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Opinião

  • 25 de Dezembro de 2011

    “Natal em Natal”, um espetáculo para o mundo

    20111225_opiniao

     

    O tempo passa tão rápido, que já é Natal de novo. As comemorações típicas da época conduzem a reflexões humanas. Imagino o drama de quem enxerga as próprias mãos inúteis, por não ter como usá-las num emprego honrado e fica impedido de ajudar a família sobreviver com dignidade. Imagino como é difícil acreditar, diante de tantas decepções. Imagino como é difícil construir os caminhos do amanhã, em face das incertezas de hoje. Alguns indagam a si próprios, se vale a pena ainda ter fé. Crer que os filhos e netos poderão chegar ao final da estrada da vida, sem sangrarem os pés com as marcas da desilusão, da perfídia, da injustiça, do ódio, que levam aos conflitos.
    Talvez, a resposta esteja no exemplo do aniversariante de 25 de dezembro. Ele nasceu numa estrebaria, onde se colocava comida para os animais. Poderia ter nascido num palácio. Preferiu assemelhar-se ao desalento dos sofridos. Tornou-se adulto, deixou sementes e lições. Ao final, imolou-se numa Cruz para salvar a Humanidade.


    Na festa da confraternização cristã olhamos para trás e enxergamos sofrimentos, sorrisos, lágrimas. No balanço geral, a força e a fé em Deus permitiram superá-los. Percebemos que o coração pulsa no mesmo compasso. O humanismo não morreu. Sentimos as emoções causadas pelos longos invernos da vida, causados pela flecha venenosa da ingratidão, deslealdade e da perfídia. Apesar de tudo, vale a pena crer no futuro, nos ideais, nas metas a atingir e no novo sol a nascer. O espírito natalino assegura que a maldade jamais vencerá. Ela tenta ferir, porém cedo ou tarde se torna vítima de suas próprias contradições e inconseqüências.


    Neste clima natalino, considero privilégio viver numa cidade chamada Natal, símbolo do nascimento de Cristo, fundada em 25 de dezembro de 1599 por Jerônimo de Albuquerque, primeiro capitão-mor do Rio Grande do Norte.  A cidade nasceu com a celebração de uma missa pelo Padre Gaspar de Sampéres, em capelinha primitiva feita de taipa e coberta de palha, cenário muito semelhante à manjedoura de Belém. Além da nossa, mais duas cidades têm esse nome no mundo. A Natal da Indonésia está na província de Sumatra e é conhecida pela indústria de lapidação de ouro. Na África do Sul outra Natal, assim denominada em razão de, em 25 de dezembro de 1497, o navegador português Vasco da Gama ter identificado no seu litoral o caminho de volta às Índias.
    Sempre fui – e serei – inconformado com o fato da “Natal brasileira” não ser um centro de comemoração natalina para atrair turistas de todo o hemisfério sul, pela sua posição geográfica privilegiada, em relação à Europa, África, Caribe e Estados Unidos. A proposta seria instalar presépio multicor, com luzes e recursos eletrônicos de alta tecnologia, na parte superior do Forte dos Reis Magos, transformado em palco de shows, espetáculos rítmicos e pirotécnicos ímpares. Não há melhor cenário para simbolizar a luminosidade daquela estrela que orientou os três reis magos do Oriente até Belém na Judéia. O intelectual e desembargador Dr. Manoel Onofre Jr considera o nosso Forte verdadeira relíquia nacional e recomenda que os natalenses devam visitá-lo periodicamente, como os muçulmanos vão à Meca.


    Enquanto isto, a cidade de Gramados (RGS) tomou o lugar de Natal, RN e mesmo sem dispor de condições naturais já é a maior atração natalina brasileira. Tudo pela nossa total e absoluta falta de criatividade e ação administrativa eficaz, mesmo considerando que a iniciativa não exigiria grande soma de recursos públicos, pois despertaria naturalmente o interesse privado, nacional e internacional.
    Só nos resta sonhar que no futuro algum administrador se convença, de que a cidade de Natal poderá montar o “Natal em Natal”, um espetáculo para ser visto pelo mundo. Ainda há tempo. Aliás, pouco tempo...
    Feliz Natal leitor!

    Leia também "o blog do Ney Lopes":
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    Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
    de direito constitucional e ex-deputado federal.

    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte


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