Brasília em Dia
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13 de Janeiro de 2013
Os desafios de 2013
Ano novo e novos sonhos. Muita confiança, apesar das dificuldades à frente.
Nos Estados Unidos, a perspectiva é de avanços. Na Europa, continua o espectro da recessão crônica. Em momento de crise, observa-se no mundo inteiro o conflito de doutrinas e ideologias. Não há mais como usar rótulos mágicos de “esquerda” ou “direita”. Os modelos de uns e de outros têm fracassado. Outros cenários econômicos, sociais e políticos estão em marcha. Nos Estados Unidos e Inglaterra, por exemplo, os liberais são chamados de esquerdistas, por defenderem mudanças socioeconômicas.
Ousado afirmar, porém é inevitável reconhecer, que a própria democracia, entendida como formas concretas de ação dos poderes, passa por reformulações. O princípio e o conteúdo da liberdade humana não mudam. Porém, a forma de exercitá-los impõe reflexões e avanços.
Bill Gates vaticinou, que na presente década, os negócios irão mudar mais do que mudaram nos últimos 50 anos. Os fatos confirmam a previsão, não apenas em relação aos negócios, mas também a todos os ramos do conhecimento humano.
O avanço tecnológico traz desafios, como no caso do uso da Internet, confrontado com os riscos à segurança do cidadão e a liberdade de comunicação. O exemplo maior é a organização internacional “WikiLeaks”, do australiano Julian Assange, que divulga na internet desde 2006, informações de documentos oficiais vazados de grandes empresas e governos. A sua política editorial prioriza a divulgação de fatos do interesse ético, político, diplomático e histórico. A organização usa técnicas idênticas ao jornalismo investigativo, aliadas às modernas tecnologias de comunicação.
Em 2007, o site “WikiLeaks” armazenava quase 1,5 milhão de documentos, entre eles de dissidentes chineses e colaboradores europeus e de países como EUA, Austrália, Taiwan e África do Sul. Em 2008, chegou a ganhar oficialmente o prêmio da Anistia Internacional e da revista “The Economist” pela denúncia de execuções sumárias no Quênia.
Nem o Pentágono, com todo o seu poder, consegue ocultar o WikiLeaks. A Casa Branca reviu todos os seus sistemas de comunicação para impedir a fuga de notícias reservadas. Mesmo assim, o sistema como um todo permanece vulnerável.
Como já observado anteriormente neste espaço, a nitroglicerina do “WikiLeaks” atingiu os governos brasileiro e francês. O “Le Monde” publicou telegrama confidencial, que anunciava a intenção dos presidentes Lula e Sarkozy de promoverem ampla remodelação da ordem global. A revelação envolvia a parceria estratégica entre França e Brasil e os bastidores das negociações para a compra dos caças Rafale, ainda não concluída. Alguns dos documentos divulgados deixaram claro que Sarkozy usava o status de celebridade da esposa e criava junto às autoridades brasileiras, o mito de que a França seria o parceiro perfeito para os países que não querem depender economicamente da tecnologia americana.
Assange foi acusado de terrorista e criminoso pela secretária de Estado americana, Hillary Clinton. O debate internacional centraliza-se na prevalência ou não, em tais casos, do princípio da liberdade de imprensa e da segurança do cidadão. A divulgação dos nomes de informantes afegãos à CIA provocou represálias e vinganças dos talibãs. Difícil responder se a liberdade no seu conceito amplo deveria prevalecer.
Em dezembro passado, o juiz britânico Brian Leveson pronunciou-se acerca do efeito nocivo, provocado por reportagens do tabloide “News of the World”, controlado pelo magnata da comunicação, Roberth Murdoch. As notícias tiveram origem em escutas telefônicas ilegais, através do uso de tecnologias avançadas da comunicação. O escândalo atingiu até a Scotland Yard, famosa polícia britânica.
2013 se prenuncia como o ano da discussão internacional sobre temas não apenas econômicos, mas também outros como o a “liberdade de expressão” e a segurança do cidadão. Persiste a pergunta, se a liberdade de expressão deverá ter limites ou não. Um tema complexo!
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