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Opinião

  • 19 de Outubro de 2002

    A TESOURA DO MEU PAI

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    A TESOURA DO MEU PAI 

    Os meus colaboradores de campanha política festejaram, no último dia 10, o sucesso eleitoral que, juntos, construímos. Emocionou-me a festa simples e sincera, sobretudo quando foi exibida a tesoura com que meu pai trabalhava em sua Alfaiataria. Tocaram-me as palavras de Ney Júnior, em nome de todos, a seguir transcritas:

    • “Quando sonhamos sozinhos é só um sonho. Quando sonhamos juntos é o começo de uma  nova realidade” (D.Helder).

    “Você sonhou junto com todos nós. Foi difícil, mas você venceu e nós vencemos também.

     “A caminhada foi longa,  mas você achava tempo para mamãe, para mim, Michele, Karla, Aldir, Thiago, Rafaela, Aninha, Manoel, Carol, Heloisa, minhas avós Neuza e Wancy e para os familiares e amigos que o procuraram e ajudaram.

     “Você tinha os seus problemas e suas preocupações. Porém, mesmo assim, preocupava-se com os problemas dos outros e procurava fazer o melhor que podia. Você nunca esteve só. Analisávamos dia a dia os obstáculos a frente, os quais sempre lhe acompanharam em lutas passadas. Você enfrentou concorrentes muito poderosos na política local. A imprensa, na sua maioria, fazia prognósticos sobre os eleitos e nem sempre lhe incluía, ou, quando incluía, deixava dúvidas. A sua equipe, aqui presente, foi dinâmica, responsável , teve fé e trabalhou com garra e amor. Vestiu realmente a sua camisa. A ela, os nossos agradecimentos.

     “97.425 pessoas acreditaram em você. Grande parte no anonimato. Somos gratos a todos. A sua trajetória política realmente mereceu o respeito e o reconhecimento dos norte-rio-grandenses. Sou suspeito para dizer isto como seu filho. Mas, é preciso que todos saibam. O atual momento da chamada “onda vermelha” ajudou a muitos. No seu caso, porém, o reconhecimento popular foi conseqüência da honestidade do seu trabalho e intenções, do seu desejo sincero de mudar, de criar oportunidades para todos, sem extremismos ou radicalismos.

     “De origem humilde,  tudo começou com esta tesoura que agora exibo, pertencente ao seu pai e  meu avô Josias, que com ela cortava tecido para confecção de roupas numa alfaiataria do bairro do Alecrim, em Natal. O manejo dessa tesoura, guardada com carinho pela sua avó Mafalda e, após a sua morte, conservada por minha mãe Abigail, possibilitou os seus primeiros passos na vida e, sobretudo, colocá-lo na escola, onde além de bom aluno, você também se destacou na política estudantil, sendo eleito aos 14 anos presidente do grêmio estudantil SIAN- (Seção Infantil da Arcadia Natalense)-, no Colégio Marista e depois orador oficial da turma concluinte  de Direito da UFRN no ano de 1967, denominada “Turma da Liberdade”, cujo Patrono foi Juscelino Kubistchek, no período em que ele estava exilado e perseguido pela revolução de 64.

     “Mas, não ficou por aí. Você, com vocação também para o jornalismo, começou a trabalhar ainda garoto no jornal Tribuna do Norte; depois dirigiu o jornal católico “A Ordem”; foi correspondente do  jornal Folha de São Paulo e do Diário de Pernambuco; redator especial do Jornal do Comércio do Recife; colaborador do RN Econômico  e hoje colabora semanalmente nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE com a sua coluna OPINIÃO. No ano de 1962, com apenas 19 anos, foi o primeiro colocado no concurso estadual de reportagem sobre a Força Aérea Brasileira (FAB) e com 20 anos ganhou o “Premio Esso de jornalismo”, concurso a nível nacional, concorrendo com jornalistas de vários Estados brasileiros. Foi também professor dos colégios Marista, Imaculada Conceição, Atheneu e da UFRN.

