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Opinião

  • 13 de Maio de 2006

    LEMBRANDO ALUÍZIO

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             Ano de 1958 – Com treze anos de idade e na época em que menino usava calça curta, acompanhei em Natal as andanças do candidato a deputado federal Aluízio Alves, quando ele promovia os mini-comícios “um amigo em cada rua”. Nasci em família partidária da UDN e ele teve os votos familiares em várias eleições.

                Ano de 1959 – Comecei a trabalhar como revisor, repórter e colunista (“Um fato em foco”) na Tribuna do Norte, jornal de Aluízio Alves. Praticamente não tive infância e adolescência. Iniciei-me na luta pela sobrevivência muito cedo. A lealdade familiar a Aluízio valeu-me aquela oportunidade, graças à intervenção de Teófilo Lopes, líder udenista em Barcelona.

                Ano de 1960 – Ocorreu a separação das águas. Aluízio deixou a UDN e se candidatou, em dissidência, a Governador do Estado. Mesmo sem ainda votar (tinha 15 anos), segui a orientação familiar, que apoiou o deputado Djalma Marinho, candidato de Dinarte à sucessão governamental. Fui demitido da TN. Hélio Vasconcelos – chefe da Casa Civil de Dinarte – convidou-me para presidir o comitê estudantil da campanha. Passei o mês de julho (férias escolares) hospedado em Caicó, na casa do Dr. João Araújo, esposo de minha prima Hilda. Aglutinei jovens adeptos de Djalma e realizamos na região comícios em cidades, vilas e distritos.

                Um episódio singular ocorreu em plena efervescência da campanha, no dia 11 de agosto de 1960. Programei no cinema Rex – no Grande Ponto – um evento de jovens, em homenagem a Djalma Marinho. Por coincidência, ao sairmos, aproximou-se o “caminhão da esperança” (versão potiguar do que Lacerda, Raul Brunini e Afonso Arinos já haviam usado em campanhas no Rio de Janeiro).  Naquele dia era o aniversário de Aluízio. Formou-se tumulto com o encontro casual das duas facções. Quando já me afastava do local, fui atingido por uma pedrada à altura do olho esquerdo. Sangrou muito e por pouco não perdi a visão. O clima foi muito tenso durante a campanha de 60.

                Aluízio Governador – Como repórter, acompanhei o governo de Aluízio. O traço principal de sua administração, ao meu ver, era a criatividade, através de uma visão acentuada de mundo. Ele se antecipou à globalização. Três exemplos provam isto: Aluízio viajou a Israel e observou um país sem água até para beber, mas que mantinha bem sucedido um programa de irrigação. Retornou e criou a CASOL – a primeira empresa de perfuração de poços do RN. Outro exemplo foram as visitas sucessivas que fez a Washington DC, tentando despertar o interesse do governo Kennedy, através da Aliança para o Progresso, para um programa de alfabetização de adultos no RN. Conseguiu êxito. Nesta experiência pioneira, o professor Paulo Freire implantou o seu método em Angicos. Ajudaram a viabilizar a iniciativa de Aluízio os jornalistas Jaime Dantas – conterrâneo, que durante 25 anos foi correspondente da revista “Time” no Brasil e o primeiro brasileiro a presidir o Clube de Imprensa estrangeiro “Overseas press Club - e Calazans Fernandes, natural de Marcelino Vieira e competente Secretário de Educação (SECERN) do governo estadual.

                Outro fato: visitou e acompanhou no Chile a criação e a evolução da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe), cujo secretário geral era Raul Prebisch, economista de visão global e que iria revolucionar a estratégia latino-americana de desenvolvimento. Mandou vários jovens potiguares – formados ou não – para cursos intensivos na CEPAL e criou a CED (Comissão Estadual de Desenvolvimento). Com isto, introduziu o planejamento estatal no RN. Até hoje, a chamada geração “cepalista” presta serviços ao nosso Estado.

                Quando atualmente defendo, com unhas e dentes, a criação de mais de cinqüenta mil empregos no RN, através de lei federal que crie uma “área de livre comércio” na região metropolitana de Natal, ao lado do futuro Aeroporto de São Gonçalo do Amarante e vejo a mediocridade daqueles que não dão sequer ouvidos aos meus apelos, imagino a falta que faz ao Rio Grande do Norte a mentalidade avançada que Aluízio, inegavelmente, teve na década de 60.

                Aluízio faleceu em Natal no último dia 6. Fui sempre seu adversário. Nunca estivemos juntos numa campanha política, até porque discordei de alguns dos seus métodos de tratamento aos adversários. Porém, presto-lhe homenagem póstuma, pela visão global e moderna que implantou no Estado, anos depois seguida na mesma intensidade pelo governador Cortez Pereira. Ambos provaram que os empregos e as oportunidades surgem da criatividade competente do administrador público, e nunca das tetas, já tão exploradas do Governo, ou das “jogadas” de PPP’s e companhia limitada, ardilosamente montadas apenas para usufruir vantagens em curto prazo, ou empréstimos subsidiados, mesmo que isto signifique prejuízos para os pobres e desempregados.

                Os exemplos do passado deveriam ser seguidos no presente. Mas não estão sendo...

     

    SER MÃE

                Hoje, o dia das Mães.

                Coelho Neto expressa o verdadeiro sentimento
    de “ser mãe”. E é com trechos da sua poesia, que homenageio
    a mãe potiguar. 

    Ser mãe é desdobrar fibra por fibra 
    o coração! Ser mãe é ter no alheio 
    lábio que suga, o pedestal do seio,
    onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.
    Ser mãe é ser um anjo que se libra 
    sobre um berço dormindo!  É ser anseio, 
    é ser temeridade, é ser receio, 
    é ser força que os males equilibra!
    Todo o bem que a mãe goza é bem do filho, 
    espelho em que se mira afortunada, 
    Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!
    Ser mãe é andar chorando num sorriso!  
    Ser mãe é ter um mundo e não ter nada! 
    Ser mãe é padecer num paraíso!

     

    Publicado em 14.05.2006 nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE


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