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Opinião

  • 15 de Julho de 2006

    ZIDANE: HERÓI OU VILÃO?

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               Zidane – o grande jogador francês – mesmo com o ombro direito machucado, continuou em campo, no jogo final da França contra a Itália. A cada jogada, a platéia o aplaudia delirantemente. De repente, o telão do estádio mostra a sua loucura repentina, ao dar uma cabeçada no adversário, que o agredira verbalmente. O italiano xingara a sua irmã. Poucos segundos foram suficientes para ser golpeada a imagem de um ídolo, ovacionado durante toda a Copa. Irrompeu a mais aguda vaia em um campo de futebol, iniciada pelos próprios franceses. O público testemunhou a agressão física. Mas, não ouviu a verbal. Nenhuma complacência. A turba irada confirmou aquela advertência de Chaplin: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”.

                A história mostra que foi sempre assim. São necessários anos para alguém formar uma boa imagem e conceito. E alguns segundos, apenas, para perdê-los. A memória coletiva julga instantaneamente. Cícero, quando atacado em Roma pelas costas, por Herênio e Popílio, estendeu corajosamente a cabeça e exclamou: “morro eu na Pátria que tantas vezes salvei?”.

                Cristo, no seu último julgamento, ouviu a multidão ensandecida responder a pergunta de Pilatos, se Ele deveria ser crucificado, ao lado de dois ladrões: “Mate-o. Não conhecemos outro rei, senão César”. Pilatos, pressionado pela opinião pública, lavou as mãos e disse: “sou inocente do sangue deste justo”.

                Não justifico, nem defendo a indisciplina de Zidane. Acho até que ele deverá ser punido pela atitude anti-esportiva. Porém, foi excessiva a sentença de rejeição, dada sumariamente pela platéia enfurecida. Ele teve uma carreira brilhante e muitas vitórias deu à França. Jogava contundido e dominado pela violenta emoção de uma final de Copa do Mundo. “Garrincha, chamado pelo cineasta Joaquim Pedro de Andrade de a “alegria do povo” (inspirado na Cantada 147 de Bach) revidou uma agressão na Copa de 62, após fazer dois gols contra o Chile. Foi expulso de campo”.

                O exemplo de Zidane demonstra o risco das condenações apressadas, sobretudo quando atingem aqueles, cujas atividades exigem exposição pública. As manipulações da opinião pública, apoiadas em símbolos, em meias verdades, fatos isolados ou atos impulsivos podem destruir, sem chance de recuperação, patrimônios de vida ou carreiras profissionais, construídas com sacrifícios e lutas.

                O século XXI terá o grande desafio de encontrar caminhos justos, que orientem os julgamentos coletivos, originários da comunicação social de massa. Tudo isto para que não se repitam no futebol – como em outras situações – aqueles comentários que ouvi na TV, quando o ídolo Zidane, em poucos segundos, sem ter sequer o direito de dar explicações do seu gesto de indisciplina, passou a ser exemplo de um marginal, travestido de jogador de futebol.

                 Afinal, Zinane seria herói ou vilão? Cabe uma boa reflexão, legal e humana, sobre o episódio, até porque a FIFA terminou dando-lhe o título de melhor jogador da Copa. A impunidade deve ser combatida. Porém, a injustiça é mais cruel do que a própria impunidade

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    1. O padre italiano Sabino Gentille, na última semana, desceu à tumba na pequena cidade de  Castel di Tora. A sua terra natal ésemelhante ao bairro de Mãe Luíza. Um morro, perto das estrelas, mais perto de Deus. Não apenas conheci o padre Sabino, fui seu amigo e admirador. Sincero. Afável. Duro no combate à injustiça social. Um idealista. Místico. Deixou o magistério para dedicar-se, de corpo e alma, à tarefa de reduzir as desigualdades sociais. A cidade de Natal sentirá falta do Padre Sabino. Ele merece todas as homenagens póstumas. Para o seu nome ficar gravado na cidade que tanto serviu.

    2. Faleceu também o advogado, escritor e humanista Marcos Cavalcanti Maranhão. Filho de Djalma Maranhão, ex-prefeito da cidade de Natal, deixa vasta obra histórica e intelectual. No Instituto Histórico e Geográfico, teve grande atuação. Fui seu contemporâneo. Testemunhei as marcas do trauma deixado pela violência sofrida por seu pai. Nunca demonstrava mágoa, ou vindita. Orgulhava-se do pai e preservava a sua memória. A minha geração empobrece com a morte de Marcos.

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    Referência turística
                Conheci a Pousada Costa Branca, localizada na praia de Ponta do Mel, em Areia Branca. É exemplo de competência da iniciativa privada, no setor de turismo do Estado. O Hotel possui nível internacional. Não faz nenhuma diferença de “resorts” no Caribe, ou em praias nativas do mundo. O ponto alto é o serviço: agradável, carinhoso e eficiente. Quem não conhece deve conhecer essa pousada. Vale a pena.

    Publicado em 16.07.2006 nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE.


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