Opinião
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03 de Junho de 2007
O ELEITOR E A REFORMA
“Antes tarde do que nunca”. Finalmente, a Câmara anuncia que começará a votar a reforma política. Esta é a principal de todas as reformas. Quando terminou em 31 de janeiro último a legislatura passada, a mídia apontava os males do Congresso que saía. Com menos de quatro meses, os recém eleitos são acusados de coisas piores e mais graves. Culpa de quem? Do atual sistema eleitoral brasileiro - perverso, hipócrita e ilegítimo.
A lei falha e a impunidade permitem o sucesso da mediocridade, dos ladinos, oportunistas e ambiciosos, que ocupam os espaços vazios. Aí surge a maior dificuldade à aprovação da reforma política. Eles, os beneficiários, diretos e indiretos desse sistema não aceitam reformar. Fecham-se como muralhas em panelinhas de favores “por baixo do pano”. Temem a inteligência e impedem o acesso do talentoso. Torna-se atual a conclusão de Erasmo de Roterdam, no seu “Elogio à loucura”, quando admitiu que uma pessoa precisa fingir-se de burra para vencer. Assim ocorre na política brasileira atual.
Tudo porque, o sistema eleitoral conduz à corrupção. É comum o candidato ouvir em campanha: “qual a sua proposta?”. Só que a proposta não é criatividade, competência, idéias sobre saúde, educação, segurança pública. A proposta é quanto oferece em dinheiro vivo. Todos sabem disto e nada se faz.
PENSO, LOGO DIGO...
O Brasil só mudará, se houver uma reforma política, eleitoral e partidária de vergonha. Em 2005 apresentei, como deputado federal, emenda constitucional que teria realizado a reforma. Os partidos nem deram atenção. A reforma necessária terá que instituir o financiamento público de campanha; a fiscalização dura e implacável do uso do poder político e econômico, com cassações sumárias de registro de candidatos; a realização de pesquisa pelos Partidos, para uso interno e nunca como “moeda eleitoral”; a democratização interna dos partidos para estimular a militância e os filiados terem voz e voto e não apenas as cúpulas. Se isto ocorrer, a “lista aprovada em Convenção” será o grande avanço, como ocorre em quase 100% das democracias no mundo. Se não ocorrer, os grupos dominantes serão ainda mais fortalecidos. A fidelidade partidária. A proibição de coligações em eleições proporcionais para evitar o comércio desonesto das legendas. A realização de eleições únicas – sem propostas arrivistas – e a redução do prazo de campanha para, no máximo, 45 dias, com proibição de reeleição. O uso da propaganda gratuita para debates de idéias e apresentação dos candidatos, ao invés do “show” caríssimo de marketing.
É bom lembrar ao cidadão irado com a operação navalha, mensaleiros, sanguessugas e similares, que a mudança da lei não será tudo. O sucesso da reforma dependerá do eleitor escolher e votar conscientemente. Aliás, o eleitor é mais importante do que a lei. Molière tinha razão, quando disse que “somos responsáveis não só pelo que fazemos, mas também pelo que deixamos de fazer”.
Reitor
O professor Ivonildo Rego assumiu, mais uma vez, a Reitoria da UFRN. Foi e será um grande dirigente da nossa Universidade.
Livro
Funciona até sábado a “IV Bienal Nacional do Livro de Natal”, no pavilhão Morton Mariz, no Centro de Convenções, com entrada gratuita. O evento tem a marca da competente coordenação do Dr. Salustiano Fagundes.
Centenário
A Academia Norte-Rio-Grandense de Letras prepara festividades para o dia 13 de julho, em comemoração ao centenário de nascimento do fundador da UFRN, professor Onofre Lopes da Silva. O escritor Diógenes da Cunha Lima lançará livro sob o título “Um homem seminal”.
Bom trabalho
A Dra. Lina Vieira deixa a Secretaria Estadual de Tributação e assume a superintendência da 4ª Região Fiscal da Receita Federal, sediada em Recife. O Governo perde uma auxiliar de alto nível e que deixa larga folha de serviços prestados.
Será mesmo assim?
Leitor que pede para preservar a identificação envia o seguinte e-mail à coluna: “a sua luta desde 2004, a favor de uma área de livre comércio no “Grande Natal” é desprezada pelo Governo e a maioria de políticos e entidades. Convença-se disto. Eles não desejam a oferta de mais de 30 mil empregos privados no RN, do dia pra noite. Muita gente seria empregada, sem precisar de política. Haveriam novas oportunidades para jovens empresários. Seriam valorizados o esforço e o talento pessoal. Muitos teriam independência para votar. Valeria exclusivamente a competência política e empresarial. Isto o tradicionalismo local não quer. Outra coisa: a ponte Newton Navarro pagou a eleição de 2006. Pelos questionamentos do MP qual a diferença daqui com a Guatama? O plano em marcha é a PPP e as concessões das melhores partes do aeroporto de São Gonçalo do Amarante pagarem a eleição de 2010. O que deu certo antes dará certo no futuro. Se for criada uma zona de livre comércio, desaparecerão a concorrência pública e a influência política. Isto eles não permitem, porque odeiam a livre concorrência de mercado...!!! A sua luta, Ney Lopes, é honesta e correta. Mas lembre-se, que no RN ser honesto e correto é um crime inafiançável! No Brasil atual não existe nenhum Estado tão “controlado” e amarrado a métodos tradicionais como o nosso. Infelizmente!”
OPINIÃO: Será mesmo assim? Creio que não. Sou otimista e ainda acredito no RN. Inclusive, no governo. A Governadora já afirmou que o novo aeroporto “é questão de Estado”. Continuarei gritando. Por falta de um grito se perde uma boiada... No final – caso seja derrotado – pelo menos um livro escreverei, contando toda essa história. E com fatos de arrepiar. Aliás, já comecei a escrever.
Publicado aos domingos nos jornais O POTI e GAZETA DO OESTE.
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