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Opinião

  • 22 de Julho de 2012

    Pessoas e fatos da época de Dom Eugenio

    2012-07-22-opiniao

     

    Numa tertúlia com Jardelino Lucena lembramos pessoas e fatos da época em que integrávamos a equipe do então bispo de Natal, D. Eugenio Sales, recentemente falecido. No ano de 1959, o presidente Juscelino Kubitschek tomou conhecimento do trabalho social de D. Eugenio e exaltou as ações por ele lideradas. O SAR (Serviço de Assistência Rural) era a âncora do “movimento de Natal”, considerada a experiência pastoral de maior extensão e profundidade já realizada no Brasil. Lá se misturavam sacerdotes e leigos, mobilizados pela busca da justiça social. O SAR congregava o jornal A Ordem, a Emissora de Educação Rural (MEB), setores de conscientização e educação: migração; comunidades eclesiais de base (CEBs); paróquias confiadas a religiosas (as “irmãs Vigárias”, experiências implantadas em São Gonçalo do Amarante e Taipu); centros sociais e clubes; treinamento de líderes; ensino médio; politização; cooperativismo; sindicalismo rural; colonização; artesanato, saúde e outras áreas. A Campanha da Fraternidade, inspirada no Concílio Ecumênico Vaticano II, foi uma iniciativa do SAR, no ano de 1962. Em 1964 era repórter do jornal “A Ordem”, quando a CNBB levou a campanha para todo o país e o jornal estampou em manchete de primeira página: “Campanha da Fraternidade realiza-se, este ano, em todo o Brasil”. Tudo começara na cidade de Nísia Floresta, com visitas fraternas durante a Semana Santa, às comunidades pobres, doações de alimentos e utensílios domésticos.

    Nos anos sessenta, brasileiros e estrangeiros seguiam no “movimento de Natal” as orientações do “padre de Acari”, como D. Eugenio gostava de ser chamado. Atuavam em diferentes setores, dentre outros, os leigos professor Otto de Brito Guerra, Dr. Hélio Galvão, Dr. João Wilson, Ulysses de Góis, Felipe Neri de Andrade, Artur Vilar, Marco Antonio Rocha, Renira Lucena, Dermy Azevedo, Marco Aurélio de Sá, Marcos Guerra, Luiz Sávio de Almeida (alagoano que veio morar em Natal), o português perseguido pela ditadura salazarista Manuel Carlos Chaparro, Otomar Lopes Cardoso, Safira Bezerra, Julieta Calazans, Enélio Petrovich, Jurandir Navarro, Edson Lucena, José Rodrigues Sobrinho (presidente da primeira Federação de Trabalhadores Rurais do RN), José Martins, Maria Bezerra, José Bezerra Marinho, Terezinha Vilar, Artur Vilar, Alberico Leandro, Teixeira Rocha, Inês Guerra, Lurdinha Guerra, Marta Guerra, Ana Maria, Fátima e Ângela Guerra, Maria José Peixoto, sociólogo e professor holandês Eurico Van Roosmalen, Emanuel Pereira (atual ministro do TST), Ivan Sérgio Freire, Tarcísio Monte, Francisco Assis Barboza, Guilherme Delgado, Leonila (Leó), Socorro Freire, José Eduardo, Conceição Moura, Célia e Clélia Vale, Lurdes e Lucia Santos, Joaquim Eloi Ferreira, Arlindo Freire, Assis Câmara, Salete Bernardo, João Faustino, Mariano (o eficiente chefe da gráfica que editava “A Ordem”), Gloria e Margarida (artesanato). Entre sacerdotes, freiras e seminaristas da época lá estavam D. Costa, D. Nivaldo Monte, D. Jaime (atual bispo da Arquidiocese de Natal), D. Matias (era sacerdote em Nova Cruz), D. Alair Vilar, D. Heitor Sales, Monsenhores Barros, Lucena, Eymard, Vicente, Agnelo Barreto, Lucas, Expedito e Severino, padres Lucílio, Manuel Barboza, Itamar de Souza, Raimundo Brasil, Monteiro, Penha, José Luiz, José Galvão, Vilela, Pio, Moacir, Tiago, Teixeira, Hudson, Armando, Pinto, João Perestrello (trabalho social em Mãe Luiza), Sátiro Cavalcanti Dantas e Américo Simonetti (Mossoró), Otto Sales, os irmãos Assis e Tarcísio, irmãs Lucia Montenegro e Clemis (Colégio das Neves) e tantos outros.

    Como disse ao DN o jornalista Manuel Chaparro, D. Eugenio era um homem de convicções. Na revolução de 1964, convidado para celebrar a missa do exército, não aceitou, por discordar das prisões e métodos dos militares. Lembro que, em abril de 1964, recebi convocação de Zeca Passos e Iberê Ferreira, então acadêmicos em Natal, para ser o orador oficial de uma solenidade comemorativa da revolução de 64, em frente ao Quartel General em Natal. Recusei o convite. D. Eugenio soube do fato e afirmou que agira corretamente. Por tais razões é injusto taxá-lo de conservador. Ele sempre foi um revolucionário. A diferença é que pregava a revolução social com origem nas encíclicas papais. Era o Pastor de Deus, a serviço de um mundo mais justo e humano.

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    Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
    de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE

     


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