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Brasília em Dia

  • 16 de Novembro de 2012

    Que Deus ajude Obama!

     2012-11-16-emdia

    Nos Estados Unidos, as reeleições presidenciais, regra geral, alcançaram índices mais expressivos do que as eleições originárias. Os democratas somam nove renovações de mandatos e os republicanos oito. Nos períodos de crise econômica, as reeleições foram dificultadas, a exemplo de John Adams, Jimmy Carter e George Bush, que não conseguiram o segundo mandato. Na derrota de George Bush, o democrata Clinton empunhou a bandeira da recuperação econômica.

    Roosevelt foi exceção, mesmo com o pesado ônus de não ter superado a “Grande Depressão”, que assolou o país. Em tal situação, conseguiu a reeleição três vezes.

    O presidente Obama é também uma exceção à regra, embora em 2008 tenha atingido 52,9% dos votos e em 2012 o percentual de 51%. Em 2008 elegeu 365 delegados, contra 332 delegados em 2012. Sendo o primeiro presidente negro dos EUA, repete os seus dois antecessores, George W. Bush (2001-2009) e Bill Clinton (1993-2001). Torna-se o 20º presidente americano.

    A verdade é que Obama driblou a crise e ganhou a eleição, segundo a manchete da Folha. Percebe-se que a sua maior dificuldade para permanecer na Casa Branca foi ter prometido em demasia na eleição de 2008. Ele despertou nos Estados Unidos confiança e esperança no futuro, através de mudanças profundas na estrutura de Washington, o que não aconteceu. Todavia, Obama tentou, diante de um quadro caótico da economia global, que a todos tomou de surpresa. Aí está o seu mérito e a razão principal da renovação do voto de confiança que o povo lhe deu. De agora por diante, o maior desafio será garantir a sustentação da economia, em meio ao ambiente hostil de polarização partidária, que divide o país ao meio.

    O carisma de Obama, semelhante ao de Kennedy, não justifica por si só o sucesso nas urnas. Os americanos votaram em função de princípios. Ficou nítida a distinção entre conservadores e liberais sociais. Os primeiros, resistentes às mudanças e pregando que o sucesso na vida depende de cada um, de méritos próprios e que o estado deve se manter à distância, como espectador privilegiado.

    Os democratas encarnam ideias dos verdadeiros liberais sociais, que cultuam a liberdade, mas não afastam o estado da proteção direta aos deserdados e carentes. Obama foi beneficiado pela sua ousada reforma da saúde e a ação eficaz, por exemplo, na recuperação da indústria automobilística, salvando empregos e em pleno processo eleitoral mostrando resultados positivos no combate ao desemprego. Curiosamente, uma catástrofe – a tempestade Sandy – o favoreceu pela rapidez e firmeza na assistência aos desabrigados e na reconstrução das áreas atingidas. O fato lhe valeu até o apoio do republicano e prefeito de Nova York, Michael Bloomberg.

    As urnas consolidaram a profunda divisão no Congresso, com os democratas controlando o Senado e os republicanos liderando a Câmara. Nesse contexto legislativo, Obama terá pela frente decisões inadiáveis sobre os rumos futuros dos Estados Unidos em questões de gastos públicos, saúde, o papel do Estado e os desafios da política externa, como a ascensão da China e as ambições nucleares do Irã.

    Detalhe importante sobre a democracia americana é que as decisões econômicas em relação ao mundo passam pelo crivo do Congresso. No Brasil, o executivo faz o “que quer” em matéria de política externa. O nosso Congresso se assemelha a um “boneco”, que apenas referenda o que o governo decide. Não opina absolutamente nada. Esse um ponto falho da democracia brasileira, que precisaria ser enfrentado, mesmo diante do atuante “corporativismo”, que afasta o Congresso brasileiro da discussão e aprovação de assuntos vinculados às relações internacionais.

    Em conclusão, a vitória de Obama foi melhor para o Brasil e para o mundo. O seu conceito de liberdade é mais compatível com o século XXI, onde as desigualdades sociais terão que ser superadas, através da igualdade de oportunidades. A fé mundial é que Obama trabalhe nesta direção.

    Que Deus o ajude!

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