou sadismo dos governantes ? Será que a lei de responsabilidade fiscal, que só permite União, Estados e Municípios gastarem o que arrecadam, deve ser colocada no lixo?

    Vota em quem para Governador do RN ?
    Em Vilma.

    No passado vocês divergiram...
    É verdade. Mas foram divergências no plano político e não pessoal. Nunca houve ruptura do respeito recíproco.

    Qual a verdade sobre o seu rompimento com Vilma, quando era Vice-Prefeito dela ?
    O rompimento foi do meu Partido. Segui a orientação política do PFL, pelo fato do partido ter indicado o meu nome para vice-prefeitura de Natal.

    O choque com o PFL teria começado quando a Prefeita Vilma votou em Brizola e não em Collor para Presidente ?
    Não. Até porque eu, o seu vice-prefeito à época, também votei e fiz campanha para Brizola ser Presidente da República. Hospedei Brizola em minha residência em Natal. Eu não votei em Fernando Collor.

    Então, por que o rompimento?
    A divergência foi a sucessão de Geraldo Melo. O PDT fez a coligação com o PMDB para lançar Lavoisier Maia candidato ao Governo do Estado contra José Agripino. Fiquei com José Agripino.

    Será possível Vilma governar o RN com apoios políticos tão diferentes ?
    Claro que sim. Ela sabe o que quer e é experiente. Em 1988, quando ela e eu ganhamos a eleição em Natal, recebemos apoios igualmente diferentes do PDT, PFL, PCdoB. Como liberal, sinto-me a vontade ao lado de uma socialista democrática. O grande eixo que nos une é o desafio de encontrar “oportunidades para todos”. Basta olhar a história e ver no século XIX os liberais europeus enfrentando este mesmo desafio na luta contra as desigualdades e a favor das liberdades. Foram os liberais ingleses que criaram o Imposto de Renda; a hora extra para o trabalhador; o adicional noturno e outras conquistas sociais democráticas. A essência do verdadeiro liberal é a mudança, distribuição de renda, liberdades política, econômica, religiosa e de qualquer natureza, tudo com a indispensável valorização do Estado como o principal responsável pelo controle social e o bem comum.

    E o neo-liberalismo ?
    As posições ideológicas extremas são sinônimas de conservador, mesmo em pólos opostos. De um lado, elas sempre resistem a mudança com o objetivo de conservar privilégios e de outro buscam manter o Estado paternalista e “podo poderoso”. O neo-liberalismo conservador nada tem a ver com a doutrina liberal; da mesma forma que a concepção atual do socialismo democrático nada tem a ver com posições radicais. Neo quer dizer em grego novo. A doutrina liberal está intimamente ligada à história da democracia, portanto, não é nova. Liberais foram Nabuco, lutando contra a escravatura no Brasil; Sobral Pinto opondo-se à Revolução de 64, sendo o advogado número 1 dos presos políticos. Esse tal neo-liberalismo pretende ressuscitar o condenável Laissez Fairelaissez passer do século XVIII (a liberdade total, absoluta, sem lei ou intervenção do Estado), princípio abominável, derrotado pelos verdadeiros liberais, desde a Revolução Industrial do século XIX. O analista honesto deve separar a doutrina liberal do chamado neo-liberalismo.      

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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