     “Ingressou na política ainda estudante universitário em 1966, defendendo, sem temor, as liberdades públicas e democráticas. Jovem, teve votos suficientes para ganhar conseguidos na luta e num esforço sobre-humano de comícios relâmpagos em todo o Estado. O seu partido não atingiu o coeficiente eleitoral e por isto não se elegeu. Teve a coragem de ingressar num partido pequeno, duramente combatido pelas forças políticas locais unidas em torno da revolução de 64 e protegidas pela sigla oficial da época – a ARENA (Aliança Renovadora Nacional). Você tem longa história. Não desceu de pára-quedas na política local. Com vocação, construiu tijolo a tijolo a vitória que hoje, juntos, festejamos.

     “Em 1974 elegeu-se deputado federal pela primeira vez. Por perseguição política e inveja foi arrebatado na “marra” da vida pública, por um certo tempo. Mais tarde, em 1986, sem jamais ter respondido um inquérito ou uma ação judicial, sem mancha de qualquer espécie, já advogado conceituado, retornou à política e todos aqui conhecem o seu percurso. Você nunca foi um fenômeno eleitoral de momentos ou de circunstâncias. Você é sempre fiel aos seus princípios e a democracia.  Preparou-se para a vida pública e cresce eleição a eleição. Você persiste e acredita no que faz.  Ao longo do caminho enfrentamos  dificuldades quase intransponíveis. Mas, a culpa não foi sua. Teria culpa se não tivesse sabido se levantar. Mas, você soube. Você, tornando minhas as palavras de Octávio Melo, não chorou por “saber que as rosas tinham espinhos, você sorriu por saber que os espinhos têm rosas”. E administrou muito bem as adversidades.

     “O menino que de calças curtas começou a trabalhar na Alfaiataria Globo no bairro do Alecrim, vendo o seu pai manejar esta tesoura que tenho em mãos, tornou-se o 8° melhor parlamentar do Brasil, no julgamento idôneo da notícia publicada na revista ÉPOCA de circulação nacional. Esta equipe do seu comitê, ouviu inúmeras vezes nesta campanha, pessoas do povo acharem que você já poderia ter avançado  mais na política. Porém, como seu filho, eu sei muito bem que lhe faltaram as oportunidades, que, com a graça de Deus, ainda poderão vir.  Atuar na política local é difícil. Mas, mesmo assim, crendo numa vocação vinda do berço, você venceu e hoje é o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados e foi indicado, por consenso de todos os Parlamentos da América Latina e do Caribe, para o honroso cargo de Presidente do Parlamento Latino Americano (PARLATINO) nas Américas, a ser homologado em 9 de novembro. Agora, festejamos a sua eleição para o 6° mandato de Deputado Federal pelo Rio Grande do Norte, sendo um dos mais antigos do Parlamento brasileiro. Tenho orgulho e muita responsabilidade de possuir o seu nome. Farei tudo para honrá-lo.

     “A coisa mais importante que os pais podem ensinar aos seus filhos é como viverem sem eles. E isto você nos ensinou. Deu a todos as ferramentas para enfrentar a vida. Saberemos usá-las e mostraremos que não lutou em vão. Receba, neste momento, o abraço carinhoso, afetivo e a admiração não só  da sua esposa- Abigail-,  seus filhos, netos, nora, genros, mas de todos os amigos, os seus colaboradores fiéis. Receba também o abraço simbólico dos  97.425 que votaram em você e de milhares de conterrâneos que gostariam de ter votado e não o fizeram por compromissos eleitorais, mas reconhecem, acima dos partidos e das emoções, o seu trabalho, a sua luta, a sua caminhada, o seu espírito público, a sua expressiva e merecida vitória.

     “Deus o abençoe e guie no exercício de mais um mandato parlamentar. Continue sendo a Força do RN, pois o nosso Estado por ser muito pequeno, necessita de grandes homens. O parabéns carinhoso do seu filho, da nossa família, de todos os  seus amigos e admiradores”.           

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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