Brasília em Dia
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21 de Abril de 2013
A maturidade de Maduro
Nicolás Maduro foi proclamado presidente da Venezuela pelo Conselho Nacional Eleitoral do país. Por mais restrição que se faça ao estilo “Chávez”, a eleição se processou dentro de regras pré-estabelecidas, constatada por observadores internacionais.
Conheci e convivi com o presidente eleito Nicolás Maduro, então deputado venezuelano, à época em que presidi o Parlamento Latino Americano, com sede em São Paulo. Maduro participava ativamente dos trabalhos. Ao eleger-se presidente do Congresso da Venezuela promoveu sessão solene de homenagem aos dirigentes do Parlatino, a qual estive presente e agradeci.
Devo dizer que tenho boa impressão do seu estilo político. Sempre agia nos debates parlamentares latino-americanos como um diplomata, em busca do consenso. Era respeitado e admirado pelos colegas de outras nações. Foi o incentivador do voto direto para a eleição dos deputados que representam a Venezuela no Parlamento Latino Americano, transformando o seu país em pioneiro nessa conquista, ainda hoje vigente. Defendeu a integração latino-americana (“Comunidade Latino Americana de Nações”), de acordo com os princípios do artigo 4°, parágrafo único, da Constituição do Brasil.
As circunstâncias políticas da vitória do presidente Maduro exigirão dele a habilidade parlamentar que sempre revelou, em busca da governabilidade e estabilidade institucional do país. Sem macular a sua gratidão ao ex-presidente Chávez, certamente buscará o diálogo democrático, inclusive com os Estados Unidos e Europa. No período Hugo Chávez, os Estados Unidos foram o principal parceiro comercial do governo.
Como ministro das Relações Exteriores, o presidente Maduro adquiriu a indispensável visão global para perceber o desafio que enfrentará. A sua estratégia não deverá ser o rompante. Está em crise a maior riqueza nacional do país que é o petróleo, com a produção estagnada em pouco mais de três milhões de barris diários e os preços internacionais em queda. A inflação ameaça atingir 30% ao ano.
Com economia não se brinca. Dois com dois são quatro em qualquer lugar do mundo. O presidente Maduro sabe que José Kahan, recentemente nomeado por ele para a Comissão de Administração de Divisas, teve razão ao declarar à imprensa, que a situação econômica da Venezuela é preocupante, classificando-a literalmente de "um pântano" a ser atravessado.
Memória política é para ser usada e não arquivada no tempo. A Venezuela de hoje não se assemelha à de 1989. Todavia, há riscos de repetição do cenário econômico-social que obrigou o então presidente Andrés Perez, levado pelo aumento da inflação e o desabastecimento, a tomar medidas drásticas, que apressaram a revolução bolivariana de Chávez.
Outro ponto igualmente desafiador para o governo de Maduro é o endividamento do país, sobretudo em relação à China, que liberou o maior empréstimo bancário já concedido, no valor US$ 20,8 bilhões de dólares, comprometendo, por dez anos, em torno de 11% da produção diária de petróleo da Venezuela.
A previsão de quem conhece o presidente Maduro é de que ele exercite na presidência os dons de diplomata, demonstrados como parlamentar e ministro das relações exteriores. Presidirá um país de rica tradição e compromisso democrático, ao longo da história. De agora por diante, mesmo seguindo os princípios socialistas, espera-se que repita em suas ações, a prudência dos líderes chilenos, uruguaios e do próprio Lula no Brasil, que se declararam “anticonservadores”, porém abriram as portas ao diálogo, fizeram alianças e rejeitaram o sectarismo.
Assim procedendo, Maduro demonstrará a “maturidade política” necessária para superar divergências e buscar convergências. O desafio alcança igualmente a oposição venezuelana, que não pode apostar “no quanto pior melhor”. O caminho natural seria um “pacto de governabilidade”, que seguisse a mesma lição do discurso de Angostura de Simón Bolívar, quando conclamou a “Patria grande”.
Em 2013, Maduro e opositores poderão conclamar e construir, o pacto por uma “Venezuela Grande”.
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