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Opinião

  • 24 de Julho de 2011

    O Brasil e o caldeirão da economia mundial

    20110724_opiniao

     

    Ao contrário dos dois mandatos do presidente Lula, a economia global atravessa um período de grandes riscos. O mundo está numa “gangorra”. Não se sabe para qual lado penderão as economias da União Européia, dos Estados Unidos e países do BRIC, dentre eles o Brasil e até a China. Poderão oscilar para a estabilidade, ou a recessão.

    Com a Grécia na UTI, a Comunidade Européia, na última quarta, decidiu ajudar o país, de novo. A alternativa era sair desembolsar mais dinheiro, ou “quebrar de vez”. Os líderes europeus definiram, que o setor privado vai aportar em termos líquidos 37 bilhões de euros em um segundo pacote de ajuda a Grécia, por meio de uma variedade de medidas, incluindo programa de recompra de dívida. Todos irão perder dinheiro, inclusive os bancos.O financiamento oficial total para o segundo pacote de resgate à Grécia somará cerca de 109 bilhões de euros. Enquanto isto, Espanha e Itália estão na “fila” do colapso econômico iminente.

    Se a crise econômica da zona do euro irradiar para suas economias mais fortes – Itália, Alemanha e França – várias regiões do mundo, inclusive o Brasil, sentirão um impacto praticamente igual a crise americana de setembro de 2008. A conclusão é do Fundo Monetário Internacional, que analisou os efeitos globais, caso a atual crise atinja alguns dos grandes bancos europeus, como o belga Dexia, o alemão Deutsche Bank, o francês BNP Paribas ou o holandês ING. Os técnicos do FMI fizeram dois cenários básicos para examinar o impacto sobre o crescimento econômico – o de “tremor” e o de “terremoto”. No de “tremor”, em que a crise ficaria restrita a Grécia, Irlanda e Espanha, os choques no crédito bancário e na demanda doméstica equivaleriam “à metade dos experimentados durante a crise do Lehman”. No cenário de “terremoto”, a diferença é um contágio maior e o crédito bancário levaria uma pancada semelhante ao da bancarrota do Lehman, nos Estados Unidos em 2008.

    Nos Estados Unidos, seguem os debates entre democratas e republicanos para a elevação do teto de endividamento. Se o acordo político não for feito até 2 de agosto, o país ficará sem dinheiro para pagar as suas dívidas. Isso se chama “calote”, que os americanos criticam tanto nas relações com a América Latina.

    No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros para conter a inflação e atrair aplicações em moeda estrangeira. O aumento foi de 0,25 pontos, para 12,50% ao ano. Aliás, em todas as cinco reuniões do Copom no governo Dilma, o Banco Central subiu juros. Os analistas admitem que os aumentos continuem, com o BC atingindo a meta de 4.5% em 2012. O último IPCA-15 mostrou que a inflação está em alta (6.75%). A conjuntura da economia nacional é preocupante. Ninguém duvide. Um fenômeno que se observa é que as famílias brasileiras estão super endividadas, em função das facilidades de empréstimos consignados, iniciados no governo Lula. A inflação pode ser combatida com juros, porém há o risco de aumento da inadimplência.

    Pesquisa da Fecomercio/SP mostrou que o valor médio das dívidas familiares cresceu 17%. A cidade de Natal bateu recorde, subindo de 31% para 39% a parcela da renda destinada ao pagamento das dívidas. O percentual é alarmante. O limite aceitável seria em torno de 25% da renda familiar para saldar débitos. A luz vermelha já está piscando e pode ser acesa a qualquer momento. O Banco Central terá que puxar o “freio de mão” e fazer um ajuste em breve entre a inadimplência e a inflação prevista.

    No mundo globalizado não há como deixar de ter o “olho aberto”. Inegavelmente o Brasil está dentro do “caldeirão fervente” da crise economica mundial. A nossa economia é artificial. Depende do dinheiro externo, que financia a dívida interna, em troca de remunerações diárias altíssimas. Se faltarem euros e dólares para investimentos especulativos, o Brasil balançará e muito. A dívida interna encerrou junho com um aumento de 3.39% e o total acumulado de R$ 1.805 trilhão de reais. Só resta ao país rezar, fazer o dever de casa e cortar despesas públicas.

