Marca Maxmeio

Opinião

  • 12 de Agosto de 2007

    O MEU PAI

     

     

     

    Neste domingo – “dia dos pais” - permita-me o leitor – lembrar “seu Josias”, o meu pai. Católico, moreno, solidário “de plantão”, olhava nos olhos de quem apertava a mão com firmeza. Tinha orgulho de ter nascido no Assu, a “cidade dos poetas”. Observador, gostava de poesia como todo assuense. Repetia sempre a frase de sua mãe, Mafalda: “a vida é mais doce quando se chupa alfinin do Assú”.

    Era alfaiate. Aprendeu durante a II Guerra Mundial a tirar medidas de roupa, cortar tecido, mas não sabia costurar. Nos anos cinqüenta, instalou a Alfaiataria Globo, no Alecrim. Mensalmente ia a Recife comprar “fiado” aviamentos para alfaiate. Certa vez, levou-me em uma dessas viagens. Ouvi do gerente da firma Fortunato Russo o elogio de que ele era o seu cliente mais correto e pontual nos pagamentos.  Transmitiu-me a lição que sigo até hoje, de não gostar de dinheiro emprestado e pagar em dia as obrigações. Diziam que atravessava um rio a nado para fazer um favor.

    Preocupava-se com o meu futuro. O seu maior sonho era que fosse “guarda marinha” (oficial da Marinha de Guerra). Depois, quando decidi ser jornalista e advogado, torcia para que chegasse a procurador federal. Sou procurador federal.

    Ele acompanhava tudo em política, sem ser militante. Quando lhe dizia que um dia seria político, olhava-me com os olhos abertos e brilhosos, quase lacrimejantes e exclamava: “sou um homem pobre. Não posso ajudá-lo. No Rio Grande do Norte a política é um clube fechado, de famílias tradicionais. Não lhe deixarão entrar. E se entrar vão lhe perseguir e sofrerá muitas injustiças”. Citava como exemplo Café Filho, que a própria terra não reconhecia o seu valor pessoal.

    No final dos anos cinqüenta surgiram as primeiras roupas feitas. Seria o momento para a Alfaiataria Globo transformar-se em indústria. O meu pai nunca ousou ir além do que cultivar a amizade dos seus clientes, que encomendavam roupa sob medida. Negava-se a pedir empréstimos em bancos, ou favores a Governo. Resultado: os clientes passaram a comprar roupa feita e a Alfaiataria Globo fechou. Muitas vezes confessou-me as suas dificuldades financeiras. Eu era adolescente. Não tive alternativa, senão começar a trabalhar em jornal, aos 14 anos de idade. Recordo a aflição doméstica na hora de pagar os estudos dos três filhos e comprar material escolar. Por isto, ao assumir em 1975 – pela primeira vez – o mandato de deputado federal apresentei projeto de lei, propondo a criação pioneira no Brasil do “crédito educativo”. A Revolução copiou essa minha idéia.

    Lembro-me das últimas alegrias de “seu Josias”. A minha formatura em 1967, quando fui o orador da chamada “turma da liberdade”, que tinha Juscelino Kubitschek como patrono e o meu casamento com Abigail, de quem sempre gostou. Morreu aos 56 anos. Supersticioso com o número 9 ou numeração que desse em “nove fora nada”, faleceu no dia 9 de maio, no apartamento número 9. Herdou a superstição da minha avó Mafalda, que anotava as coincidências da vida. Ela registrou em diário, que o seu filho único nascera numa terça-feira; o último aniversário e a primeira operação numa terça; a cirurgia reaberta duas vezes e a sua morte em terças-feiras. Autorizei, em nome da família, a doação das suas córneas para transplante no navio norte-americano Hope, então ancorado em Natal. Exigi nunca saber o beneficiário dos olhos, nem ser feita qualquer divulgação. Até hoje, desconheço quem passou a enxergar com os olhos do meu pai.

    Logo mais, ao lado dos meus filhos, teremos o almoço em família. Recitarei baixinho a trova da música de Sérgio Bittencourt: “naquela mesa ele sentava sempre e me dizia contente o que é viver melhor... Naquela mesa tá faltando ele, e a saudade dele tá doendo em mim”.          


     

    Emenda “Ney Lopes”

    No final do meu mandato como deputado federal apresentei emenda ao projeto de lei, que regulamenta as zonas econômicas especiais no país – ZPE´s modernizadas. O Governo federal, através de “minuta” de Medida Provisória, em discussão no Congresso, ameaça vetar o artigo de minha autoria, (3°, § 1°, IV), que recomenda “prioridade para as propostas de ZPE localizada em área geográfica privilegiada para a exportação”. Está na hora do Governo do RN e parlamentares assumirem essa bandeira e lutarem – como lutei – por mais empregos e oportunidades para a nossa gente.

    Objetivo é Rio Grande do Norte

    Qual foi o meu objetivo com essa emenda? Deixar claro que o melhor local geográfico e estratégico na América Latina e Caribe para uma área de livre comércio é o Rio Grande do Norte, ao lado do futuro aeroporto de São Gonçalo do Amarante,  pela proximidade com Europa e África.

    Gás mais caro

    O incrível acontece: o gás natural extraído no RN está cada dia mais caro. Iguala-se praticamente ao preço do álcool usado em veículos.  Justamente na hora em que se discutem novas regras para o produto no Congresso.

    Talento potiguar

    A UFRN partiu na frente nas pesquisas com células-tronco no país. Foi aprovada a proposta que tem como base a tese de doutorado do potiguar Dr. Custódio Guerra, dentre 350 projetos apresentados ao CNPQ e apenas 42 escolhidos. O coordenador é o professor Dr. Clodomiro Alves Jr com a participação do Dr. Marco Aurélio Medeiros, mestres e doutores do nosso Centro de Ciências da Saúde. A pesquisa refere-se a implante dentário com células tronco, formando um dente completo e funcional.

    Exército

    Até amanhã serão aceitas inscrições para o concurso de admissão e matrícula nos cursos de formação de oficiais do serviço de saúde do Exército (118 vagas). Informações site www.essex.ensino.eb.br .

    Coluna Publicada aos domingos
    nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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