Opinião
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12 de Fevereiro de 2005
O POETA DA ARQUITETURA
Falta na paisagem cotidiana de Natal, desde o último dia 4 de fevereiro, o “boné”, inseparável companheiro de Ubirajara Galvão. “Boné” semelhante àquele de Érico Veríssimo, lembrado no verso de Drumond: “falta um boné, aquele jeito manso, aquela ternura contida”.Ubirajara fazia arquitetura como quem escrevia um poema. Dava forma ao detalhe desenhado na prancheta, com imaginação, criatividade e profundo senso humano. Tornei-me seu amigo. E não só isto, seu admirador.
No final dos anos 70, familiares, amigos e ele próprio desejavam construir casas no litoral norte. Ubirajara encarregou-se de escolher o local. Visitou a nativa praia de Jacumã, vizinha a Muriú. Logo, enfeitiçou-se pela vila bucólica, os coqueirais, a pequena enseada, a visão primitiva das jangadas e dos barcos de pescadores. Convenceu-se que o local seria aquele. Todos concordaram. Em pouco tempo, seis casas à beira mar foram ali construídas, mesmo com grandes dificuldades de acesso.
Um amigo comum contou-me, certa vez, que ele projetara a construção da sua casa de veraneio. A previsão era vidro comum nas esquadrias. Em busca de mais segurança e por tratar-se de uma casa de praia, argumentou com ele que preferia madeira. Ubirajara opinou, dizendo que a madeira impediria de ver o nascer e o pôr-do-sol, espetáculo de rara beleza, sobretudo à beira mar. O amigo convenceu-se e sempre exaltava o detalhe arquitetônico dele como uma solução humana, sensível e voltada para a apreciar a natureza.
Em Brasília, a notícia da sua morte tomou-me de surpresa. Emocionei-me. Achei, de início, ser impossível. Depois, como Goethe, convenci-me de que a morte é uma impossibilidade que, de repente, se torna realidade.
Partiu o “humanista” e “poeta” da “arquitetura potiguar”. Nem Marlene, a sua dedicada esposa, percebeu naquela sexta, antes do carnaval, que jamais o veria vivo, após sair cedinho com o “boné” de sempre para tratamento médico semanal, tendo antes anunciado que desejava almoçar em Jacumã. A morte chegou para “Buá” (apelido familiar) como no verso de Fernando Pessoa. Apenas, “uma curva na estrada” para nunca mais ser visto, salvo na recordação da sua figura humana. Que o Grande Arquiteto do universo o receba na Eternidade e lhe dê o lugar reservado às pessoas que, na terra, cultivaram o bem, a amizade e a solidariedade.
Sexta, China
Sábado próximo, chegarei à China Popular como convidado oficial da Assembléia Nacional Chinesa, o mais recente “observador permanente” do PARLATINO. Visitarei Shangai e Pequim. Retorno no próximo dia 28. Na agenda organizada pelos anfitriões e pela nossa Embaixada, constam além de contatos na área política, visitas e debates com setores econômicos de importação, exportação e investimentos.
Documentário sobre o RN
Embora represente os Parlamentos da América Latina e do Caribe, a minha preocupação principal será o nosso Estado. Levo para exibição um documentário sobre o Rio Grande do Norte. Apresentarei Natal como “a capital da América Latina”, situada na curva do Continente e a cidade latino-americana mais próxima da Europa e da África. Procurarei conhecer experiências econômicas geradoras de emprego e renda. Ao retornar, pretendo discutir sugestões e propostas, colhidas na viagem, com o Governo estadual, industriais, comerciantes e a comunidade potiguar.
O Merconorte
O “mercado comum dos países sul americanos” (Merconorte – Plano de Desenvolvimento e integração fronteiriça das regiões Norte e Nordeste do Brasil) é uma proposta concreta que apresentarei aos chineses. Trata-se de discussão, por mim já iniciada no PARLATINO, que consiste no aproveitamento do potencial econômico dos países fronteiriços (no Brasil, as regiões Nordeste e Norte), possibilitando trânsito de mercadorias, bens, serviços, capitais e a gestão conjunta da produção, da distribuição e do consumo.
Natal e RN, esquecidos
Cerca de 400 mil pessoas em 13 Estados serão beneficiadas com a melhoria e implantação de projetos de corredores estruturais de transporte coletivo urbano, faixas exclusivas para ônibus, ciclovias e obras de acesso de cadeira de roda. Natal e cidades do RN foram esquecidas.
Campanha da Fraternidade
Muito oportuno o tema da Campanha da Fraternidade: solidariedade e paz. O lema: “Felizes os que promovem a Paz”. Iniciada na última quarta, prolonga-se até o domingo da Ressurreição (27 de março). Este ano será a segunda Campanha Ecumênica, reunindo igrejas diferentes a favor da superação da violência e promovendo a solidariedade e a construção de uma cultura de Paz.
REVISÃO
O deputado federal Ney Lopes de Souza é a favor da revisão do parecer da Casa Civil da Presidência da República que foi contrário à transformação da Esam em Universidade do Semi-Árido. A Casa Civil alega que custaria caro aos cofres da União transformar a Esam em Universidade, o que não acredita o deputado. A mobilização da classe política é a estratégia que a direção da Escola Superior de Agricultura de Mossoró encontrou para tentar reverter, em Brasília, o parecer. Para o diretor da ESAM, Josivan Barbosa, é preciso empenho político.
INSCRIÇÃO
Quem quiser concorrer a uma vaga na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte, este ano, terá que desembolsar R$ 75,00 para inscrição no vestibular. A decisão de cobrar a taxa foi da governadora Wilma de Faria. No ano passado, os estudantes tiveram acesso gratuito, graças à lei Ruth Ciarlini. As inscrições estarão abertas no período de 7 a 11 de março. São 2.184 vagas oferecidas pela UERN.
REPASSES
A Câmara dos Deputados vai analisar a Medida Provisória 237/05 que prevê repasses federais de R$ 900 milhões aos Estados, Distrito Federal e municípios. Os recursos serão usados em incentivos às exportações e representam parte da compensação prometida pela União aos Estados pelas perdas de arrecadação provocadas pela chamada Lei Kandir. Os recursos serão liberados em 12 parcelas iguais ao longo deste ano.
Publicado em 13.02.2005 nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE.
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