    Leia também "o blog do Ney Lopes": 
    www.blogdoneylopes.com.br

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    • Ney Lopes – Jornalista; advogado, professor
      de direito constitucional e ex-deputado federal.
    Publicado aos domingos nos jornais
    DIÁRIO DE NATAL e GAZETA DO OESTE
    Natal e Mossoró - Rio Grande do Norte

    Ao contrário dos dois mandatos do presidente Lula, a economia global atravessa um período de grandes riscos. O mundo está numa “gangorra”. Não se sabe para qual lado penderão as economias da União Européia, dos Estados Unidos e países do BRIC, dentre eles o Brasil e até a China. Poderão oscilar para a  estabilidade, ou a recessão.

     Com a Grécia na UTI, a Comunidade Européia, na última quarta, decidiu ajudar o país, de novo. A alternativa era sair desembolsar mais dinheiro, ou “quebrar de vez”. Os líderes europeus definiram, que o setor privado vai aportar em termos líquidos 37 bilhões de euros em um segundo pacote de ajuda a Grécia, por meio de uma variedade de medidas, incluindo programa de recompra de dívida. Todos irão perder dinheiro, inclusive os bancos.O financiamento oficial total para o segundo pacote de resgate à Grécia somará cerca de 109 bilhões de euros. Enquanto isto, Espanha e Itália estão na “fila” do colapso econômico iminente.

    Se a crise econômica da zona do euro irradiar para suas economias mais fortes – Itália, Alemanha e França – várias regiões do mundo, inclusive o Brasil, sentirão um impacto praticamente igual a crise americana de setembro de 2008. A conclusão é do Fundo Monetário Internacional, que analisou os efeitos globais, caso a atual crise atinja alguns dos grandes bancos europeus, como o belga Dexia, o alemão Deutsche Bank, o francês BNP Paribas ou o holandês ING. Os técnicos do FMI fizeram dois cenários básicos para examinar o impacto sobre o crescimento econômico – o de “tremor” e o de “terremoto”. No de “tremor”, em que a crise ficaria restrita a Grécia, Irlanda e Espanha, os choques no crédito bancário e na demanda doméstica equivaleriam “à metade dos experimentados durante a crise do Lehman”. No cenário de “terremoto”, a diferença é um contágio maior e o crédito bancário levaria uma pancada semelhante ao da bancarrota do Lehman, nos Estados Unidos em 2008.

     Nos Estados Unidos, seguem os debates entre democratas e republicanos para a elevação do teto de endividamento. Se o acordo político não for feito até 2 de agosto, o país ficará sem dinheiro para pagar as suas dívidas. Isso se chama “calote”, que os americanos criticam tanto nas relações com a América Latina. 

    No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa básica de juros para conter a inflação e atrair aplicações em moeda estrangeira. O aumento foi de 0,25 pontos, para 12,50% ao ano.  Aliás, em todas as cinco reuniões do Copom no governo Dilma, o Banco Central subiu juros. Os analistas admitem que os aumentos continuem, com o BC atingindo a meta de 4.5% em 2012.  O último IPCA-15 mostrou que a inflação está em alta (6.75%). A conjuntura da economia nacional é preocupante. Ninguém duvide. Um fenômeno que se observa é que as famílias brasileiras estão super endividadas, em função das facilidades de empréstimos consignados, iniciados no governo Lula. A inflação pode ser combatida com juros, porém há o risco de aumento da inadimplência.

    Pesquisa da Fecomercio/SP mostrou que o valor médio das dívidas familiares cresceu 17%. A cidade de Natal bateu recorde, subindo de 31% para 39% a parcela da renda destinada ao pagamento das dívidas. O percentual é alarmante. O limite aceitável seria em torno de 25% da renda familiar para saldar débitos. A luz vermelha já está piscando e pode ser acesa a qualquer momento. O Banco Central terá que puxar o “freio de mão” e fazer um ajuste em breve entre a inadimplência e a inflação prevista.

    No mundo globalizado não há como deixar de ter o “olho aberto”. Inegavelmente o Brasil está dentro do “caldeirão fervente” da crise economica mundial. A nossa economia é artificial. Depende do dinheiro externo, que financia a dívida interna, em troca de remunerações diárias altíssimas. Se faltarem euros e dólares para investimentos especulativos, o Brasil balançará e muito. Só resta ao país rezar, fazer o dever de casa e cortar despesas públicas.


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